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PLACAR de Junho prova que há vida no Pacaembu (mesmo sem futebol)

Em texto e vídeo, conheça detalhes da transformação do emblemático estádio paulistano em hospital de campanha e usado no combate à pandemia de coronavírus

Nesta segunda, o governo paulista confirmou que o Hospital de Campanha do Estádio do Pacaembu encerrará suas atividades no próximo dia 30 de junho. Será a despedida de um símbolo inequívoco da união entre o esporte e a saúde pública — que, claro, devem sempre ser prioridade, ainda mais em meio a uma pandemia que já matou mais de 50 000 brasileiros.

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Nos últimos meses, o templo do futebol paulista foi o lar de mais de 1.000 pacientes suspeitos ou diagnosticados com coronavírus e algumas centenas de profissionais dedicados a salvar vidas. Foi, acima de tudo, um local repleto de vida e solidariedade – com espaço para brincadeiras entre torcedores de clubes rivais. Em um ensaio exclusivo para a edição de junho de PLACAR, que já está nas bancas e disponível para dispositivos iOS e também Android, o editor-assistente Luiz Felipe Castro e o repórter fotográfico Egberto Nogueira permaneceram cinco horas nas instalações do Pacaembu para registrar o cotidiano dos heróis de jaleco, que momentaneamente substituem os gigantes de chuteiras.

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“O ambiente é menos carregado do que eu imaginava, provavelmente por não ter pacientes em estado grave, por haver alta para muitos curados. E ainda se respira o ar do futebol, os rituais de outro tempo, com gente de branco circulando pelos vestiários, passando pelos túneis que dão acesso ao gramado”, diz Castro. Esta edição especial de PLACAR pretende manter a vigília pela responsabilidade, sem pressa para reiniciar o que ainda não pode ser reiniciado, mas com o otimismo dos pacientes que, ao deixarem o Pacaembu pelo portão principal, são recebidos pelos familiares com festa e flores — como se tivessem marcado um gol de Pelé.

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Confira, abaixo, um trecho da reportagem. A íntegra, com fotos exclusivas, está na edição de junho de PLACAR.

A Praça Charles Miller, batizada em homenagem ao filho de britânicos que trouxe o futebol para o Brasil, em nada lembra os dias de grandes decisões. Não há torcedores, barracas de pernil, foguetórios, os insistentes cambistas ou o desagradável cheiro de urina nos escadões, nada. No máximo, alguns raros ciclistas de máscaras, que tentam aproveitar a tarde ensolarada admirando a fachada em art déco do estádio Paulo Machado de Carvalho, belíssima e intacta desde sua inauguração, em 27 de abril de 1940. “O meu, o seu, o nosso Pacaembu”, como dizia o vozeirão do locutor Edson Sorriso, mantido no cargo pela nova concessionária, a Progen, segue funcionando, mas agora provoca outra família de emoções. Desde 6 de abril, o templo sagrado da bola recebe pacientes com suspeita ou confirmação para o quadro do novo coronavírus, em um hospital municipal de campanha erguido em parceria com o Albert Einstein. São 200 leitos disponíveis, montado justamente sobre o gramado de jogo. As vítimas da pandemia chegam em ambulâncias pelo portão 23 da rua Capivari, mesmo local por onde os ônibus dos clubes entravam, próximo às piscinas e quadras do complexo, próximo da estátua da tenista Maria Esther Bueno. A atmosfera esportiva permanece no ar e, quase como em um ritual, os 520 profissionais que ali trabalham (entre médicos, enfermeiros, bombeiros e seguranças) repetem alguns hábitos dos craques que por ali desfilaram, como Lêonidas da Silva, Rivellino, Ademir da Guia, Pelé, Ronaldo e Neymar (…)

Publicado em PLACAR de junho de 2020, edição 1463

A edição do mês de junho da Revista Placar Divulgação/Placar
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