Iñaki Williams entrou para a história do time basco e citou o crescimento da extrema direita na Espanha: "Trabalhando para calar bocas"
Iñaki Willliams entrou para a história definitiva do Athletic Bilbao e, na atual temporada, se tornará o primeiro jogador negro do clube a vestir a faixa de capitão. O atacante que já havia feito história ao se tornar o segundo negro na história do Athletic e aproveitou o momento para deixar uma mensagem forte antirracista em meio ao anúncio, citando inclusive o crescimento da extrema direita no país e reforçando a cultura e presença de imigrantes na Espanha: “Vamos seguir trabalhando para calar bocas”.
O atacante detém 471 partidas pelo clube, com 111 gols marcados. O jogador de origem ganês vestiu a camisa do Baskonia no início de carreira e estreou pelo Athletic Bilbao em 2014. Desde então, segue no time rojiblanco fazendo história – agora ao lado do irmão Nico Williams.
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“Significa muito (um capitão negro). Parece até casualidade, quando minha mãe e meu pai me tiveram em Bilbao há 31 anos, e no final o destino é o destino. Se não fosse pelos meus pais, eu e Nico não estaríamos aqui. Temos a sorte de poder representar muita gente que vem de fora para ganhar o pão de cada dia, e ser uma referência não somente a nível basco, mas também espanhol.
É importante para a gente, tanto para mim quanto para Nico e também para outros jovens. Somos pessoas de famílias muito humildes e poder expor desta forma o que as pessoas (imigrantes) vêm fazer aqui na Espanha é bom para todos. Parece que a ultradireita é moda, e nós que temos voz vamos tentar seguir trabalhando para calar bocas e derrubando barreiras”.
Os irmãos Iñaki e Nico Williams juntos pelo Bilbao – EFE/ Quique García
O Athletic Bilbao é um rebelde em meio ao futebol globalizado. Isso porque, desde 1898, o clube não contrata jogadores estrangeiros e admite vestir a camisa rojiblanca apenas atletas nascidos ou formados no País Basco (região entre o norte da Espanha e sul da França).
Não há restrição para filhos e filhas de imigrantes, como é o caso dos irmãos Iñaki e Nico Williams, portanto. O objetivo do clube é preservar os valores da comunidade basca e, nesta lógica, ter nascido e/ou crescido na região é o principal.
Além dos irmãos com descendência de Gana (Iñaki inclusive defende a seleção africana), um brasileiro já vestiu a camisa rojiblanca. É o caso do ex-goleiro Vicente Biurrun, que nasceu em São Paulo, mas migrou para o País Basco ainda criança – tendo crescido, assim, com os valores da comunidade local.
Mesmo diante das restrições, o Athletic Bilbao detém a escrita de nunca ter sido rebaixando no Campeonato Espanhol, junto somente de Barcelona e Real Madrid. A equipe basca é também o quarto maior vencedor da Liga Espanhola, com oito títulos, e o segundo maior vencedor da Copa do Rei, com 24 conquistas, à frente de Real Madrid e abaixo somente do Barcelona.
Figurinha de Vicente Biurrun na década de 80 – Reprodução / Internet
Mais velho dos irmãos, Iñaki Williams estreou no time profissional do Athletic Bilbao em 2014 e se tornou o segundo jogador negro a vestir a camisa rojiblanca. Naturalmente, Nico Williams estreou em 2022 e se tornou o terceiro negro na história do clube basco.
O primeiro jogador negro na história do Athletic Bilbao foi o zagueiro Jonás Ramalho, filhos de angolanos, mas natural de Baracaldo, no País Basco. O zagueiro fez base no clube basco e recebeu a oportunidade com o técnico Marcelo Bielsa, mas pouco jogou.
Ramalho foi na sequência cedido ao Girona e posteriormente Osasuna e Málaga. Atualmente defende o Kazma, do Kuwait.
Ramalho em ação pelo Bilbao em jogo contra o Real Madrid – EFE/Alfredo Aldai
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