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Por que futebol olímpico masculino é jogado com times sub-23

Modalidade olímpica já chegou a ser jogada por clubes e passou por diversas modificações de regulamento em razão de polêmicas envolvendo a Fifa e o COI

O futebol masculino dos Jogos Olímpicos de Paris começou a ser disputado nesta quarta-feira, 24, com a caótica derrota da Argentina para o Marrocos. O esporte mais popular do planeta não está entre os mais badalados no programa das Olimpíadas e um dos motivos é a regra que só permite a convocação de três jogadores com mais de 23 anos por seleção.

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A restrição que já foi um dos impeditivos para que grandes estrelas jogassem a competição tem origem em disputas políticas entre Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado) e o COI (Comitê Olímpico Internacional). No entanto, nem sempre a realidade foi essa e outros modelos já foram adotados.

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É importante ressaltar que o futebol feminino não tem esse impeditivo na Olimpíada. Desde 1996 no programa, a modalidade para mulheres permite a convocação das melhores jogadoras de cada país, independentemente da idade, o que equipara o peso da conquista ao da Copa do Mundo.

O futebol nas Olimpíadas

Uruguai, ouro olímpico de 1924 – Domínio Público

Os Jogos Olímpicos de Verão da Era Moderna são disputados desde 1896. E, desde então, o futebol causa desavenças. Naquela edição, a modalidade inventada pelos ingleses não foi incluída de forma oficial, mas isso não quer dizer que não tenha sido disputada.

Houve apenas um duelo, entre Dinamarca e Grécia. Os dinamarqueses venceram e ficariam com a medalha de ouro caso a disputa estivesse oficializada. Não era assim e até hoje essa conquista não tem reconhecimento do COI.

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Nas edições de 1900 e 1904, o futebol foi disputado, mas por clubes. Nos Jogos de Paris em 1900, o clube Upton Park levou o ouro. Na edição de Saint Louis, em 1904, foi a vez do Galt FC vencer. Atualmente, as medalhas são creditadas pelo COI para Grã-Bretanha e Canadá, respectivamente.

A partir de 1908, tudo mudou quando seleções nacionais passaram a disputar. Na mesma linha, o futebol se consolidou como um sucesso global. O Uruguai, por sinal, é conhecido como a Celeste Olímpica graças às medalhas de ouro conquistadas nos Jogos de Paris-1924 e Amsterdã-1928, nas Olimpíadas.

A Fifa, aproveitando-se do desenvolvimento da modalidade, acatou a ideia do presidente Jules Rimet e criou a primeira Copa do Mundo, disputada em 1930, o que deu início a uma nova era. Entretanto, a herança do futebol em seu “anos de ouro” das Olimpíadas ainda faz com que a seleção uruguaia jogue com quatro estrelas em sua camisa e se autodenomine tetracampeã do mundo – tese não aceita pela entidade que regula o esporte.

Amadorismo e domínio soviético

Puskás no topo do pódio dos Jogos de 1952 em Helsique -@Fifa.com/Twitter
Puskás, o craque da Hungria, no topo do pódio dos Jogos de 1952 em Helsique [email protected]/Twitter

Buscando fortalecer o seu Mundial recém-criado, a Fifa impediu que o futebol estivesse nos Jogos de 1932. Nos seguintes, em 1936, na edição de Berlim, o esporte pôde retornar, mas apenas com atletas amadores.

Essa questão, no entanto, não findou os debates, já que muitos jogadores de países do “bloco socialista soviético” eram militares e patrocinados pelo estado. Ou seja, lendas da bola como Ferenc Puskas (Hungria) e Lev Yashin (União Soviética) não eram considerados profissionais pela organização e podiam disputar os Jogos.

O domínio das seleções do leste europeu foi claro a partir da medida que “proibiu” profissionais. Isso causou descontentamento dos comitês olímpicos e federações de futebol de países do ocidente e a regra foi mudada cinco décadas depois.

Liberação com ressalvas

Neymar comemorando após converter o pênalti do ouro inédito nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, 2016 - EFE/ALEJANDRO ERNESTO
Neymar foi a estrela no primeiro ouro do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2016 – EFE/ALEJANDRO ERNESTO

A fim de dar maior visibilidade à modalidade, um acordo entre COI e Fifa fez com que o profissionalismo fosse liberado a partir dos Jogos Olímpicos de 1984 (Los Angeles). Porém, ainda havia uma ressalva: seleções da Uefa e da Conmebol podiam convocar apenas atletas que não tivessem disputado Copa do Mundo. Representado pelo time do Internacional, o Brasil ficou com o vice, perdendo para a França na final.

A regra foi mantida para Seul-1988. Na competição disputada na Coréia do Sul, a seleção brasileira foi representada por uma equipe badalada. Escalada com Taffarel, Jorginho, Neto, Bebeto, Romário e Geovani, a amarelinha ficou com a prata novamente, derrotada pela União Soviética na decisão.

Depois das duas edições profissionalizadas, as restrições foram atualizadas para 1992, nos Jogos de Barcelona. Na edição catalã, a regra que permite apenas jogadores sub-23 e três com mais idade foi inaugurada e segue ativa até os dias de hoje.

Em Sidney-2000, o técnico Vanderlei Luxemburgo abriu mão dos maiores de 23 anos, o que enfureceu seu desafeto Romário. A equipe cairia nas quartas de final, jogando com dois a mais, diante de Camarões. Na Rio-2016, o Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro com Neymar, Renato Augusto e Weverton como os mais experientes.

Nesta edição, a regra e o calendário afastaram grandes nomes. No entanto, alguns famosos com mais de 23 anos estão atuando na capital francesa, como Alexandre Lacazette (França), Achraf Hakimi (Marrocos), Julián Álvarez e Nicolás Otamendi (Argentina). O astro francês Kylian Mbappé manifestou o desejo de participar dos Jogos em sua cidade natal, mas não recebeu a liberação de seu novo time, o Real Madrid. Por não se tratar de Data-Fifa, os clubes não são obrigados a ceder seus atletas.

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