Coluna de Zico publicada na edição impressa 1530 de PLACAR, de dezembro de 2025

O QUE É SER FLAMENGO

Pela segunda vez em Lima, novamente tive de acompanhar à distância a conquista da Libertadores pelo Flamengo. Em 2019 e 2025, vi o jogo no Japão, no meio da madrugada. Nas duas conquistas eu estava confiante, apesar de serem duelos muito difíceis. O time do Jorge Jesus havia feito uma temporada muito boa e, mesmo durante o jogo, eu acreditava que o River Plate cansaria e as chances iriam aparecer. E elas apareceram no final. Os gols do Gabigol selaram uma conquista merecida. Em 2022, o Flamengo entrou como favorito e confirmou a conquista sobre o Athetico Paranaense. O tri foi maravilhoso, mas o jogo se desenhou mais favorável desde o início.

O tetra veio sob o comando do Filipe Luís, um treinador muito promissor e que entende o que é ser Flamengo. Antes do jogo, declarei que torcia para um gol do Arrascaeta ou do Bruno Henrique. Mas foi bonito ver a conquista na cabeçada do Danilo, que veio para o Brasil e escolheu jogar no Flamengo. Disse que era um sonho de infância. Quis o destino que ele tivesse que substituir exatamente o Leo Ortiz, que joga um futebol que me encanta. Esse grupo demonstra aquela união e a raça que são marcas do Flamengo. E do outro lado estava um adversário muito forte, o principal rival nacional dos últimos anos.

Todos sabem que não gosto de fazer comparações. Não cabe equiparar os times de 2025, 2022, 2019 e 1981. Mas, agora, saio das linhas em que falo como torcedor para voltar no tempo. Até a década de 80, os torcedores e nós jogadores valorizávamos muito mais as nossas rivalidades regionais. Ser o campeão carioca era como conquistar o mundo. Valia como um Campeonato Brasileiro. Nosso time chegou para enfrentar uma competição que tinha times bons, mas alguns muito violentos, arbitragens ruins e que exigia viagens desgastantes. Mas fomos avançando e acreditando.

O gol de falta de Zico contra o Cobreloa:Extravasei aliviado’ – Marcelo Resende/PLACAR