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Enfim uma Copa que lembra a era romântica do futebol

Gols fartos, poucos empates, vitórias suadas — o que mais pedir do futebol?

Publicado por: Sérgio Rodrigues em 20/06/2014 às 01:00 - Atualizado em 06/10/2021 às 17:43
Enfim uma Copa que lembra a era romântica do futebol
ARTILHARIA PESADA – Van Persie (à esquerda) voou para acertar uma cabeçada magistral no gol que abriu caminho para o massacre imposto pela Holanda à Espanha; Müller (à direita) fez três na estreia da poderosa Alemanha contra Portugal

Antes do encerramento da primeira rodada da Copa do Mundo já corria entre os amantes de futebol, presentes ou não no Brasil, o burburinho de que nunca houve um Mundial tão bom quanto este. É cedo para um juízo definitivo, mas o que se viu até agora justifica o entusiasmo. Para quem confia sobretudo na concretude das estatísticas, o fim do capítulo da primeira rodada, na terça-­feira 17, apresentava algumas impressionantes: a média de três gols por partida nos dezesseis primeiros confrontos era a maior desde o Mundial de 1958, quando Pelé tinha 17 anos e o Brasil foi campeão pela primeira vez; o número de empates, apenas dois, foi o menor desde 1954; e a quantidade de “viradas”, seis, superou a da Copa de 1970, quando por cinco vezes a equipe que começou o jogo perdendo conseguiu sair vencedora. Gols fartos, poucos empates, vitórias suadas – o que mais pedir do futebol?

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Muito mais, naturalmente, e aí entramos num jogo cujo resultado os números não traduzem tão bem, mas a sensibilidade do torcedor registra infalivelmente. Uma Copa inesquecível precisa de gols bonitos, mais que bonitos, obras-primas da arte de mandar a bola para a rede – como aquele de cabeça de Van Persie, o primeiro dos cinco que a Holanda meteu na Espanha. Precisa de goleadores como o alemão Müller, que marcou três vezes já na estreia. É bom que haja surpresas também, quesito no qual, além da goleada inclemente sofrida pela Espanha em seu primeiro jogo, a derrota do Uruguai diante da Costa Rica teve brilho intenso. Como nada disso ocorre por diletantismo, mas é para valer, também ajuda na receita de um grande Mundial que algum sangue metafórico seja logo derramado, como se viu na eliminação da Espanha pelo Chile no Maracanã – a primeira vez na história em que os detentores do título caíram em sua segunda partida.

NA REDE - Neymar em lance de Brasil 0 x 0 México; o craque marcou duas vezes contra a Croácia, mas a seleção, que depende muito dele, ainda não fez até aqui uma exibição de gala
NA REDE – Neymar em lance de Brasil 0 x 0 México; o craque marcou duas vezes contra a Croácia, mas a seleção, que depende muito dele, ainda não fez até aqui uma exibição de gala VEJA

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A toda essa atividade é preciso acrescentar a moldura de torcedores quase sempre pacíficos, mas – numa competição na qual os brasileiros ocupam posição curiosamente discreta – empolgados e ruidosos. Em cenário tão positivo, até aquilo que a Copa ainda não mostrou contribui para engordar suas promessas: embora Neymar já tenha marcado dois gols, uma atuação convincente dos donos da casa é o item mais precioso desse estoque potencial. Mesmo com o Brasil jogando pouca bola, porém, uma semana desta apaixonante Copa do Mundo foi mais que suficiente para vencer o mau humor inicial do público brasileiro com o evento. Apesar de todos os erros cometidos na preparação, o Mundial do Brasil já é um sucesso.

Cabe a pergunta: por quê? A resposta não deve ser buscada na esfera política, que, inevitavelmente envolvida num torneio esportivo dessa dimensão, passa longe do seu centro de interesse. A explicação mora sobretudo dentro de campo, mas não é cristalina. Cultores de esquemas táticos começam a dizer que a Copa de 2014 entrará para a história como aquela que marca a transição da hegemonia do futebol baseado na posse de bola – corporificado pela desditosa seleção espanhola, que trouxe ao Brasil uma cópia pálida de si mesma – para o reinado das equipes que propõem um jogo de contra-ataques rápidos e letais, simbolizado pelo lépido atacante holandês Robben. Nesse entrechoque de estilos opostos estaria a explicação para a vulnerabilidade defensiva da velha escola e para o grande número de gols marcados nos campos brasileiros.

Seja como for, nenhuma tese estará completa se não levar em conta um fator ao mesmo tempo óbvio e imponderável: tudo isso se passa no país que tem a seleção mais vitoriosa da história e que, para além do clichê, trata o futebol como paixão e esteio de uma certa identidade nacional. Só aqueles que o cronista Nelson Rodrigues chamava de “idiotas da objetividade” negariam que tal ambiente acaba por influenciar os jogadores, na forma de uma motivação adicional. Na quarta-feira 18, o jornalista Barney Ronay escreveu no diário inglês The Guardian que “as coisas parecem diferentes no Brasil. Elas parecem brasileiras: a grama, a luz, a sensação de estar num país realmente vasto, de longe a maior das nações futebolísticas”. Talvez não seja só poesia. Segundo Pelé, toda a equipe brasileira estava especialmente determinada a vencer a Copa de 1966 porque ela se realizava na Inglaterra, país natal do jogo. Deu tudo errado, como se sabe, mas a revelação ajuda a entender o que podem estar sentindo os atletas de todo o mundo no “país do futebol”.

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