Seis curiosidades sobre o Pisa, de volta à Série A após 34 anos
Clube toscano dirigido pelo ex-atacante Pippo Inzaghi já teve Dunga como ídolo e cachorro como presidente honorário

O Pisa está de volta à Série A italiana. O clube toscano garantiu o acesso no último domingo, 4, ao bater o Bari fora de casa por 1 a 0 e assegurar o vice-campeonato da segunda divisão, atrás do campeão Sassuolo. Será a primeira vez que os Nerazzurri jogarão a elite desde a temporada 1990/1991.
Confira seis curiosidades sobre o Pisa Sporting Club, clube fundado em 1909 na cidade conhecida por abrigar um dos maiores cartões-postais do mundo, a Torre de Pisa.
Técnico-artilheiro
O Pisa é dirigido por um conhecido personagem do futebol italiano, o ex-atacante Filippo Inzagui, ídolo do Milan, campeão mundial pela Azzurra em 2006. Aos 51 anos, Pippo alcançou seu grande feito na nova carreira (antes havia passado por Bologna, Benevento, Brescia, Reggina e Salernitana) ao guiar o time da Toscana a 23 vitórias, 6 empates e 9 derrotas em 38 partidas.
A expectativa da torcida é que Inzagui permaneça no Pisa para o retorno à elite na temporada 2025-26. Pippo é o irmão mais velho de Simone Inzagui, técnico da Inter de Milão.

Goleador ítalo-francês
O elenco do Pisa é formado por diversos atletas estrangeiros, com destaque para os escandinavos Abildgaard, Højholt, Meister, Lind (da Dinamarca) e Solbakken (Noruega). O meia Emanuel Vignato, nascido na Itália, tem passaporte brasileiro (é filho de mãe brasileira) e chegou a ser convocado para a seleção canarinho sub-17, mas depois optou pela Azzurra.
O herói do acesso, porém, foi o ponta-esquerda Matteo Tramoni, de 25 anos, que marcou 13 gols e deu 3 assistências em 25 jogos na campanha. Nascido em Ajaccio, na França, ele passou por Brescia e Gagliari antes de brilhar em Pisa.
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Cachorro presidente
Um dos aspectos mais pitorescos ligados ao Pisa foi relembrado nesta terça-feira, 6, pelo perfil Copa Além da Copa, no Twitter: Gunther IV, o presidente canino. O pastor alemão, chamado pela revista Forbes de “o cachorro mais rico do mundo”, pertencia ao então dono do Pisa, Maurizio Mian, que nomeou Gunther IV como presidente honorário do clube em 2002.
O caso atraiu grande notoriedade à equipe, então na terceira divisão. O cão comparecia a todas as partidas em casa do Pisa, e em alguns fora também. Certa vez, no entanto, foi impedido pela rival Fiorentina (então chamada de Florentia Viola, no período após sua falência) de entrar no estádio Artemio Franchi, em mais um caso insólito que ganhou as páginas dos jornais locais.
Gunther ainda é lembrado como alvo de piadas dos rivais.
A torcida do Livorno já levou uma faixa ao estádio que dizia "almôndegas envenenadas para Gunther".
Já a Fiorentina barrou o acesso do cão à tribuna presidencial, e a torcida ameaçou levar gatos ao campo como provocação. pic.twitter.com/ns7w169LUc
— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) May 6, 2025
Rivalidade com a Fiorentina
Ainda de acordo com o perfil Copa Além da Copa, a rivalidade entre Pisa e Fiorentina remonta da Idade Média, bem antes do surgimento do futebol, em razão dos conflitos entre as cidades vizinhas.
Descrita em Eneida, do poeta romano Virgílio, como um “grande centro comercial”, a cidade portuária de Pisa se localiza na saída do rio Arno para o Mar Mediterrâneo. Foi a riqueza da cidade que levou a construção da famosa torre inclinada, concluída em 1373.
Já Florença, o centro têxtil e financeiro da Toscana, conhecido como o berço do Renascimento, via Pisa como sua grande rival, pois a cidade vizinha controlava as rotas marítimas. O conflito levou a guerras sangrentas entre os séculos XIII e XVI.
O contexto histórico foi transmitido para o futebol, com a rivalidade entre Fiorentina e Pisa atingindo seu ápice nos anos 1980. O Livorno, outro time da região da Toscana, também é visto como inimigo dos nerazzurri.
O volante brasileiro Dunga, capitão do tetra, experimentou essa rivalidade ao trocar o Pisa pela Fiorentina em 1988. Em edição de PLACAR daquele ano, o atleta gaúcho falou sobre a importância de se vestir bem na Itália.

Dunga e mais ídolos internacionais
Além de Dunga, o Pisa contou na década de 1990 com outro líder brasileiro: Luís Vinicio. Nascido em Belo Horizonte, ele se destacou como meio-campista do Botafogo nos tempos de Garrincha e, durante uma excursão do Glorioso à Itália, chamou a atenção do Napoli. Ele ainda passou por diversos clubes do país onde fincou raízes.
Ainda nos anos 1960, Vinicio iniciou a trajetória como treinador e, após passagens por Napoli, Lazio e Avellino, ele assumiu o Pisa em 1982, ano em que concedeu entrevista à PLACAR ao lado dos reforços internacionais do time, o uruguaio Carballo e o dinamarquês Bergreen.
Dentre os ídolos internacionais da história do Pisa, destacam-se Dunga e os argentinos Diego Simeone e José Chamot. O volante brasileiro fez uma das atuações mais marcantes de sua carreira pelo Pisa, diante de outro Nerazzurro, a Inter de Milão, ao marcar um golaço no triunfo por 2 a 1 que manteve a equipe toscana na primeira divisão. Em entrevista à PLACAR em 1989, Dunga elegeu aquele como o gol mais marcante de sua vida.
Estádio perto da Torre
O Pisa manda seus jogos na Arena Garibaldi, construído em 1919, atualmente com capacidade para 25.000 espectadores.
Um clube de futebol que joga de frente pra uma das torres mais famosas do mundo, tem rivalidade medieval com a Fiorentina, uma torcida de esquerda e é talvez o único clube do planeta a já ter sido presidido por um cachorro:
O Pisa está de volta à Série A italiana após 34 anos. pic.twitter.com/0KrAv48Sh7
— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) May 6, 2025
O estádio está localizado a apenas 500 metros (a sete minutos de caminhada) da famosa Torre de Pisa, o campanário situado atrás da catedral da cidade e um dos pontos turísticos mais visitados do planeta.