Raposa foi derrotada pelo Palestino e agravou ainda mais um 2025 caótico, marcado por um elenco estrelado que pouco entrega
O Cruzeiro perdeu para o Palestino, do Chile, na última quinta-feira, 24, pela terceira rodada da Copa Sul-Americana. O resultado complicou a situação da Raposa na competição, que agora precisa de um segundo turno perfeito para se classificar.
A decepção é mais uma na temporada, que já conta com eliminação na semifinal do estadual. Da mesma forma, sintetiza um ano marcado por falta de convicção, apesar do elenco badalado.
Em 2025, são 18 partidas, cinco vitórias, cinco empates e oito derrotas, com 21 gols marcados e 22 sofridos. O aproveitamento é de 37% dos pontos, desempenho muito abaixo em comparação aos gastos atuais.
Depois de viver grave crise econômica marcada pelo rebaixamento de 2019, a Raposa viveu um calvário na Série B. Com a aprovação da Lei da SAF, a equipe foi vendida para o ex-jogador Ronaldo Nazário, que entre o dezembro de 2021 e abril de 2024 geriu o futebol.
Pedro Lourenço, dono da SAF do Cruzeiro – Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Dono de uma política de controle de custos, o empresário não conseguiu levar o time mineiro de volta às glórias. Assim, passou o bastão para o bilionário Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH, que transformou a postura financeira cruzeirense.
Em 2024, os gastos salariais foram superiores a 200 milhões de reais, representando um aumento significativo em relação a 2023, quando o investido foi cerca de 95 milhões. Da mesma forma, a gestão de Pedrinho (como é conhecido em Minas Gerais) mobilizou cerca de 260 milhões de reais com o valor de passe em reforços.
O ano começou com as contratações de Gabigol e Dudu, que, por estarem em fim de contrato, chegaram sem pagamentos para Flamengo e Palmeiras, respectivamente. Todavia, até o momento, as “principais estrelas” ainda passam longe de brilhar.
O atacante de 28 anos até balançou a rede sete vezes na temporada. Por outro lado, cinco deles ocorreram no Campeonato Mineiro – sendo quatro na primeira fase.
Já Dudu, mais experiente e sempre utilizado como um ponta, marcou dois gols. Ele, além disso, não contribui com nenhuma assistência direta.
Gabigol é uma das estrelas da Raposa – Gustavo Aleixo / Cruzeiro
Com ambos em campo, os números são de quatro vitórias, quatro empates e seis derrotas. A única vez que apenas um deles (e foi Dudu) atuou foi recentemente, no empate contra o São Paulo, pelo Brasileirão.
Um ponto crítico do Cruzeiro em 2025 é a defesa. A média é de 1,2 gols sofridos por jogo, o que transfere olhares para o sistema tático e também para as atuações individuais, em especial para o goleiro.
Cássio, dono da posição na Raposa, não convence desde que chegou do Corinthians, em julho de 2024. Até aqui são 44 jogos, com 45 gols sofridos.
Não bastasse a estatística, a fase técnica do arqueiro é ruim. Neste ano, são 19 tentos contra em 16 atuações, sendo alguns provenientes de suas falhas, como na mais recente derrota para o Palestino.
O Cruzeiro já contou com dois treinadores no ano: Fernando Diniz e Leonardo Jardim. O brasileiro foi quem iniciou a temporada, mas deixou o cargo após três jogos, enquanto o português assumiu há 11 partidas.
Diniz venceu, empatou e perdeu uma vez. Já no caso de Jardim, são seis derrotas, três empates e duas vitórias, o que representa um aproveitamento de apenas 27% dos pontos.
Leonardo Jardim, técnico do Cruzeiro – Gustavo Aleixo / Cruzeiro
Curiosamente, no comando técnico, quem tem melhores números é um interino. Entre os dois trabalhos principais, quem assumiu foi Wesley Carvalho, com duas vitórias, um empate e uma derrota.
Atual vice-campeão da Copa Sul-Americana, o clube belorizontino protagoniza marcas negativas nesta edição da competição. Para além de não ter somado sequer um ponto, os comandados de Jardim têm o a pior defesa (5 gols sofridos) e o segundo pior ataque (2 gols feitos) entre brasileiros do torneio.
Este é o pior início da história do Cruzeiro em competições continentais. Superando, por gols sofridos, as três primeiras rodadas da Copa Libertadores de 1997, quando também perdeu os três primeiros jogos, antes de arrancar três êxitos no segundo turno e partir rumo ao título.
CRUZEIRO NO ANO
DUDU E GABIGOL
CÁSSIO PELO CRUZEIRO
ESTATÍSTICAS DA SUL-AMERICANA
OS TREINADORES
QUANTO O CRUZEIRO GASTOU