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Charles ‘Do Bronx’, a um passo do cinturão: ‘Chegou meu momento’

Recordista de finalizações do UFC, lutador paulista de 31 anos disputa neste sábado, 15, o título peso-leve contra o americano Michael Chandler, em Houston

“A favela venceu”. É com este lema que Charles “Do Bronx” Oliveira celebra a excepcional fase e vai em busca da consagração máxima: o título dos pesos-leves (até 70 quilos) do UFC. Recordista de finalizações na história da organização (14) e invicto há oito lutas, o atleta de 31 anos, natural do Guarujá (SP), enfim, recebeu sua chance e disputará o cinturão contra o americano Michael Chandler, na luta principal do UFC 262, em Houston, nos EUA, neste sábado, 15.

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Em entrevista a VEJA, Charles se mostrou fiel às suas origens (o apelido “do Bronx” se refere à comunidade onde cresceu, no litoral paulista) e se disse pronto para assumir o papel de novo ídolo do MMA brasileiro. Atualmente, o país tem três cinturões: um do paraense Deiverson Figueiredo, no peso-mosca masculino, e dois da baiana Amanda Nunes, campeã peso-galo e peso-pena.

“Já me sinto um grande nome, sou o maior finalizador do UFC, estou há 11 anos trabalhando duro. Não gosto de comparações. O Anderson Silva fez sua história, o José Aldo fez a dele, e agora é o meu momento. Estou feliz, com certeza, meu nome estará no Hall da Fama. É tudo no tempo certo. Tenho 31 anos, um caminho longo. Se Deus quiser, vou ser campeão, meu legado está só começando”, contou Charles.

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O trono dos leves está vago desde a aposentadoria do russo Khabib Nurmagomedov, que deixou os octógonos ano passado com 29 vitórias e nenhuma derrota no currículo. Charles ganhou a chance depois de oito vitórias consecutivas, a última diante de Tony Ferguson, enquanto Chandler, que era uma estrela do Bellator, outra organização de MMA, precisou de apenas uma vitória sobre Dan Hooker para ganhar a chance de cinturão.

Do Bronx não se incomoda. “Ele veio como campeão do Bellator para lutar pelo título, o UFC foi buscá-lo para isso. Ele teve uma luta, nocauteou e recebeu a chance. Não tenho que reclamar, vou fazer meu trabalho contra quem for”. O americano de 35 anos tem um cartel de 22 vitórias e cinco derrotas no MMA. O evento em Houston contará com a presença de público, que, naturalmente, deve torcer por Chandler. “Estou feliz demais em saber que os ingressos estão esgotados. Mesmo que me vaiem, por ele ser o atleta da casa, prefiro sempre ter as arquibancadas cheias.”

Uma fera do jiu-jitsu

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Charles Oliveira na vitória sobre Tony Ferguson, em Las Vegas
“Arroz com feijão”: uma lenda das finalizações Jeff Bottari/Zuffa LLC/Getty Images

Charles chegou ao recorde de 14 finalizações usando o que tem de melhor: as habilidade de jiu-jitsu. Protagonista dos mais espetaculares golpes “mata-leão” do UFC, ele garante, no entanto, estar pronto para a luta em pé. “Entrei no UFC sabendo praticamente só jiu-jitsu. Hoje sou um lutador completo, não me preocupo só em jogar os caras para baixo. A luta é um jogo, às vezes temos de mudar a estratégia rapidamente.”

No entanto, ao contrário de outros especialistas em jiu-jitsu, “Do Bronx” não é adepto da retranca. “Meu jiu-jitsu é diferente, digo que é mais ‘arroz com feijão’, sem muita firula”, diz. “Se houver oportunidade, vou finalizar, jogo para frente o tempo inteiro, não gosto de deixar na mão dos juízes. Não tenho medo de trocar porrada com ninguém e só quero sair com a vitória.”

Charles, portanto, não teme a mão pesada do oponente. “Chandler bate duro, tem um início de luta muito forte. Mas para ser sincero não estou tão preocupado com o que ele pode trazer, foco mais no meu jogo. Vou lutar com a ousadia e alegria de sempre, cada diz que passa me sinto melhor e mais feliz com a estratégia de luta.”

 

Cavalos e sossego

O lutador do Guarujá tem um perfil mais tranquilo que a maioria dos lutadores e não é adepto do trash talk, o hábito de provocar o adversário com ofensas e declarações polêmicas. “Não gosto de ficar falando bobagem, procurando polêmica, quem faz isso é porque não se garante na luta. O meu show eu dou dentro do octógono, perdendo ou ganhando”, garante.

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‘Do Bronx’ gosta de ressaltar seu orgulho por representar o Brasil e diz que não troca sua favela.”Não mudei nada, só fui para uma casa um pouco melhor. Mas continuo nos mesmos lugares, treino no mesmo lugar, os amigos são os mesmos. Não penso em me mudar para os Estados Unidos, tudo que eu preciso está aqui”.

Apesar de ser natural do Guarujá, Charles não é muito chegado em sol, areia e ondas. Suas horas de descanso e lazer costumam ser em seu sítio, no Vale do Ribeira. “Moro na praia, mas quase não frequento. Não sei nem nadar direito (risos). Eu gosto mais dos animais, de estar no meio do mato. Cavalo é minha paixão, algo que me acalma. Hoje tenho quatro cavalos de corrida, mas cheguei a ter mais.”

Charles se emociona ao falar de seus maiores incentivadores. “Meus ídolos são meu pai e minha mãe, por tudo que eles construíram e fizeram por mim. Eles deixavam de pagar conta de luz para que eu e meu irmão pudéssemos disputar os campeonatos, catavam latinha, papelão, para gente ter dinheiro. Isso sempre me motivou a querer mais. Hoje tudo que faço, é por eles.”

Com 30 vitórias e oito derrotas no cartel, Charles já goza de enorme prestígio com os fãs de MMA. Apesar do perfil mais discreto, ele admite gostar da fama e espera voltar consagrado de Houston. “Sempre sonhei em ter fãs, em tirar fotos e dar autógrafos, e estou vivendo isso. É uma alegria ser reconhecido, é algo que me motiva mais. Quero ser reconhecido, que as pessoas falem de mim, e estou no caminho certo.”

O evento em Houston será transmitido pelo Canal Combate, à partir das 19h10 (de Brasília) e terá outras atrações brasileiras: Viviane Araújo, Edson Barboza, Ronaldo Jacaré, André Sergipano e Priscila Pedrita.

Charles Oliveira na vitória sobre Tony Ferguson, em Las Vegas
Charles Oliveira na vitória sobre Tony Ferguson, em Las Vegas – Jeff Bottari/Zuffa LLC/Getty Images

UFC 262 – 15 de maio de 2021, em Houston, nos Estados Unidos

Card principal 
Peso-leve: Charles do Bronx x Michael Chandler
Peso-leve: Tony Ferguson x Beneil Dariush
Peso-galo: Matt Schnell x Rogério Bontorin
Peso-mosca: Katlyn Chookagian x Viviane Araújo
Peso-pena: Shane Burgos x Edson Barboza

Card preliminar:
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x André Sergipano
Peso-pena: Lando Vannata x Mike Grundy
Peso-médio: Jordan Wright x Jamie Pickett
Peso-mosca: Andrea Lee x Antonina Shevchenko
Peso-mosca: Gina Mazany x Priscila Pedrita
Peso-pena: Kevin Aguilar x Tucker Lutz
Peso-leve: Sean Soriano x Christos Giagos

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