RS: 100.000 súditos de Maradona (90.000 sem ingressos)
Polícia monta grande operação de segurança para lidar com a invasão argentina nesta quarta. Na fronteira, autoridades do país vizinho registraram fluxo recorde
A imprensa argentina disse que a Avenida Borges de Medeiros, uma das principais da cidade, “parecia a Calle Florida em dia de feriado”, fazendo referência à famosa rua comercial da região central de Buenos Aires
A cidade de Porto Alegre, com 1,4 milhão de habitantes, recebeu mais 100.000 pessoas nesta quarta-feira. Esse é o número estimado de argentinos que já estão ou ainda devem chegar à capital do Rio Grande do Sul para o jogo que fecha a participação de sua seleção na fase de grupos da Copa do Mundo, no início da tarde desta quarta-feira, contra a Nigéria, no Beira-Rio. Calcula-se que nada menos de 90.000 deles não tenham ingressos já assegurados – o que fez o preço dos bilhetes no mercado negro disparar. Nas ruas de Porto Alegre, cambistas cobravam até 2.500 reais por uma entrada. A polícia local montou um gigantesco esquema de segurança para garantir que a situação permaneça sob controle. As forças de segurança gaúchas acreditam que a maioria dos argentinos sem bilhete para o jogo quer só participar da farra antes e depois da partida, mas ainda assim permanecerão em alerta até que eles deixem a cidade.
Desde a terça, grupos muito numerosos de torcedores vestidos com as camisas de Messi (ou Maradona) passeavam pela cidade e visitavam os arredores do estádio do Internacional, o palco da partida que deverá confirmar sua seleção como líder do Grupo F. A imprensa argentina disse que a Avenida Borges de Medeiros, uma das principais da cidade, “parecia a Calle Florida em dia de feriado”, fazendo referência à famosa rua comercial da região central de Buenos Aires. Nesta quarta, é, de fato, feriado em Porto Alegre, justamente por causa do desembarque dos fanáticos torcedores do selecionado alviceleste. No aeroporto, foi registrada a chegada de 27 voos fretados, sem contar os milhares de passageiros que embarcaram do Rio de Janeiro ou de Belo Horizonte, onde a equipe fez sua partida anterior, contra o Irã. Na rodoviária central, mais de 25 ônibus procedentes do território argentino transportaram novas levas de súditos de Messi e Maradona. Em um dia normal, são apenas seis os ônibus vindos do país vizinho.
Houve problemas nos postos de fronteira entre os países – são catorze – desde a manhã de terça. As longas filas para a realização dos trâmites na polícia de fronteira configuraram, de acordo com as autoridades argentinas, um recorde no fluxo de veículos entre os países. A embaixada argentina no Brasil calculou em 30.000 o número de carros a caminho de Porto Alegre. Como quase todos os veículos tinham mais de um ocupante, chega-se ao número estimado de 100.000 torcedores, já incluídos os que viajaram de avião e ônibus. Mesmo que não houvesse milhares de bilhetes nas mãos dos brasileiros, não haveria espaço nem para a metade desse contingente no estádio – o Beira-Rio tem capacidade para receber pouco mais de 48.000 pessoas. A maior concentração de torcedores sem entradas deverá ocorrer na Fan Fest oficial da Fifa, montada no Anfiteatro Pôr do Sol, às margens do Rio Guaíba. Ao contrário das demais sedes da Copa, Porto Alegre tem sua Fan Fest muito próxima do estádio – o que aumentou a preocupação das forças de segurança para os momentos que antecedem o jogo.