Para empresa ligada à Fifa, diretor não cometeu crime
Agência Match acusa polícia de ter prendido ilegalmente o inglês Raymond Whelan e afirma que não houve venda de ingressos para Fofana, apesar da negociação flagrada em uma interceptação telefônica autorizada pela Justiça
Com os nomes envolvidos no maior esquema de cambistas já desbaratado pela polícia no Brasil, a Fifa e a agência Match, ligada à federação, adotaram, nesta quarta-feira, uma nova postura de defesa de seus representantes citados no escândalo. A agência Match passou a acusar a Polícia Civil do Rio de ter feito uma prisão “arbitrária e ilegal” de seu CEO, o inglês Raymond Whelan. Segundo a companhia, os ingressos negociados entre Lamine Fofana – argelino chefe dos cambistas, preso há uma semana – e Whelan jamais foram vendidos. Portanto, na versão da agência, não haveria crime.
Na última terça-feira, escutas telefônicas entre Whelan e Fofana apresentadas à imprensa revelavam como o cambista e o executivo negociavam pacotes de ingressos durante a Copa. A empresa confirma que Whelan falou pelo telefone com Fofana. Mas, segundo a companhia, os ingressos solicitados por Fofana foram oferecidos por Whelan por seu preço de tabela, de 24.700 dólares.
O delegado Fábio Barucke, da 18ª DP (Praça da Bandeira), indiciou onze suspeitos de integrar a máfia dos ingressos e pediu as prisões preventivas do grupo – o advogado Jose Massih, apontado como braço-direito de Fofana – foi poupado por colaborar com as investigações. Barucke também pediu a quebra dos sigilos bancário e telefônico de todos os envolvidos.
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Whelan mentiu. Até a apresentação das gravações, o diretor da Match dizia não conhecer ou ter relações com Fofana. Os ingressos, segundo a Match, teriam sido uma sobra de um pacote que havia sido comprado em 2013 ainda por uma rede hoteleira no Rio. Naquele momento, o hotel solicitava 42 ingressos. Mas informou em maio de 2014 que reduziria seu pedido. A empresa explica que, para não ficar com os ingressos na mão, no valor de 594.000 dólares, optou por revender a sobra pelo preço oficial.
Apesar de a Fifa dizer que Whelan não lidava com ingressos, o comunicado da Match aponta que o suspeito negociou os ingressos na capacidade de “consultor da Match”. Mas garante que os ingressos jamais foram vendidos. “Whelan não sabia que a Match havia bloqueado a venda para Fofana”, justificou a empresa. Ou seja, na linha de defesa da companhia, seu diretor não tinha conhecimento de uma decisão importante do comando da empresa.
A empresa de Fofana havia sido impedida de comprar ingressos, segundo a Match, depois que ficou provado que a companhia estava agindo no mercado negro. “As vendas jamais ocorreram”, garantiu a Match.
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Escutas – Para a companhia, a divulgação das escutas telefônicas é ilegal e a polícia está tirando conclusões “sem fazer investigações e sem entender minimamente” como funciona a venda de pacotes. Em um comunicado emitido nesta quarta, a Match acusa a polícia de “selecionar” o que é divulgado.
A empresa confirmou à agência Estadão Conteúdo que Whelan vai entregar “de forma voluntária” a sua credencial para a Copa do Mundo. “Whelan quer reafirmar seu compromisso em proteger os interesses da Match e da Copa”. Mas ele garante que não cometeu qualquer crime e está certo de que será absolvido.
A Match ainda acusa a polícia de não divulgar quais ingressos foram apreendidos. A empresa estima que os ingressos sejam antigos ou dos diretores da Match.
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(Com Estadão Conteúdo)