Treinador foi punido por reclamar do regulamento do Campeonato Carioca e não irá ao Maracanã no duelo decisivo diante do Fluminense no domingo
Proibido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de dirigir o Flamengo no clássico de domingo contra o Fluminense, o técnico Vanderlei Luxemburgo protestou de forma inusitada contra a chamada “lei da mordaça” da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ). Após o treino da manhã desta sexta-feira no Ninho Urubu, Luxemburgo apareceu na sala de entrevistas com uma fita adesiva na boca, em referência à punição que sofreu por criticar a federação. Ele, no entanto, garantiu que não irá abaixar a guarda.
“Não vão me calar, meu movimento vai continuar, se quiserem me tirar do Campeonato Carioca, que me tirem. Se querem fazer isso de forma arbitrária e sem nenhum embasamento, que façam. Não vou me posicionar mais, mas não vão me calar. Só vão me calar quando colocar isso aqui”, disse o treinador, ao colocar a “mordaça” na boca.
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Luxemburgo avisou que não irá ao Maracanã para assistir à partida contra o Fluminense, já que está proibido de entrar em campo e orientar seus jogadores. “É uma decisão minha e conto com o apoio do presidente. Não vou ao Maracanã, porque me senti prejudicado, não faz sentido estar no meu local de trabalho sem poder exercê-lo. Sou torcedor do Flamengo, mas não vou porque não vou poder atuar e pra mim não faz sentido estar lá como espectador.”
O treinador rubro-negro citou a goleada da Alemanha por 7 a 1 na Copa do Mundo e os tempos de ditadura militar para justificar as suas recentes reclamações. “A democracia foi conquistada através de lutas do povo brasileiro. Essas lutas quebraram a ditadura e nos deram o direito de se expressar sem repressão. Enquanto cidadão, me senti violentado, agredido. Já fiz muitas coisas para merecer ser punido, mas desta vez só busquei o melhor para o futebol brasileiro. Acabamos de sair de um episódio no qual o esporte foi humilhado e estamos todos buscando uma solução para o futebol brasileiro. Eu me posicionei não contra a Federação ou a pessoa do presidente, mas contra qualquer um que impeça jovens de jogar futebol.”
Luxemburgo foi punido com suspensão de dois jogos por suposta “atitude contra a moralidade da competição”, por ter dito em uma entrevista que era “preciso dar porrada na Federação” por estabelecer um limite de inscrição de apenas cinco atletas das categorias de base no Campeonato Estadual. Com jogadores lesionados ou convocados para seleções, Luxemburgo gostaria de contar com mais atletas juniores e criticou o regulamento.
Na quarta-feira, o STJD chegou a lhe conceder um efeito suspensivo, mas, um dia depois, a liminar foi derrubada pelo próprio tribunal. Nesta sexta-feira, Luxemburgo apenas fez seu pronunciamento e não quis responder a perguntas de jornalistas. O ex-jogador Deivid, seu auxiliar, dirigirá o Flamengo na partida de domingo, marcada para às 18h30 (de Brasília).
(da redação)