Jogadores do Corinthians criticam presença de políticos em premiação
Cássio, Clayson e especialmente Vagner Love, o autor do gol do título, reclamaram das companhias de Major Olímpio e Cauê Macris na festa
Alguns jogadores do Corinthians não gostaram de ver políticos comemorando o título do Campeonato Paulista ao lado do elenco, no último domingo, em Itaquera. Estiveram presentes o senador Major Olímpio (PSL-SP) e o deputado estadual Cauê Macris (PSDB-SP), este último responsável por erguer a taça ao lado do goleiro Cássio. O momento causou grande incômodo no atacante Vagner Love, autor do gol que deu a vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo.
“Quem era esse figura aí?”, questionou Love, sentado ao lado dos jornalistas enquanto Cássio ouvia uma pergunta sobre o assunto. O goleiro reconheceu ser pouco usual o que fez Macris, sem estender a polêmica. “Só vi que tinha uma pessoa puxando a taça, e eu puxava para erguer e tinha uma pessoa. Eu não sabia quem era. Geralmente eles me dão a taça e eu ergo. Vi depois que era um político, li em algum site. O que interessa é que o Corinthians foi campeão”, disse, de forma mais amena que o atacante.
“Eu fico boladão, velho. Fico bolado com essa parada aí. Quem tem que estar ali é a gente, os amigos, família, os companheiros que ralam no dia a dia”, observou o autor do gol do título, relativizando um pouco o fato na sequência. “Não sei quem é, mas tenho certeza de que o cara é corintiano, torceu e ficou feliz pelo título, isso também é importante.”
O lateral direito Fagner não mostrou grande preocupação com o tema, ainda que a resposta tenha sido “atrapalhada” por uma intervenção de Love. Clayson, por sua vez, pediu que os políticos respeitassem o espaço de comemoração daqueles que ganharam o título no campo.
“É mais espaço do jogador. A gente não vai lá no espaço deles, então, é um momento nosso”, avaliou o atacante, sem entrar no mérito de quais eram as pessoas citadas ou do alinhamento de ideias políticas com quem marcou presença no gramado da Arena.
Dérbi Bolsonarista e ‘mimo’ de Andrés Sánchez
Meses depois de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) participar ativamente da festa do título do Campeonato Brasileiro do Palmeiras, outro famoso integrante do PSL, o senador Major Olímpio, roubou a cena na festa do título paulista do Corinthians.
No momento da entrega de medalhas aos jogadores corintianos, ele subiu ao palco vestindo uma camisa da seleção brasileira com número 17 (legenda do partido), em meio a outros cartolas da entidades. O senador, inclusive, ficou com uma das medalhas, que colocou no peito.
Segundo a assessoria de Olimpio, a medalha foi um mimo de Andrés Sánchez, presidente do Corinthians e ex-deputado federal pelo PT – além de amigo íntimo do ex-presidente Lula, maior rival dos bolsonaristas. O Corinthians não confirma a informação.
O estafe de Major Olímpio informou ainda que o convite para sua presença na festa corintiana foi feita pela Federação Paulista de Futebol, posição idêntica à do Corinthians. Procurada, a FPF não se pronunciou até o momento.
No ano passado, Olímpio, com a mesma camisa da seleção brasileira, também esteve na festa do título brasileiro do Palmeiras com Jair Bolsonaro. Palmeirense, o presidente foi convidado pela diretoria alviverde para comparecer aos camarotes e até vestiários do Allianz Parque; depois, convidado pela CBF, também ergueu a taça conquistada pelos atletas.
Quando era deputado federal, em 2015, Major Olímpio foi autor do Projeto de Lei que visava extinguir as torcidas organizadas. Agora, eleito senador, ele prometeu que seguirá lutando pelo fim das uniformizadas.
(com Gazeta Press)