Brasil x Argentina: um duelo de gigantes com muito a perder
Seleção brasileira ainda não convenceu na Copa América e tenta evitar novo trauma no Mineirão; situação argentina é ainda pior
![Brasil x Argentina: um duelo de gigantes com muito a perder](https://placar.com.br/wp-content/uploads/2021/09/gettyimages-622239590-1.jpg)
BELO HORIZONTE – Brasil e Argentina fazem nesta terça-feira, 2, no Mineirão, a partir das 21h30, um clássico decisivo, valendo vaga na final da Copa América, num duelo de gigantes adormecidos ou, ao menos, baleados, e com mais a perder do que a ganhar. A seleção anfitriã, que perdeu seu craque, Neymar, cortado, vive sob desconfiança depois da frustrante Copa na Rússia e, apesar dos bons números – Tite tem apenas duas derrotas em três anos de trabalho – precisa confirmar sua supremacia no continente, o que não ocorre desde 2007. Do lado argentino, o cenário é ainda pior: persegue um título há 26 anos e é um time tão desorganizado que faz o gênio Lionel Messi parecer um jogador comum.
O Brasil chega para o duelo como favorito, e não apenas por jogar em casa. Tem uma defesa sólida, que não levou nem um gol sequer no torneio, e um projeto mais longevo e estruturado. Mas a pouca criatividade do ataque, sobretudo diante de fortes retrancas, é o motivo de maior preocupação. O “fantasma” do Mineirão, palco do maior vexame da história da seleção, o 7 a 1, também pode ser usado como trunfo dos visitantes. A Argentina, no entanto, também carrega seus traumas: vem de três vice-campeonatos seguidos, o da Copa do Mundo de 2014, justamente no Brasil, e das edições de 2015 e 2016 da Copa América, ambas perdidas para o Chile, que segue vivo do outro lado da chave.
“Não está sendo meu melhor torneio”, admitiu Lionel Messi, ainda em busca de seu primeiro troféu com a seleção adulta. Sobretudo depois da ausência de Neymar e eliminação dos uruguaios Luís Suárez e Edinson Cavani, o camisa 10 argentino se tornou quase que uma estrela solitária de um torneio esvaziado. Tanto que diversos brasileiros, especialmente crianças, perseguiram o ídolo, em busca de uma foto ou um mero aceno, a cada viagem da seleção argentina. “A gente só rivaliza com quem a gente admira”, resumiu Tite, que rasgou elogios e disse que “não há como anular Messi”.
O zagueiro Thiago Silva foi além e tratou o craque do Barcelona como “o maior da história”, mas deu algumas pistas sobre como marcá-lo. Messi não tem um bom retrospecto contra o Brasil: fez quatro gols em nove jogos, o último em 2012, e acumula cinco derrotas, três vitórias e um empate. Mas a esperança de todos os argentinos é que apresente sua melhor versão, justamente num momento tão decisivo. “ Nós nos acostumamos a vê-lo sempre fazendo três gols, mas aqui lhe pedimos outras coisas. Estamos muito satisfeitos e confiamos em Messi, é nossa bandeira”, afirmou o técnico novato Lionel Scaloni, que deu sinais de insegurança antes do jogo.
Tanto Scaloni quanto Tite sabem que uma derrota pode fazê-los balançar no cargo – o argentino ainda mais, ainda que negue. “Esse jogo não vale nada para Scaloni, vale para a Argentina”, despistou. Os dois treinadores mantiveram o mistério na escalação. O Brasil terá o retorno importante de Casemiro, que volta de suspensão, mas pode não ter Filipe Luís, que se recupera de lesão muscular na coxa. “Eu sei o time, mas não vou dizer”, afirmou Tite. Do lado rival, Scaloni confirmou apenas o jogador que todos pensavam que poderia sair.
“Não vou revelar o time, mas a única coisa que digo é que Agüero vai jogar. Não sei por que vocês sempre dizem que ele vai sair do time (…) Só garanto o Agüero, do resto ninguém. Nem Messi!”, disse, em tom bem-humorado. Até o momento, foram vistos poucos torcedores argentinos na capital mineira. É possível, no entanto, que eles cheguem na última hora para o duelo, que, ainda que não desperte as mesmas emoções de outros tempos, continua sendo um jogo que o mundo para para assistir. “Estou numa expectativa danada, não consegui dormir e não vou dormir de novo. Será um grande jogo, um grande espetáculo”, confessou Tite.
