Destaque no exterior, Gustavo Leal detalha futebol mexicano
Na comissão do ouro olímpico de 2021, técnico com trabalhos no exterior relembrou passagem pelo Atlético de San Luís, contou particularidades e falou sobre preferências
Ano após ano, o movimento de um estrangeiro assumir o cargo de técnico de um grande clube do Brasil tem se tornado mais comum. Essa tendência, que já causou acalorados debates, no entanto, é menos frequente na mão contrária. Sendo, assim, raro encontrar um brasileiro em uma potência de outro país.
Entre os poucos profissionais que se aventuram mundo afora, um exemplo de sucesso é Gustavo Leal. Aos 38 anos, o treinador, que já acumulava experiência no STK Samorin, da Eslováquia, deixou recentemente o cargo do Atlético de San Luís, do México.
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No clube que pertence ao Atlético de Madri, da Espanha, Leal assumiu a vaga na metade de 2023 e alcançou grandes feitos em uma temporada. Agora, ainda muito jovem, já sonha com um novo trabalho, como contou à PLACAR, em entrevista exclusiva, com direito a detalhamento sobre o futebol mexicano.
Futebol mexicano e suas particularidades
Atualmente, o Campeonato Mexicano é um dos centros com mais diversidade cultural da América. Na atual edição do Apertura, há jogadores de 25 nacionalidades diferentes, com direito a atletas além das Américas, como africanos e europeus.
Entre os técnicos, a mescla também é grande. Dos 18 profissionais, há cinco mexicanos, quatro argentinos, dois espanhóis, dois uruguaios, dois brasileiros um sérvio, um português e um colombiano.
De acordo com Gustavo, esse contato foi enriquecedor em sua passagem. Ele contou que contou com diversas abordagens diferentes, tendo em vista que diversos adversários são comandados por profissionais de outras linhas táticas.
Um dos casos curiosos foi lembrado pelo brasileiro: “Aconteceu algo muito curioso quando enfrentei o Pachuca, do uruguaio Guillermo Almada. Ele me pressionou com oito jogadores, nunca tinha acontecido. Criou uma estranheza e aprendi com isso.”
Relembrando outros embates, resgatou os embates com André Jardine. Leal recordou que ambos os lados já se conhecerem trouxe um aspecto diferente para o duelo, mas cravou que taticamente essas foram as melhores partidas em sua jornada pelo Atlético de San Luís.
O histórico, o presente e o futuro de Gustavo Leal
Gustavo Leal é “cria de Xerém”, como ele mesmo se denomina. Ainda que tenha dado os primeiros passos ainda na casa dos 20 anos, em times cariocas de menor expressão, como Quissamã, Serrano e Mesquita, ele deu seus primeiros grandes voos comandando os garotos na formação do Fluminense.
Entre o período no Tricolor das Laranjeiras, também teve a primeira experiência como forasteiro, ao treinar o STK Samorin, da Eslováquia. De volta da Europa, retornou ao clube do Rio de Janeiro, antes de partir para a seleção brasileira, onde venceu o ouro na Olimpíada de Tóquio, como auxiliar.
Depois, partiu junto a André Jardine para o México e assumiu o cargo no Atlético de San Luís. Como treinador principal, levou o clube à Liguilla, fase final do Campeonato Mexicano, e parou apenas na semifinal, caindo para o América, treinado pelo ex-companheiro de clube e seleção. Em abril, deixou a equipe.
Sobre futuro, Gustavo admite ainda ter o México muito vivo em sua mente, mas não fecha portas. “Tenho tudo muito fresco, seria interessante. Mas estou aberto a ouvir projetos que tenham respaldo a meu trabalho. Então, muitos mercados podem ser interessantes”, disse o técnico que tem fluência em inglês e espanhol e estuda o francês.
Campeão olímpico, influências olímpicas
Gustavo Leal foi campeão olímpico com o futebol masculino, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021. Auxiliar da comissão técnica de André Jardine, o profissional embarcou no “clima olímpico” e afirmou já ter se inspirado em outras modalidades para armar seus times.
“Eu sempre fui apaixonado por esportes. Sempre pratiquei todos. E hoje consumo muito, leio bastante coisa fora do futebol. Já aconteceu, sim, de eu adaptar alguns conceitos de outros esportes”, falou.
Leal concluiu, citando um desses momentos: “É normal ver meu camisa 10 buscando a bola direto com os zagueiros. E por que? Porque costumo ver ele como uma espécie de levantador do vôlei ou armador do basquete. É o centro de tudo, é a cabeça pensante, então pode precisar enxergar o jogo de frente.”
Outra análise do profissional que tem como característica o jogo propositivo foi associando o handebol, esporte que tem como tônica alternados momentos de ataque versus defesa. “Outra influência que penso é da questão da posse passiva do handebol, que é quando a arbitragem define que o time atacante sofre uma espécie de punição e precisa finalizar em alguns segundos. Vale bastante refletir isso quando, no futebol, estamos com a bola sem produzir.”
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