Há 4 anos, abertura da Copa no Brasil rendia memes e críticas. Relembre
Cerimônia tentou mostrar riqueza cultural e natural do Brasil, mas escorregou ao ter índio com cinto de segurança e gente vestida de samambaia
A abertura da Copa do Mundo da Rússia acontece nesta quinta-feira, mas para muitos a lembrança de Claudia Leitte surgindo de um enorme globo e do exoesqueleto perdendo protagonismo para um ônibus ainda está fresca. Há quatro anos e um dia, em 12 de junho de 2014, acontecia na Arena Corinthians, em São Paulo, a abertura da Copa do Mundo do Brasil. Tradicionalmente, a cerimônia não costuma ser longa e nem altamente elaborada, ao contrário do que acontece durante os Jogos Olímpicos, quando a festa é uma atração à parte, mas a abertura no Brasil foi particularmente criticada e virou piada na internet. Fosse pelo clima tenso na política – as manifestações de junho de 2013 ainda estavam frescas na cabeça de muita gente –, a irritação com os gastos públicos com a competição ou simplesmente pelo espírito zoeiro do brasileiro, cada segundo da cerimônia virou meme nas redes sociais.
Com intenção de homenagear a natureza do Brasil, a artista belga Daphne Cornez batizou o espetáculo de “Tesouros do Brasil: suas pessoas, sua natureza e o futebol”. Com esse título, já dava para imaginar que ia ter muita árvore, bichos e outros elementos que remetessem ao “exótico” que os europeus imaginam ver no Brasil. Não deu outra, mas o público conseguiu ver graça nas árvores gigantes que mais pareciam os ents de O Senhor dos Anéis e nas pessoas vestidas de samambaia.
Um momento que deveria exaltar o passado do Brasil e homenagear a comunidade indígena do país acabou virando piada por um motivo curioso: carregado no alto, em uma canoa, um bailarino vestido como índio estava preso ao barco por um cinto de segurança.
Em seguida, um enorme Globo no centro do estádio se abriu e de lá saiu ninguém menos do que Claudia Leitte cantando Aquarela Brasileira em ritmo de Olodum. Logo depois, surgiram Jennifer Lopez e Pitbull para acompanhar a brasileira em We Are One, a música oficial do Mundial. Quase nada na performance passou incólume aos olhos dos produtores profissionais de memes – Claudia foi comparada à personagem infantil Galinha Pintadinha por causa de seu body azul e Pitbull virou piada pela calça “pula-brejo” branca que escolheu para a ocasião.
Momento muito esperado pelo público, o chute inicial dado por um rapaz paraplégico com a ajuda do exoesqueleto desenvolvido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis após mais de dez anos de estudo não saiu como o esperado. Quem via a transmissão pela Globo acabou perdendo o chute – justo na hora em que ele acontecia, a emissora decidiu dividir a tela e mostrar a chegada do ônibus da seleção brasileira ao estádio.
No Facebook, Alceu Valença resumiu a cerimônia de abertura como “pobre, insossa e beirava ao ridículo” – e recebeu mais de 100.000 curtidas. “A nossa diversidade cultural que é VIVA, ALEGRE e ESPONTÂNEA foi representada por uma palidez mórbida, plastificada”, disse. “Agora, sobre a música que representa a Copa do Brasil, tenho a dizer: um arranjado vergonhoso. Sonoridade medíocre que não tem nada a ver com a gente. Será que temos que carregar a vida toda esse complexo de vira-latas e sermos carne de segunda?”