Meio-campista do Corinthians contou ter sido chamado de “macaco”, mas preferiu não prestar queixa contra Cristian González, do Danubio
O volante Elias, do Corinthians, decidiu não registrar queixa por racismo na polícia contra o zagueiro do Danubio, Cristian González. Após o jogo, ele acusou o adversário de tê-lo chamado de “macaco” durante a goleada corintiana no Itaquerão.
“Nós conversamos e resolvemos não fazer nada na polícia. O Elias achou por bem deixar como está. Isso fica dentro do campo, mas lamentamos a atitude de um jogador que disputa um torneio tão importante. Temos que ter dó de uma pessoa assim, González tem que estar chorando”, afirmou o presidente do clube, Roberto de Andrade.
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O chefe do departamento de segurança do Corinthians, Waldir Dutra, foi o responsável por levar a reclamação do clube à arbitragem depois da vitória por 4 a 0 em Itaquera. “Ele só queria dar ciência às autoridades da partida e assim o fiz. Fui ao delegado da partida e falei que o número 17 do Danubio tinha xingado [o Elias] de macaco”, afirmou.
O funcionário explicou que o representante da Conmebol alegou que precisaria saber qual foi o contexto do episódio. “O árbitro disse que não poderia colocar na súmula porque não viu”, completou Dutra. A confusão aconteceu no primeiro tempo, pouco antes do primeiro gol, de Jadson. Elias preferiu não dar entrevistas, mas vários companheiros saíram em sua defesa. “Nós falamos toda hora que não é legal, que é desnecessário, mas ainda fazem. Poderiam usar as imagens para poder identificar os responsáveis e punir o atleta, o clube. Isso já não cabe mais no futebol”, afirmou o atacante Emerson Sheik.
“É lamentável acontecer isso. Conseguimos dar a resposta correta, dentro de campo, e ganhar a partida. As punições teêm de ser mais severas. O Elias é um cara que deve ser parabenizado, maduro, de seleção. Se fosse outro jogador, poderia agredir o adversário. Depois, quem foi ofendido acaba sendo o culpado”, afirmou o goleiro Cássio.
Histórico – Manifestações racistas de atletas e torcedores se tornaram comuns nos últimos anos, tanto na América do Sul quanto na Europa. No Brasil, os casos mais recordados são os do atacante Grafite – o argentino Leandro Desábato, então no Quilmes, chegou a ser detido por dois dias por chamar o atacante do São Paulo de “macaco”, na Libertadores de 2005 -, do volante Tinga e do goleiro Aranha. Recentemente, o presidente da Fifa Joseph Blatter disse que pretende punir equipes com perda de pontos e rebaixamentos em casos de injúria racial.
(Com Gazeta Press)