Hugo Calderano, jovem promessa do esporte, conquista sua segunda medalha de ouro – modalidade sai do Pan com sete medalhas
Companheiros de treinos na Alemanha, o carioca Hugo Calderano e o paulista Gustavo Tsuboi passaram por uma situação inusitada: os atletas duelaram neste sábado pela medalha de ouro do torneio individual dos Jogos Pan-Americanos. Mais do que isso, quem vencesse a partida garantiria um assento na Olimpíada do Rio de Janeiro. Melhor para Hugo, de 19 anos e número 76 do mundo, que venceu Gustavo por 4 sets a 3 (parciais de 11/6, 6/11, 4/11, 11/7, 13/11, 9/11 e 11/2).
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Com o resultado, o Brasil quebrou um jejum de 20 anos de ouro no individual do tênis de mesa do Pan, voltando a um lugar que desde Hugo Hoyama, em 1995, ninguém frequentava. Outro tabu que foi quebrado é que pela primeira vez desde então um atleta que não é chinês naturalizado vence na modalidade. “Isso me faz sentir mais feliz ainda. Foram dois ouros em meu primeiro Pan e a sensação é incrível”, comemorou o “ocidental” Calderano, que também ajudou o Brasil a vencer por equipes.
Cada país tem direito a até dois atletas na disputa de simples nos Jogos do Rio. Ao vencer o Pan, Hugo assegurou uma dessas credenciais antecipadamente. A outra agora será disputada por Gustavo Tsuboi, Thiago Monteiro e Cazuo Matsumoto. Dos dois que sobrarem, um deverá ser convocado para jogar a Olimpíada só por equipes. O bronze ficou com Thiago Monteiro, que caiu na semifinal para o medalhista de prata Tsuboi.
O Brasil encerrou sua participação no tênis de mesa com a melhor campanha da história em uma edição pan-americana. Na terça, o país já havia conquistado o ouro por equipes no masculino e uma prata no feminino. No individual feminino, Gui Lin ficou com a prata após derrota para a americana Wu Yue. Caroline Kumahara ficou com o bronze por ter chegado às semifinais.
Em reportagem especial, VEJA apresentou 11 promessas olímpicas, que devem brilhar nos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto do ano que vem. Leia o perfil de Hugo abaixo ou clique aqui para ler todos os textos.
Pingue-pongue na sala de jantar
Todos os mesa-tenistas brasileiros de sucesso têm de se chamar Hugo? Aparentemente, sim. A modalidade virou sinônimo de Hugo Hoyama, dono de quinze medalhas em Jogos Pan-Americanos, sujeito simpático e querido, já aposentado. Agora vem Hugo Calderano, um carioca que mal parece ter entrado na adolescência e faz estragos com a raquete de madeira.
Hugo, o Hugo número 2, começou no pingue-pongue, a brincadeira que muitos insistem em confundir com o esporte olímpico, quando tinha 2 anos. Na infância, o adversário a ser batido era o pai, Marcos. Bolinhas espalhadas pela casa e a rede improvisada na mesa de jantar eram uma cena corriqueira na casa da família. No tênis de mesa propriamente dito, ele estreou aos 8 anos, mas só viria a ficar nacionalmente conhecido aos 15. O motivo? Ter derrotado o Hugo número 1. Desde então, já galgou muitas posições no ranking mundial e, no ano passado, levou o bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, na China.
Pelo esporte, Calderano se mudou algumas vezes. Em 2011, saiu da casa dos pais para treinar em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, no mesmo clube de quem? Hugo Hoyama. O adolescente arrumou as malas novamente em 2014, dessa vez rumo à Alemanha. Para manter os bons resultados, Hugo tem um ritual: “Sempre escuto The Final Countdown, do grupo Europe, antes da partida, mentalizo as jogadas, a movimentação de pernas e a minha tática”. Tem dado certo.