‘Ele chegou em casa muito bêbado’, diz mulher de Daniel Alves ao Tribunal
Testemunha de defesa, modelo Joana Sanz disse que não formalizou pedido de divórcio e negou que tenha discutido com o jogador na noite do suposto estupro
Terminou nesta terça-feira, 6, o segundo dia de julgamento de Daniel Alves, acusado de estupro por uma jovem de 23 anos, em uma boate na capital da Catalunha na noite de 30 de dezembro de 2022. Foram ouvidas 19 pessoas no Tribunal de Barcelona, incluindo Joana Sanz, a mulher do jogador brasileiro. Em um depoimento de apenas dez minutos, a modelo espanhola disse que o companheiro chegou em casa completamente embriagado naquela noite. O julgamento termina na próxima quarta-feira, 7, e o lateral-direito, pode ser condenado a até 12 anos de prisão.
Joana Sanz compareceu como testemunha de defesa do marido, reforçando os rumores de que tenha reatado com o jogador. Ela negou que o casal estivesse em um mau momento na relação e que tivesse tentado impedir de sair com os amigos naquela noite. Joana também disse que nunca pediu o divórcio legalmente, contrariando o que ela própria havia dito em entrevistas recentes.
“Pelo WhatsApp, perguntei se ele voltaria para jantar e ele me disse que não […] Voltou para casa muito bêbado, cheirando a álcool. Se chocou contra o armário e depois se esparramou na cama. No estado em que chegou, achei que era melhor conversar no dia seguinte”, afirmou Joana. “No dia seguinte, ele só me disse que saiu com amigos.”
No ano passado, Joana Sanz chegou a postar uma carta escrita à mão indicando o fim do casamento. “Perdoar alivia, então, fico com o mágico e encerro uma etapa da minha vida que começou no dia 18 de maio de 2015. Dou graças às oportunidades e aprendizados que a vida me dá. Por mais difíceis que sejam, aqui está uma mulher forte que passa à etapa seguinte da sua vida”, escreveu em março do ano passado.
No entanto, recentemente a modelo exibiu uma carta escrita na prisão pelo atleta, que dizia: “Por um beijo da magrinha eu daria qualquer coisa. Por um beijo dela, mesmo que fosse só um. Onde estar, tanto faz, tanto faz, mas com você ao meu lado sempre. Te amo”. Ela deixou o Tribunal acompanhada da sogra, dona Lúcia, e de outros amigos e parentes do jogador.
Amigos que acompanharam Daniel Alves na boate Sutton também testemunharam nesta terça. Bruno Brasil, Thiago Slovinski e Ulisses Neto afirmaram que Daniel Alves consumiu altas doses de álcool ao longo de todo o dia. “Ele bebeu uma garrafa e meia de vinho e duas doses de uísque, ou quatro. No bar anterior, bebeu gin, contou Brasil, que em declarações anteriores havia dito que Daniel Alves consumira apenas “meia taça de champanhe.”
Bruno Brasil admitiu que ele e Daniel Alves dançaram com a denunciante do jogador e uma prima dela, mas afirmou que tudo se deu de forma amistosa. “Elas estavam de divertindo […] Havia química entre eles”, disse. O chef de cozinha disse ter visto Daniel Alves e a jovem que o acusa de estupro saírem do banheiro. “Ela entrou depois dele. Depois os vi sair, estivemos na área reservada dançando, depois se despediram, ela apertou minha mão e a prima me deu um beijo na bochecha.”
Depois dos amigos, a corte ouviu policiais e o diretor da boate Sutton. Todos convergiram na tese de que a denunciante estava abalada emocionalmente e com medo de denunciar o atleta por se tratar de uma pessoa famosa. “Ela era incapaz de falar. As amigas falavam por ela. Disseram que ele não a havia deixado sair, que tinha tocado suas genitais. As amigas também estavam muito nervosas. A única coisa que ela dizia era que não queria dinheiro, mas justiça, e que havia sido estuprada por Daniel Alves”, afirmou um policial à paisana presente na casa noturna.
Daniel Alves dará sua versão na próxima quarta-feira, 7, no terceiro e último dia de julgamento. Ele segue em prisão preventiva até a conclusão do julgamento, enquanto os advogados buscam um acordo antes da sentença. No entanto, a probabilidade de consenso é baixa, segundo informações da rede de TV Telecinco.
A última sessão será voltada para trâmites periciais, e a juíza do caso, Isabel Delgado Pérez, ficará encarregada de elaborar a sentença. A defesa da mulher que acusa o jogador solicitou uma condenação de 12 anos de prisão, enquanto os advogados do acusado tentam resolver o julgamento por meio de um acordo.
A versão da denunciante
A suposta vítima afirmou em conversas vazadas com um policial que Daniel Alves a insultou, jogou sua bolsa e começou a agredir. As falas divulgadas também mostram a jovem admitindo temer que ninguém acreditaria em sua versão.
Ela diz que os policiais não acreditariam em sua versão, de ter sido supostamente violentada, orque as gravações das câmeras da boate mostrariam ela entrando voluntariamente no banheiro.
“Entrei voluntariamente no banheiro e, depois de alguns beijos, disse a ele que queria sair. Ele falou que não e fechou o trinco. Ele começou a me dizer coisas desagradáveis, como ‘você é minha p…’ e começou a me bater. Ele jogou minha bolsa no chão e me bateu”, disse aos agentes.
Uma amiga dela relata que “houve penetração”. A partir disso, a polícia aciona uma ambulância e a jovem volta a dizer que não acreditariam em sua versão. Logo após, a imagem é cortada.
“Ninguém vai acreditar em mim porque vão ver nas câmeras que entrei voluntariamente no banheiro”, afirma. De acordo com os jornais La Vanguardia e El Publico, a gravação é um documento essencial para a investigação do caso.
Para o promotoria, Daniel Alves ainda é considerado uma pessoa com “alto risco de fuga”. Por esse principal motivo, o Ministério Público da Espanha negou todos os pedidos de liberdade até o momento.
Relembre o caso
No dia 21 de março de 2023, o Tribunal de Barcelona rejeitou o pedido feito pela defesa do jogador brasileiro para que o atleta respondesse ao processo em liberdade. Na decisão, os três juízes responsáveis, Eduardo Navarro, Myriam Linage e Carmen Guil, alegaram que há risco de fuga de Daniel Alves para o Brasil, além de diversos indícios do crime cometido pelo jogador de 39 anos.
Daniel deu cinco versões para o ocorrido na boate Sutton, em 31 de dezembro de 2022. A princípio, ele havia negado qualquer tipo de abuso, afirmou que estava apenas dançando na boate e que nem sequer conhecia a mulher, em entrevista a uma emissora espanhola, dia 5 de janeiro. Após, chegou a admitir que houve sexo.
As investigações podem levar a uma punição severa ao brasileiro. Desde outubro de 2022, vigora na Espanha a Lei de Garantia da Liberdade Sexual, conhecida popularmente como lei do “só sim é sim”, e diz respeito ao que configura sexo consensual (atual versão defendida por Daniel Alves).
A denúncia se assemelha ao caso do ex-atacante Robinho, que no no passado foi condenado de forma definitiva pela Justiça italiana a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa, ocorrido em 22 de janeiro de 2013, em uma casa noturna de Milão. O ex-jogador segue vivendo em liberdade em Santos (SP), pois o Brasil não extradita seus cidadãos.
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