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Roger Machado dá forte relato sobre racismo no futebol

O racismo no futebol ainda é um desafio contínuo e uma triste realidade

Em uma coletiva de imprensa recente, Roger Machado, treinador do Internacional, destacou a urgente necessidade de discutir o racismo no Brasil, uma problemática ainda latente em nossa sociedade. Como o único técnico negro na Série A do Campeonato Brasileiro, ele sublinhou a importância de uma reflexão contínua, especialmente no futebol, que muitas vezes reflete a sociedade.

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Segundo Roger Machado, apesar de o Brasil estar começando a abordar o racismo de maneira mais aberta, os progressos têm sido vagarosos. Ele compara a estrutura social do futebol à da sociedade em geral, mostrando como o esporte realça tanto os atributos positivos quanto os negativos da convivência social, incluindo a persistência do racismo.

“É um tema sempre importante, é uma data importante da Consciência Negra, não deveria ser abordado apenas nesse mês. Penso que a gente fez muitas evoluções, o país começou a olhar de alguma forma para essa questão, porém vejo que os avanços são pequenos. Para mim o futebol ele amplifica e aponta como somos como sociedade. Se a gente imaginar o futebol como uma pirâmide social, na base estamos nós, o campo. Sejamos eles pretos ou brancos, quem olha de cima da pirâmide enxerga todos pretos. Ou somos pretos pela cor da pele ou somos da mesma origem social, em sua maioria esmagadora. O racismo para mim se cristaliza quando o campo acaba e a gente consegue perceber indivíduos de diferentes cores acenderem socialmente em diferentes sociedades. É onde os filtros começam. Um ex-atleta branco consegue se esconder e eu não consigo. Minha cor me denuncia. O futebol talvez amplifica em todas as formas como somos como sociedade, as coisas boas e as coisas ruins. Um país que foi criado em cima de 400 anos de escravidão é impossível que a gente não traga nesse momento vestígios dele. Para quem não lembra, a legislação na minha carreira como jogador de futebol, que depois se transformou na Lei Pelé, era assim: eu era uma propriedade do clube, se eu me comportasse bem, aos 28 anos, 29 anos, eu começava a ganhar um percentual do meu passe, aos 35 mais ou menos eu ganhava o livre arbítrio para escolher onde eu queria ir. Se eu não aceitasse as regras da renovação, o clube poderia colocar meu passe na federação pelo valor que ele quisesse e eu não trabalhava ali e em nenhum outro lugar. Na escravidão existia uma lei muito parecida, que era a Lei dos Sexagenários, que aos 60 anos o escravo conseguia sua liberdade. Porém, a expectativa de vida era 40. Aos 35 anos, como jogador de futebol, eu também já estava morto. Novamente, o esporte reflete o que somos para sociedade. Por isso é importante falar sim”

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O Racismo e seu Impacto no Esporte

O futebol, como esporte de destaque, representa diversas questões sociais do Brasil. Roger Machado observa que o racismo é evidente quando atletas negros enfrentam barreiras sociais invisíveis que limitam suas oportunidades, algo que ocorre de forma menos intensa com atletas brancos. O treinador reflete sobre a continuidade das desigualdades sociais no esporte, que se tornam ainda mais evidentes e ampliadas no contexto esportivo.

Ele utiliza a comparação com a Lei Pelé e a Lei dos Sexagenários para demonstrar como estruturas históricas de opressão e controle podem ter paralelos no futebol moderno, destacando como normas legais, no esporte e na história, refletem e perpetuam desigualdades sistêmicas, muitas vezes disfarçadas de progresso.

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Abordagens para Combater o Racismo no Futebol e na Sociedade

Para enfrentar o racismo no futebol e em outras áreas, é necessária uma abordagem contínua e diversificada. Roger Machado sugere que não devemos restringir as discussões a momentos pontuais, como o mês da Consciência Negra. Em vez disso, ele propõe que a discussão sobre racismo seja integrada em todas as esferas, incluindo os campos esportivo, educacional e cultural.

  • Fomentar a igualdade de oportunidades no futebol desde as categorias de base até posições administrativas.
  • Aumentar a visibilidade e o reconhecimento de profissionais negros em todas as funções esportivas.
  • Implementar programas educativos que destaquem a história e as contribuições dos negros no esporte.
  • Facilitar diálogos abertos entre jogadores, clubes e torcedores sobre questões raciais.

Os Próximos Passos do Internacional na Luta contra o Racismo

O trabalho de Roger Machado no Internacional é apenas um dos muitos passos necessários para combater o racismo no futebol. Para que mudanças significativas ocorram, é imprescindível que essa luta seja abraçada por clubes, entidades esportivas e torcedores. A conscientização e o compromisso contínuo são essenciais para transformar a cultura do futebol, valorizando verdadeiramente a diversidade e a inclusão.

Além dos esforços individuais de profissionais como Roger, é fundamental haver um empenho colaborativo na sociedade e na estrutura do futebol para garantir que o esporte seja uma força unificadora, capaz de superar preconceitos históricos e construir um futuro mais justo para todos os envolvidos.

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