Wolfgang Niersbach negou participação em irregularidades, mas disse que é preciso “assumir responsabilidade política”
O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão), Wolfgang Niersbach, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, quase um mês depois das denúncias sobre o escândalo de corrupção envolvendo a escolha do país-sede para a Copa do Mundo de 2006. “Me dei conta de que chegou o momento de assumir a responsabilidade política”, disse o dirigente, após reunião na sede da federação, em Frankfurt. O vice-presidente Rainer Koch assumirá a função.
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O cartola de 64 anos é alvo de uma investigação da polícia alemã e suspeito de ter cometido fraudes fiscais e comprado votos para a escolha do país-sede do Mundial de 2006, na Alemanha. O caso foi denunciado pela revista alemã Der Spiegel em outubro e envolve também o ex-jogador da seleção alemã Franz Beckenbauer, que na época chefiava o Comitê Organizador do Mundial.
Apesar da renúncia, Niersbach alega não ter cometido nenhuma irregularidade e não aceitou responder perguntas dos jornalistas. “Eu estive lá desde o primeiro dia da candidatura para sediar a Copa, e trabalhei de forma limpa, digna e correta. Nas funções que desempenhei, nas áreas de marketing, mídia, credenciamento e organização do evento, posso dizer com consciência tranquila que não fiz nada de errado”, explicou.
Na semana passada, autoridades realizaram buscas nas instalações da DFB e na residência de Niersbach. À época, a procuradora de Frankfurt, Nadja Niesen, disse que promotores estão investigando “evasão fiscal em um caso particularmente grave”. Os alvos das buscas foram Niersbach, Zwanziger e Horst R. Schmidt, ex-secretário-geral da entidade. Todos os três faziam parte do alto escalão do Comitê Organizador da Copa de 2006.
Denúncias – O escândalo envolvendo a Copa de 2006 teve início há três semanas. Uma matéria publicada pela revista alemã Der Spiegel acusou a federação alemã de ter comprado votos para o país ser eleito sede do Mundial. Segundo a publicação, o comitê de candidatura, presidido pelo ex-jogador Franz Beckenbauer, criou um fundo de 10,3 milhões de francos suíços (equivalentes a cerca de 41,5 milhões de reais na cotação atual) para conquistar os votos de quatro representantes asiáticos no comitê executivo da Fifa.
A Federação Alemã de Futebol rechaçou as acusações de corrupção, mas reconheceu que houve um pagamento de 6,7 milhões de euros (cerca de 29 milhões de reais) à Fifa. Maior ídolo do futebol alemão, Beckenbauer admitiu ter enviado a quantia à Fifa em 2000, mas garantiu que agiu dentro da legalidade. Em comunicado oficial, Beckenbauer admitiu o erro e afirmou que “se pudesse voltar no tempo”, teria rejeitado a proposta da Fifa de enviar um depósito para garantir o início da organização do Mundial. O astro, no entanto, foi categórico ao negar qualquer tipo de irregularidade na movimentação.
Antes, Wolfgang Niersbach havia alegado que a verba paga à Fifa tratou-se de uma garantia financeira para que a entidade máxima do futebol mundial enviasse à Alemanha uma quantia já disponível para a organização do Mundial de 2006. Ainda segundo Niersbach, a soma foi paga pelo então presidente da Adidas, Robert Louis Dreyfus, falecido em 2009. Oficialmente, os recursos iriam para “eventos culturais”. mas essas atividades foram canceladas, sem explicações.
O jornal Bild, revelou que o então recém-criado Comitê Organizador da Alemanha, não tinha recursos para realizar o pagamento e, por isso, Dreyfus foi o encarregado de pagar, recebendo posteriormente a devolução, por meio de uma conta da Fifa. Os outros países concorrentes à sede de 2006 eram África do Sul, Inglaterra, Marrocos e Brasil.
(da redação)