Prováveis escalações:
Brasil Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Marquinhos e Filipe Luís (Alex Sandro); Casemiro, Arthur, Phillippe Coutinho; Gabriel Jesus, Firmino e Everton. Técnico: Tite
Argentina: Franco Armani, Juan Foyth, German Pezzela, Nicolás Otamendi, Nicolás Tagliafico, Rodrigo De Paul, Leandro Paredes, Marcos Acuña, Lionel Messi, Sergio Agüero, Lautaro Martínez. Técnico: Lionel Scaloni.
![<p class="p1"><span class="s1"></span>O primeiro jogo da história <em>(acima, a seleção brasileira)</em> aconteceu em Buenos Aires, no estádio do Club Gimnasia y Esgrima. Carlos Izaguirre (2) e Aquiles Molfino fizeram os gols.</p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/20-de-setembro.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span>Após a derrota por 3 a 0 na primeira partida da história <em>(na foto, a seleção argentina)</em>, o Brasil deu o troco apenas sete dias depois, no mesmo estádio. Rubens Salles, meio-campo do Paulistano, marcou o único gol do jogo válido pela Copa Roca. Foi o primeiro título conquistado pela seleção.</p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/27-se-setembro.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span><span class="s1">A Copa de 1974 recebeu o primeiro clássico em Mundiais e o Brasil eliminou os rivais na segunda fase do torneio. Rivellino abriu o placar, Brindisi empatou e Jairzinho <em>(em disputa de jogada, na foto)</em> garantiu a vitória brasileira.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/30-de-junho-de-1974.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="MsoNormal" style="mso-pagination: none; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;"><span style="font-size: 16.0pt; mso-ascii-font-family: Cambria; mso-hansi-font-family: Cambria; mso-bidi-font-family: Cambria;"></span><span style="font-size: 16.0pt; font-family: Cambria; mso-bidi-font-family: Cambria;">Quatro anos depois, a Argentina não venceu, mas se vingou do Brasil. País-sede da Copa de 1978, os argentinos seguraram o empate na segunda fase e conseguiram a vaga na final na partida seguinte. O jogo ficou conhecido como a batalha de Rosário, cidade que recebeu a partida, tamanha a violência das equipes. Na foto, Kempes e Dirceu disputam uma jogada.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/18-de-junho-de-1978.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span><span class="s1">Uma das vitórias mais categóricas do Brasil sobre a Argentina aconteceu na Copa de 1982. Zico, Serginho Chulapa e Junior marcaram no triunfo por 3 a 1 e Ramón Díaz fez o gol de honra. A partida também contou com a expulsão do ainda jovem Diego Maradona por uma entrada forte em Batista, já nos minutos finais. Na foto, o capitão Sócrates.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/2-de-julho-de-1982.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span><span class="s1">O gol mais bonito do clássico aconteceu no Maracanã, quando Brasil e Argentina estreavam no quadrangular final da Copa América. Bebeto foi o autor do golaço, com um voleio no ângulo. Romário fez mais um, a seleção brasileira venceu por 2 a 0 e conquistou o título quatro dias depois.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/12-de-julho-de-1989.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span><span style="font-family: Cambria; -webkit-text-stroke: #000000;">A única vitória da Argentina no duelo em Copas do Mundo aconteceu na Itália, e Maradona <i>(na foto em lance com Careca)</i> foi decisivo. Depois do Brasil acertar três bolas na trave, o camisa 10 precisou apenas de um lance para definir o jogo: ele deixou a defesa brasileira inteira para trás e tocou para Caniggia, livre, fazer o gol.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/1990.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span>No primeiro Brasil e Argentina válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, Alex <i>(na foto, em lance com Simeone)</i> e Vampeta foram os destaques da vitória brasileira no Morumbi. O ex-meia do Palmeiras fez o primeiro gol e coube ao ex-volante do Corinthians marcar mais duas vezes. O gol argentino foi de Matías Almeyda.</p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/alex-do-brasil-num-lance-de-jogo-contra-simeone-da-argentina-durante-a-parti.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span><span style="font-family: Cambria; -webkit-text-stroke: #000000;">A seleção brasileira era praticamente formada por reservas na Copa América. Os argentinos venciam o Brasil na final por 2 a 1 e faziam firulas nos últimos minutos. Então Adriano <i>(na foto, marcado por Coloccini)</i>, aos 48 do segundo tempo, empatou e levou a decisão para os pênaltis. Júlio César defendeu uma cobrança e o Brasil conquistou o título.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/25-de-julho-de-2004.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
![<p class="p1"><span class="s1"></span><span style="font-family: Cambria; -webkit-text-stroke: #000000;">Uma das maiores goleadas do duelo aconteceu na decisão da Copa das Confederações, com gols de Adriano (2), Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Aimar descontou para os argentinos. Foi a primeira final entre as duas seleções em uma competição internacional.</span></p>](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/29-de-junho-de-2005.jpg?quality=70&strip=info&w=920)