Corte homologa decisão com nove votos a um contra o pedido de liberdade da defesa; ex-atacante cumpre pena desde março de 2024
A Corte Especial do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quarta-feira, 3, o julgamento que analisava um novo recurso para a soltura de Robinho, preso desde março de 2024 na penitenciária Dr. José Augusto Salgado, em Tremembé, por conta de uma condenação por estupro coletivo cometido contra uma mulher albanesa em uma boate de Milão, em 2013. A decisão da maioria, por 9 a 1, foi de rejeitar o pedido de liberdade da defesa do ex-jogador. Ele seguirá cumprindo a pena de imposta pela Justiça da Itália.
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Na decisão, o ministro relator Francisco Falcão rejeitou o embargo e ainda frisou que o assunto já foi votado outras três vezes pelo STF.
O único voto favorável foi o proferido por Gilmar Mendes. No entendimento do ministro, a prisão só poderia ser executada no Brasil após o fim da possibilidade de recursos contra a decisão do STJ.
Desde o último dia 27 de agosto, a Corte já havia decidido por maioria pela manutenção da pena. O julgamento virtual começou uma semana antes, mas só foi encerrado agora.
Robinho foi preso após a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir que deveria cumprir no Brasil a pena pelo crime a partir da sentença de condenação de nove anos da justiça italiana em janeiro de 2022.
A defesa do jogador alega que a prisão é ilegal porque o crime ocorreu antes da Lei de Migração, sancionada apenas em 2017, quatro anos após o crime ocorrido em Milão, e tentou com que aguardasse a resposta aos recursos em liberdade.
Para progredir para o semiaberto, regime em que o cumprimento da pena é mais brando, Robinho deverá cumprir pelo menos 40% no fechado – o que só deve ocorrer em 2027. A remissão da pena acontece com trabalho e estudos na penitenciária.
Procurada por PLACAR durante a produção da reportagem sobre seu filho Robinho Jr., atacante do Santos, para a edição de agosto da revista, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que Robinho pai participa do “Clube da Leitura”, programa interno que incentiva o desenvolvimento dos presos, pratica atividades regularmente, exerce atividade laboral como auxiliar e está inscrito no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Também concluiu curso de Eletrônica Básica, Rádio e TV. Ele segue a mesma alimentação dos demais custodiados, mas recebe alimentos e outros itens cadastrados por quem o visita.
PLACAR ouviu pessoas próximas a família, o técnico com quem mais trabalhou durante toda a sua formação, um treinador e o diretor das categorias de base do Santos, a assistente social Silvana Trevisan, que esteve por seis anos no clube, e o jornalista Adriano Wilkson, jornalista e apresentador do podcast “Os Grampos de Robinho” (UOL) e produtor do documentário “O Caso Robinho” (Globoplay), para traçar o perfil da nova joia de 17 anos da Vila Belmiro.
Trechos da reportagem estão disponíveis abaixo, mas o material completo pode ser lido na versão digital, disponível para assinantes (clique aqui e vire membro), e na revista impressa, que pode ser adquirida na banca ou pela loja virtual do Mercado Livre.
Capa da edição 1526, de agosto de 2025 – Reprodução/Placar
A estreia do jovem como profissional do Santos ocorreu em Cariacica, no Espírito Santo, no amistoso entre Santos e Desportiva Ferroviária em 10 de julho deste ano. Seis dias depois, o Santos recebeu o Flamengo, em confronto pela 14ª rodada do Brasileirão, com Robinho Júnior saindo de campo ovacionado, mesmo em noite decisiva de Neymar: “Olelê, olalá, o Robinho vem aí, e o bicho vai pegar”, cantou a torcida. Robinho não assistiu a nenhuma delas. Na cela em que está, só há um televisor compartilhado, com canais abertos. As partidas foram transmitidas pelo canal fechado SporTV e pelo Premiere, respectivamente.
