De falta de água a TV de 16 anos pifada: a cobertura da estreia de Neymar
Com estrutura precária, Santos tem dificuldades para acomodar profissionais de imprensa na Vila Belmiro no retorno do ídolo

A festa montada pelo Santos na Vila Belmiro para apresentar Neymar na última sexta-feira, 31, e quatro dias depois para a reestreia de seu ídolo em nada parece com a dura realidade enfrentada por jornalistas credenciados para a cobertura, acomodados no setor destinado à imprensa escrita e algumas rádios.
Na última quarta-feira, 5, PLACAR esteve in loco na tribuna de imprensa Antonio Carlos Magalhães, inaugurada em 2004, que conta com estrutura limitada para os profissionais e praticamente nenhuma modernização desde a primeira passagem do astro, entre 2009 e 2013.
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Com espaço insuficiente para acomodar todos os credenciados pela FPF (Federação Paulista de Futebol), diversos jornalistas se viram obrigados a trabalhar com o computador no colo, ou mesmo de pé.
Os que não tiveram acesso até a bancada onde ficam apoiados os computadores, tiveram que se sentar em cadeiras improvisadas, as mesmas utlizadas nas “numeradas” da Vila, como é conhecido um dos setores do estádio.

O local parecia um forno devido ao forte calor mesmo com o jogo marcado para às 21h30. Os dois ventiladores instalados, um em cada ponta dos ambientes, eram insuficientes para a presença de pelo menos 40 profissionais, que constatemente se abanavam.
Vale dizer que o espaço também não conta com bebedouros. Inicialmente abastecido com uma quantidade de copos de água, dispostos em uma caixa de papelão, antes mesmo do início da partida já não havia mais o que beber, nem como buscar pela dificuldade em passar pelos torcedores.

A única televisão instalada no ambiente, utilizada comumente pelos profissionais para conferir os lances duvidosos, como a confirmação da marcação do pênalti convertido por Tiquinho Soares, está quebrada. O pequeno modelo é de 2008, da marca STI, braço da Semp Toshiba Informática. A empresa patrocinou o clube no fim da gestão anterior do atual presidente Marcelo Teixeira no mesmo período.
Causa incômodo a existência de alguns pontos cegos. É impossível ver com clareza uma das laterais do campo e alguns pontos, também atrapalhados pela presença de colunas ou o grande volume de torcedores. Um dos jornalistas presentes pediu por mais de uma vez para que outro profissional se sentasse, evitando obstruir sua visão. Ele pediu a intervenção de um dos assessores do clube.

Ao final da partida, jornalistas ainda precisam passar no meio de torcedores com equipamentos para se dirigirem até a sala de entrevistas onde o técnico Pedro Malta, auxiliar de Pedro Caixinha, deu explicações sobre o resultado. Diferentemente da maior parte dos estádios, por falta de espaço o clube não costuma fazer zonas mistas, local de entrevistas montado para jogadores atenderem aos jornalistas.
Essa foi apenas a primeira partida do jogador desde a volta. Em caso de classificação às fases mais agudas de competições, uma delas o próprio estadual, o clube pode se ver com ainda mais dificuldades. Além de veículos brasileiros, profissionais de uma agência de notícias francesa também estiveram presentes na Vila.
Em sua apresentação, segundo o clube, quase 500 profissionais realizaram cadastramento provocando a mudança do local de entrevistas coletivas para o Salão de Mármore, utilizado para grandes festas.
Pouco antes da partida de estreia de Neymar, o Peixe correu para reformar um dos camarotes superiores do estádio, que leva o nome do ex-ponta Dorval e foi cedido para o jogador receber familiares e convidados. Utilizado antigamente pela casa de apostas Blaze, o espaço recebeu pintura, foi adesivado e ganhará a instalação de novos aparelhos de ar-condicionado. Após a partida, convidados do jogador cantaram parabéns e fizeram uma pequena festa para ele no local.
PLACAR procurou o Santos questionando o clube sobre alguns dos problemas encontrados. A agremiação respondeu no início da tarde desta quinta, 6:
“Hoje (6) pela manhã nós tomamos conhecimento de sua matéria sobre problemas envolvendo a cobertura da partida contra o Botafogo, na reestréia do atacante Neymar Júnior. Com certeza, acreditamos que o senhor constatou o grande interesse da mídia em geral para acompanhar o retorno do grande atleta e ídolo do Santos e do futebol brasileiro.
Rigorosamente, o interesse foi mundial. Aliás, em sua matéria publicada na última madrugada, o senhor mesmo destacou a presença de quase 500 jornalistas na primeira entrevista coletiva de Neymar Júnior. Pelo horário em que o senhor postou seu texto, seria praticamente impossível uma manifestação do Santos para publicação simultânea, como manda a prática do jornalismo isento.
Sem dúvida, desde o anúncio oficial do retorno de Neymar, que o senhor deve ter acompanhado, o Clube viveu um momento excepcional. A cobertura do jogo contra o Botafogo envolveu centenas de jornalistas e profissionais de redes sociais e por mais que tenhamos trabalhado para garantir boas condições de trabalho, até por questões de espaço físico, ocorreram alguns problemas.
Em nenhum momento, porém, nossa equipe deixou de trabalhar para resolver os problemas pontuais. Aliás, essa atenção é permanente, em qualquer partida, nossa meta é sempre fazer o melhor e auxiliar no que for possível, com boa vontade e bom senso.
Ainda recentemente, o senhor mesmo foi atendido em um pleito para retirada de credencial fora do horário estabelecido. Nós fomos flexíveis e sensíveis, entendendo sua necessidade e a importância de seu trabalho.
As críticas construtivas são sempre bem-vindas, desde cedo estamos avaliando todos os aspectos que envolveram o jogo de ontem (5). E já estamos trabalhando para tentar resolver até mesmo questões de infraestrutura e apoio”.
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