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‘Fui vítima de racismo, xenofobia e machismo’

Torcedora do Bahia falou sobre montagem criminosa envolvendo gremistas que se espalhou pelas redes sociais. “Elas também são vítimas”

Publicado por: Luiz Felipe Castro em 29/08/2017 às 13:19 - Atualizado em 20/10/2021 às 20:42
‘Fui vítima de racismo, xenofobia e machismo’
Torcedora do Bahia reclama de racismo em montagem com gremistas

Uma imagem repugnante de racismo se espalhou por grupos de WhatsApp na última semana: uma montagem com a foto de duas torcedoras negras do Bahia acima de outra com cinco torcedoras brancas do Grêmio, com a legenda “Ainda tem gente que acha que time é tudo igual”. Edna Matos, a torcedora do Bahia que aparece ao lado da filha nas arquibancadas da Fonte Nova, tomou conhecimento do fato e denunciou o crime. Segundo ela, as torcedoras gremistas também foram vítimas de discriminação. “A montagem contém três preconceitos: racial, regional e o machismo.”

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Edna, de 53 anos, soube da montagem por meio de uma denúncia da prefeitura de Salvador. “Primeiro, eu não tinha entendido. Depois fiquei chateada, com raiva, decepcionada, frustrada, triste… o sentimento que temos quando somos vítimas de discriminação. Não foi a primeira vez, mas é sempre como se fosse, dói igual. Ainda mais porque minha filha também foi vítima.”

Diretora de uma instituição de ensino, o Instituto Federal da Bahia, em Santo Antonio de Jesus (BA), conta que tem discutido sobre o papel e os perigos das redes sociais com os alunos. “O racismo no Brasil até o advento das redes sociais era velado, e hoje ele é camuflado. As pessoas se escondem atrás de um anonimato para destilar seu preconceito. Antes, quando tinha de ser cara a cara, as pessoas não falavam abertamente, mas a gente identificava nos gestos, no trato com as pessoas.”

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Edna rejeita totalmente a tese de que a montagem se refira a questões meramente estéticas. “Não tem essa questão de beleza, quem acha isso não está enxergando ou não quer enxergar. Ali está embutida a ideia de que uma raça é mais bonita que a outra, que o nordestino é feio, pobre, inferior e preto, em sua grande maioria… e também o machismo, como se a mulher servisse só para enfeitar a torcida e não para torcer por um time.”

A filha de Edna, Dandara Matos, de 27 anos, atualmente realiza mestrado em estudos africanos em Lisboa e também já foi vítima de preconceito na capital portuguesa. “Uma vez ela foi impedida de entrar numa boate por ser negra, foi uma grande confusão. Ela geralmente responde rápido, mas desta vez ela preferiu que só eu me posicionasse nas redes sociais. Disse que eu seria mais sábia na resposta”, contou Edna, que fez um desabafo no Facebook:

A torcedora do Bahia ressalta que, segundo ela, as jovens gremistas também foram vítimas, de discriminação de gênero. “Tanto eu e minha filha quanto as meninas do Grêmio somos vítimas. Eu duvido que elas tenham autorizado o uso daquela foto.” Edna conta que a repercussão de seu desabafo tem sido positiva e que muitos gremistas a procuraram para manifestar apoio.

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“Este caso nos deu a possibilidade de discutir o assunto. Tenho recebido solidariedade de muita gente que não conheço, inclusive do Sul do país, gremistas, agradecendo pela forma como me posicionei. Muita gente me agradeceu por não ter ficado calada. Eu sou militante, tenho responsabilidade com meus alunos e jamais ficaria calada.”

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