Fifa confirma realização da Copa de 2022 em outras datas
Por causa do calor, Mundial ocorrerá fora de seu período costumeiro (de junho até julho). As opções são janeiro e fevereiro ou novembro e dezembro de 2022
Também nesta segunda, a Fifa abriu as portas para outro fato inédito: o uso de replays em vídeo para resolver lances duvidosos
Pela primeira vez, a Copa do Mundo será disputada fora de seu período tradicional, em meados do ano. A Fifa propõe mudar a data do Mundial de 2022, no Catar, para evitar o verão no país árabe. Nesta segunda-feira, em Zurique, a entidade apresentou duas opções de datas alternativas para o evento. As opções seriam janeiro e fevereiro de 2022 ou novembro e dezembro do mesmo ano. Tradicionalmente, a Copa ocorre nos meses de junho e julho. A Fifa, porém, criou um grande problema ao aceitar organizar o evento no Catar – isso mesmo depois que o Comitê Olímpico Internacional (COI) havia recusado a candidatura de Doha a sede dos Jogos Olímpicos dizendo que seria impossível disputar eventos esportivos no verão no Hemisfério Norte, entre os meses de junho e agosto.
Leia também:
Fiscal de contas da Fifa é preso por suspeita de corrupção
Investigação confirma corrupção em eleição do Catar-2022
Ricardo Teixeira é investigado por apoio à Copa no Catar
Michel Platini é envolvido em escândalo da Copa no Catar
Os cartolas da Fifa – entre eles o brasileiro Ricardo Teixeira, que era integrante do Comitê Executivo – optaram por ignorar a questão do clima e elegeram o Catar para sediar a primeira Copa no mundo árabe. A pressão de jogadores e dirigentes, porém, forçou a Fifa a rever o calendário. Nesta segunda, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, discutiu o tema com outros cartolas, entre eles o chefe do Comitê Organizador Local de 2022, Hassan Al Thawadi, além de presidentes de clubes e de associações nacionais. O grupo recebeu do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, um relatório sugerindo a mudança da Copa para o inverno. Valcke deixou claro que a Copa precisa começar e terminar no ano de 2022 – portanto, não pode começar antes de janeiro daquele ano nem terminar depois de dezembro de 2022. A Fifa já se prepara para uma longa negociação sobre o tema.
Por causa da alteração, a Fifa terá de mexer no calendário internacional entre 2018 e 2024. Clubes europeus temem que seus torneios nacionais e a Liga dos Campeões sejam prejudicados, provocando perda de receitas. Mas não é apenas o mundo do futebol que se queixa. As federações de esportes de inverno não querem o futebol competindo com os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que acontecem no início do ano. Uma nova reunião está marcada para novembro de 2014, quando os diferentes grupos vão apresentar dados sobre como essa nova agenda poderia afetar suas competições. Em fevereiro de 2015, mais uma reunião seria convocada, na esperança de bater o martelo sobre a data final. Muitos dirigentes defendem a convocação de uma nova eleição, mudando a sede de 2022. No momento, porém, essa hipótese parece estar distante de se concretizar.
Replay – Também nesta segunda, a Fifa abriu as portas para outro fato inédito: o uso de replays em vídeo para resolver lances duvidosos. O presidente da entidade, Joseph Blatter, que sempre se disse contrário ao uso da tecnologia, mostrou que está cada vez mais convencido dessa necessidade. Depois da adoção da tecnologia da linha do gol, Blatter disse que o uso dos replays para que os árbitros tirem suas dúvidas pode ser testado no ano que vem. As declarações foram feitas numa mensagem em vídeo exibida na conferência Soccerex, em Manchester. O cartola propõe que seja testado um sistema semelhante ao de esportes como tênis, vôlei e futebol americano, em que os técnicos podem “desafiar” as marcações duvidosas, permitindo que o jogo seja interrompido para a verificação do lance em imagens da transmissão de TV.
(Com Estadão Conteúdo)