Pessoas próximas à família contam que diferente do irmão mais novo, Robinho Júnior jamais foi apegado a brinquedos. Pelo contrário, pedia chuteiras, bolas ou qualquer outro item relacionado a futebol nos aniversários, mesmo já tendo uma coleção destes.
Pessoas com quem conviveu o classificam como um “autodidata”, alguém com um talento natural muito acima do comum. Franzino, com apenas 51 kg, é canhoto e tem habilidade considerada acima da média, mesmo com um ciclo incomum de viagens e pouco acompanhamento nas categorias de base, por muitas vezes comprometido pelas mudanças de clube do pai desde seu nascimento: Manchester, na Inglaterra; Milão, na Itália; Guangzhou, na China, Belo Horizonte, além de Sivas e Istambul, ambas na Turquia, foram só algumas das cidades em que morou. Durante a passagem de Robinho pelo Atlético Mineiro, entre 2016 e 2017, viajava com a mãe, Vivian Guglielmetti, de Belo Horizonte para Santos todas as sextas-feiras para jogar aos sábados no Portuários, clube da cidade. Cumpriu a rotina por mais de um ano.
A maturação é considerada tardia, por fazer aniversário somente em dezembro. Como as categorias são divididas pelo ano de nascimento – e não por idade -, leva considerável desvantagem. Por isso, segundo um dos técnicos ouvidos, desenvolveu um modo incomum de adaptar o próprio jogo.
O único técnico que trabalhou com Robinho Júnior antes da chegada ao Santos foi Robson Fernandes de Oliveira. Ele foi escolhido a dedo – e por Robinho – por comandar a formação de jovens no Portuários, clube onde também jogou por longos anos antes de chegar às categorias de base do Santos. ““Ele me confiou totalmente a orientação dele no futebol. Disse que teria que ser comigo do início ao fim, que teria total liberdade para instruí-lo”, conta o técnico.
Eles trabalharam juntos desde os cinco anos de idade até a chegada ao Santos, em 2022. No último jogo do pupilo, Fernandes disse a Robinho pai: “ele vai ser melhor do que você”.
No Portuários, Juninho deu seus primeiros passos para o futebol – Robson Fernandes/Arquivo pessoal
A assistente social Silvana Trevisan avaliou que, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o dever do clube deve ser acolher e proteger qualquer adolescente que tem um pai no sistema prisional de situações vexatórias. A profissional que trabalhou por seis anos nas categorias do Santos ainda alerta que o jogador não deve aceitar estigmas que prejudiquem a sua oportunidade (como atleta profissional) ou mesmo a sua história de vida.
O jornalista Adriano Wilkson, por sua vez, explica considerar injusto cobrar algum tipo de posicionamento público ou postura crítica de Robinho Júnior em relação ao crime cometido, mas que quando jovem utiliza as redes sociais para atacar quem denunciou o crime do pai ou critica a imprensa, é dever apontar o erro e reestabelecer a verdade.
Ele foi o responsável ao lado da jornalista Janaína César pela produção de “Os Grampos de Robinho” (UOL), que teve acesso com exclusividade aos áudios gravados durante a investigação de estupro coletivo na Itália, em 2013, caso em que Robinho foi condenado e, atualmente, cumpre pena de nove anos desde março de 2024 na penitenciária Dr. José Augusto Salgado, em Tremembé.
A reportagem também conta sobre a decisã de como Juninho decidiu virar Robinho Júnior. O atacante, que desde a base expõe publicamente o seu orgulho pelo pai, optou por carregar o nome e também a camisa 7. Ele também teve a possibilidade de vestir a camisa 7 ou 23.
PLACAR também conta como Juninho quase foi incluído em uma lista de dispensas no fim deste ano. Ele terminou 2024 em baixa, apesar da artilharia do Campeonato Paulista sub-17. E não terminou uma só partida das 29 que disputou em torneios mais relevantes.
Apadrinhado no dia a dia por Neymar, Robinho Júnior ainda é cercado pel Santos de blindagens e cuidados com exposições que vão desde o uso de redes sociais até entrevistas exclusivas.
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