“Eles nos deixam muito à vontade. É coisa do povo nordestino essa recepção tão quente à seleção”, disse o zagueiro
Desde a partida de abertura da Copa das Confederações, em 15 de junho, em Brasília – em meio à onda de manifestações populares que se espalhou pelo país todo naquele mês -, a seleção brasileira, de história centenária, ganhou uma nova tradição: o protocolo da Fifa toca só a primeira parte do Hino Nacional e a torcida da casa toma conta quando os alto-falantes silenciam, num ritual que tem emocionado os jogadores da equipe e intimidado os adversários. Foi assim de novo na estreia na Copa do Mundo, na última quinta, em São Paulo. Agora em Fortaleza, uma das capitais brasileiras onde a seleção recebe tratamento mais caloroso, a equipe espera uma participação ainda maior do torcedor, convidado a imitar os jogadores e cantar o hino abraçado a quem estiver do lado, assim como os atletas. O pedido foi feito pelo capitão Thiago Silva nesta segunda-feira, no Castelão, o palco da partida de terça, às 16 horas (de Brasília), contra o México.
O zagueiro contou que a ideia do abraço coletivo do time durante o hino partiu de uma conversa entre ele e outro líder do elenco, o seu colega de defesa David Luiz. Thiago gostaria de ver o público imitar o gesto. “Se possível, peço que a torcida cante o hino toda junta, abraçada, da mesma forma que nós fazemos em campo, porque isso nos ajuda bastante”, explicou. O capitão, que nunca havia defendido as cores do Brasil num estádio do Nordeste até o jogo contra o mesmo México, também no Castelão, no torneio do ano passado, se disse muito impressionado com a forma como os torcedores da região tratam a equipe. “Eles nos deixam muito à vontade. É coisa do povo nordestino a recepção tão quente à seleção.” Thiago também elogiou o torcedor paulista (“O começo contra a� Croácia não foi legal, mas o público em nenhum momento nos vaiou, o que foi muito bom para a equipe colocar a cabeça no lugar”), mas sabe que o barulho deverá ser ainda maior na terça.
Luiz Felipe Scolari, que fará sua quarta partida em Fortaleza como técnico da seleção (foram duas na primeira passagem pelo cargo �e uma na atual, justamente contra o México, em junho de 2013), não tem dúvidas de que seu time será empurrado de forma incondicional pelos cearenses – tanto que, ao contrário de suas entrevistas anteriores, nas vésperas de jogos disputados no país, o gaúcho não precisou recorrer ao discurso patriótico para tentar cativar o público local. Convicto de que o Castelão estará tomado por um �clima de euforia, ele sentenciou: “Temos o povo junto conosco”. De fato, na chegada do ônibus da delegação ao estádio, centenas de torcedores receberam os atletas com muita alegria, mesmo sabendo que não conseguiriam ver os ídolos no gramado (a sessão foi fechada ao público e Felipão só permitiu a entrada de fotógrafos e jornalistas nos quinze minutos iniciais, possivelmente para aproveitar o resto do tempo para ensaiar alternativas para a possível ausência de Hulk na terça).