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Finalista da Série C, Athletic mira título e voos ainda maiores

Fábio Mineiro, presidente da sensação de São João del-Rei, detalhou trajetória e planos em entrevista à PLACAR

O Athletic segue fazendo história. Neste sábado, 12, às 17h30 (de Brasília), o clube de Minas Gerais visita o Volta Redonda, pelo jogo de ida da final da Série C do Brasileirão.

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O time que assegurou o vaga na segunda divisão no último sábado, 5, ao bater o Londrina, agora pode finalizar a temporada com um troféu inédito. Seria a coroação de uma ascensão meteórica, um ano depois de conquistar o acesso na Série D, já na estreia do time em Campeonatos Brasileiros.

Situado em São João del-Rei, a cerca de 180 quilômetros de Belo Horizonte, o Athletic vive seu momento mais glorioso. Trata-se da reconstrução de um centenário clube, que chegou a ficar afastado do futebol profissional por 49 anos.

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Para entender o “fenômeno”, PLACAR foi à cidade mineira, nas dependências do futuro centro de treinamento athleticano, e conversou com Fábio Mineiro. O presidente da SAF e figura essencial na história da equipe detalhou o processo e mirou voos ainda mais altos.

Sonhar sempre foi a realidade

“Se eu falasse que não acreditávamos e não sonhávamos, estaria mentindo para você. Sempre acreditamos e sonhamos”, contou Fábio Mineiro, já em sua primeira resposta, deixando bem claro que o sucesso não é obra do acaso.

O dirigente de 36 anos relembrou o momento em que sua história cruzou com a do Athletic. “Eu nasci no futebol, desde os meus 13 anos estou nisso. Joguei uma Taça BH aqui, fui para a Varsóvia, na Polônia, com 17 anos, e ali fiquei muito tempo na Europa. Saí cedo de casa, rodei muito, voltei, fui para a Argentina, joguei a Libertadores pelo Jorge Wilstermann, rodei de novo e fico na Grécia até 2015. Pego uma crise lá, desanimo de jogar, e volto.”

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Fábio Mineiro, presidente do Athletic – Cris Mattos / FMF

Natural de São João del-Rei, Fábio se denomina como “filho da terra”. Partindo disso, ele afirma que a paixão pelo futebol, incluindo o amador, é uma característica da cidade, o que também pesou na ideia de investir tempo e trabalho no Esquadrão de Aço.

O (re)início de sucesso

“O Athletic já tinha o clube social, com futsal, vôlei, basquete. Sempre foi tradicional, é centenário, não tem dívida. Então, penso em organizar as escolinhas e categorias de base, onde fiquei em 2016 e 2017”, disse o ex-jogador, que destaca o trabalho anterior a 2018 como um dos pilares do sucesso.

E, nessa linha, Fábio também coloca sua idade à época (menos de 30 anos), como um dos fatores que contribuíram para a montagem de times competitivos desde o início. De acordo com o presidente, estar inserido no mercado, com boas relações, ajudou na análise de contratações de pouco custo, mas com nível compatível.

Dentro de campo, o resultado apareceu. Já em 2018, na reestreia como profissional, veio o primeiro acesso, com o vice-campeonato da Segunda Divisão do Campeonato (equivalente à terceira prateleira).

A equipe daquela temporada, montada sem muitos recursos, no entanto, mostrou-se qualificado. Entre os relacionados do jogo do acesso, contra o Valeriodoce, estavam seis jogadores do atual elenco: o goleiro Jefferson Luis, o lateral Nathan, os zagueiros Danilo e Sidimar e os meio-campistas Diego Fumaça e Bruno Gomes.

Com a mesma base, o Esquadrão conquistou o acesso à elite estadual após uma boa campanha no Módulo II em 2020. Na primeira divisão, já são quatro temporadas consecutivas, com direito a título da Recopa Mineira de 2023 e da Taça Inconfidência de 2024, acompanhando o êxito nacional.

Os ousados planos

Agora entre os 40 principais times do Brasil, os saltos podem ser mais difíceis. No entanto, o Athletic não irá se acomodar com a Série B do Campeonato Brasileiro, pelo menos de acordo com Fábio Mineiro.

“Para quem colocou em 2018 que estaríamos na Série A dentro de dez anos, foi mais rápido do que eu imaginava. Em seis anos, já estamos na Série B. Vou te falar, claro que depende do nosso mercado, mas também se fecharmos um investidor ou outro sócio, pode esperar que o Athletic vai brigar pelo acesso ano que vem”, colocou o gestor.

Ele continuou, prometendo ainda mais condições. “Muitas pessoas ficam falando comigo… ‘Fábio, mas como que você vai fazer ano que vem? A Sériee B é difícil’. Eu respondo que foi assim sempre. Vamos evoluir, melhorar salário, aumentar estrutura e crescer em desempenho.”

Athletic fez história em 2023 - Guilherme Azevedo / PLACAR
Athletic fez história nos últimos anos e segue sonhando – Guilherme Azevedo / PLACAR

No ponto de reforços, o Athletic, atualmente treinado por Roger Silva (atacante com passagens por Ponte Preta, São Paulo, Corinthians, entre outros), pode repetir os últimos anos. Nomes badalados como Loco Abreu (2021), Ricardo Oliveira (2022) e Sassá (2023) vestiram a camisa alvinegra. Porém, a diretoria colocará acima de tudo o desempenho dentro de campo para efetuar contratações.

Já no quesito estrutura, o plano é ampliar a capacidade do atual estádio para 6.500 torcedores, adequando-se à capacidade mínima da segunda divisão. Além disso, o novo centro de treinamento, que quando totalmente concluído deve ter “estrutura de primeira divisão”, deve poder receber os trabalhos da pré-temporada para 2025.

Roger fez boas campanhas no Campeonato Mineiro
Roger fez boas campanhas no Campeonato Mineiro

Da cidade, para a cidade

Não apenas por empregar muitos sanjoanenses, é impossível desassociar a história do Athletic da chegada do futebol a São João del-Rei. Fundado em 1909, o clube nasceu de jovens que haviam conhecido o jogo quando estudantes do Rio de Janeiro, de férias na cidade, praticaram o esporte, conforme conta o livro Historiando o Esquadrão de Aço, de Astrogildo Assis.

O Athletic, que também incluiu outras modalidades, consolidou-se poucos depois, no mesmo período de uma crescente populacional do município, impulsionada pela chegada da nova ferrovia e da energia elétrica. E, em época de um grande fervor, a relação passou a se estreitar, especialmente com os resultados positivos no futebol, como em vitória sobre o Atlético Mineiro, em 1919.

Athletic em 1969 - Acervo / José Leôncio Carvalho
Time do Athletic, em 1969 – Acervo / José Leôncio Carvalho

Assim, o clube que disputou a elite do Campeonato Mineiro em 1970 – e decidiu fechar o esporte profissional em seguida -, manteve-se na memória, também pelo futebol amador. O Esquadrão, puxado por Reilson e Trovão, dupla que até então segue reconhecida pela população, dominou os campeonatos municipais nos anos 80, bem antes de sequer sonhar com o sucesso pós-2018.

Essa construção culminou em uma forte ligação entre o Athletic e a cidade, fator que, inclusive, é um dos pontos fortes do time. Nesta temporada, foram apenas duas derrotas em 19 jogos na acanhada Arena Sicredi, batizada originalmente por Estádio Joaquim Portugal.

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