Contra freguês histórico, Brasil tenta ignorar passado
O retrospecto do confronto entre Brasil e Chile foi tratado de forma inusitada pelos envolvidos no jogo decisivo deste sábado, às 13 horas (de Brasília), no Mineirão: do lado dos carrascos, a ordem era esquecer os triunfos e ignorar o passado; entre os fregueses, o objetivo era manter essas memórias vivas para tentar mudar a […]
O retrospecto do confronto entre Brasil e Chile foi tratado de forma inusitada pelos envolvidos no jogo decisivo deste sábado, às 13 horas (de Brasília), no Mineirão: do lado dos carrascos, a ordem era esquecer os triunfos e ignorar o passado; entre os fregueses, o objetivo era manter essas memórias vivas para tentar mudar a história. Os chilenos, afinal, têm motivos de sobra para buscar uma vingança no duelo das oitavas de final da Copa do Mundo, em Belo Horizonte. As seleções já se encontraram em três outras edições do torneio, e sempre deu Brasil. Um dos confrontos ocorreu quando o Chile era o dono da casa, em 1962. A seleção brasileira tratou de tirar os anfitriões da briga pelo título vencendo por 4 a 2, na semifinal. Desta vez é o Chile que pode estragar a festa dos donos da casa. Outra coincidência no histórico do duelo: em duas outras partidas de oitavas, o Brasil cruzou com o Chile e o eliminou vencendo por três gols de diferença – 4 a 1 na França-1998, 3 a 0 na África do Sul-2010.
Placar histórico das Copas: compare os números dos adversários deste sábado
Essa última eliminação, aliás, ainda está muito viva na cabeça de alguns jogadores chilenos, já que eles estavam em campo ou no banco naquele duelo, disputado há exatamente quatro anos, em 28 de junho de 2010. Para evitar entrar em campo com um favoritismo exagerado e garantir que a equipe não leve o Chile a sério por causa do histórico favorável, o técnico Luiz Felipe Scolari insistiu em apagar as lembranças dos confrontos passados. “Esse time chileno que está aqui não jogou 1962, 1998 ou 2010. Os dados estão aí para serem usados da forma que se preferir, mas para nós não significam nada”, disse Felipão na véspera do jogo. “E se os dados estatísticos provam alguma coisa, jogamos aqui e foi 2 a 2, jogamos no Canadá e foi 2 a 1. Isso mostra o quanto a partida será equilibrada”, completou, fazendo referência aos dois encontros entre as seleções no ano passado, um em Belo Horizonte e outro em Toronto. O passado recente, porém, também reforça a fama de freguês do Chile, que não derrota o Brasil há doze jogos, desde 2000 (quando venceu por 3 a 0, pelas Eliminatórias).
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Antes dos duelos de 2013, que foram, de fato, muito parelhos, o Chile vinha de sete surras consecutivas. Eis a série de atropelos brasileiros: 3 a 0, 4 a 2, 3 a 0, 6 a 1, 3 a 0, 4 a 0, 5 a 0. Foram 28 gols marcados e três sofridos. No placar geral do encontro, desde o primeiro duelo, em 1916, são 66 jogos, com 47 vitórias brasileiras, sete chilenas e doze empates. O Brasil tem nada menos de cem gols a mais que o adversário no confronto direto: 156 contra 56. O técnico argentino da seleção chilena, Jorge Sampaoli, tenta tratar do assunto com naturalidade e não dá pistas de que tenha usado esse histórico para tentar motivar um desejo de vingança em seus jogadores (ainda que seja razoável supor que isso nem foi necessário, já que muitos dos atletas que estarão em campo neste sábado participaram de derrotas dolorosas para os brasileiros). “Não é coincidência que o Brasil tenha passado pelo Chile nas outras vezes em que eles se encontraram em Copas. Ora, o Brasil conquistou cinco títulos mundiais. Estatisticamente, supera qualquer outra seleção do planeta”, lembrou o treinador argentino da seleção chilena, que sonha em começar a mexer nesses números neste sábado.
(Giancarlo Lepiani, de Belo Horizonte)