Como o Real Madrid pode juntar estrelas no time titular?
Mbappé foi relacionado para a Supercopa da Europa e sua estreia no time merengue pode causar mudanças na escalação; veja alternativas
Real Madrid e Atalanta se enfrentam nesta quarta-feira, 14, às 16h (de Brasília), no Estádio Nacional de Varsóvia, na Polônia, pela Supercopa da Uefa de 2024. O encontro entre o campeão da Champions League e o campeão da Liga Europa vale o primeiro título continental da temporada. Além disso, o duelo deve ser o palco da estreia de Kylian Mbappé com a camisa madridista.
Contratado após uma longa novela, o francês chegou a um elenco estrelado. Ao seu lado, apenas no setor ofensivo, o atacante ex-PSG tem os brasileiros Rodrygo, Vinicius Júnior e Endrick, o inglês Jude Bellingham, o turco Arda Guler, o marroquino Brahim Díaz e o uruguaio Federico Valverde.
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Dirigindo o elenco galáctico, Carlo Ancelotti terá uma “boa dor de cabeça” para encaixar tantos nomes e manter o equilíbrio defensivo. Entre as possibilidades, nenhuma permite a utilização de mais de cinco das peças badaladas do setor ofensivo. No entanto, permite que o técnico abuse de seu repertório.
Como Ancelotti escala o Real Madrid?
Uma das palavras que melhor definem o italiano é “adaptabilidade”. Laureado durante sua carreira, Ancelotti já escalou suas equipes de diversas formas. Em seus primeiros trabalhos, o treinador já foi adepto do catenaccio, estilo de jogo de muita marcação, tradicional da Itália no fim do último século. Hoje, por outro lado, monta um Real Madrid móvel, leve e de bom futebol ofensivo.
Tudo isso passa pela capacidade do treinador de aproveitar os principais pontos fortes de seus atletas. Assim, na temporada 2023/24, na qual foi campeão de La Liga, da Supercopa da Espanha e da Champions League, o Real Madrid não atuou com um “camisa 9” de ofício, mas sim com dois pontas de habilidade, um meio-campista central adaptado como meia-atacante e outro com fortes chegadas.
Na final da Liga dos Campeões, contra o Borussia Dortmund, Carlo Ancelotti mandou sua equipe a campo com esse modelo. Com o goleiro Thibaut Courtois, o sistema defensivo foi escalado com Carvajal, Rudiger, Nacho Fernández e Mendy. No meio, Camavinga foi o primeiro homem, com Toni Kroos um pouco à frente, fazendo o “jogo girar”.
Daí em diante, Valverde cumpriu a função das chegadas ao ataque, além de compensar possível falta de amplitude pelo lado direito de ataque. Bellingham, formado como um meio-campista defensivo, entrou na posição ofensiva, alternando entre um “falso 9” e um meia-atacante. Vinicius Júnior, mais pela esquerda, e Rodrygo, teoricamente na direita, foram os mais avançados, abusando da liberdade.
Mbappé chegou: e agora?
É praticamante impossível imaginar que Kylian Mbappé não tenha vaga cativa no Real Madrid. Um dos melhores jogadores do mundo há pelo menos seis anos, o atacante já admitiu a preferência de atuar pela esquerda, ainda que tenha cumprido todas as funções ofensivas durante suas passagens por Monaco, PSG e seleção da França.
Partindo de suas características, é possível imaginar que Mbappé ocupe os mesmos espaços que Vini Jr. O brasileiro, porém, também tem vaga conquistada entre os titulares do Madrid, o que já dá início ao “problema” de Ancelotti. A questão aumenta ainda mais com Bellignham, que brilhou atuando avançado, e Rodrygo, atleta com predicados de um criativo que já disse preferir partir da esquerda.
O assunto, seguindo a dúvida sobre a escalação, naturalmente chegou a Carlo Ancelotti. Em uma de suas falas sobre, afirmou que o debate faz parte de suas questões. “Passei o verão todo pensando em quem colocar. Isso arruinou minhas férias“, disse em tom bem humorado durante coletiva de imprensa antes da Supercopa da Uefa.
E continuou, minimizando a tensão da incerteza. “É algo muito simples. Os jogadores bons e inteligentes sempre contribuem e facilitam essas coisas. Não vou escalar sempre o mesmo time. Vários jogadores com menos minutos já contribuíram saindo do banco. Isso pode ocorrer novamente nesta temporada“.
As alternativas do Real Madrid
É possível que Rodrygo, o menos badalados entre os atacantes, perca minutos em comparação com a última temporada. Considerando esse cenário, os volantes Eduardo Camavinga e Aurelien Tchouameni fariam as funções mais defensivas, com Valverde nos mesmos moldes de 2023/24. Assim, Bellingham seguiria como um “meia-atacante” e Vinicius e Mbappé ficariam à frente, com liberdade.
Pensando em um modelo que encaixe os cinco da frente (Vini, Rodrygo, Mbappé, Bellingham e Valverde), Ancelotti pode recorrer ao tradicional 4-3-3 – pelo menos no papel. Nessa formação, Camavinga e Tchouaméni disputariam a posição de primeiro volante, Jude seria recuado, assumindo o setor central-esquerdo, e Rodrygo, teoricamente, passaria a ser o ponta-direita.
Entretanto, é importante ressaltar que o italiano não é adepto de um ataque extremamente rígido, com posições guardadas. Em seu atual trabalho, o comandante merengue organiza sua equipe ofensivamente privilegiando a posição da bola. Logo, é comum observar mais jogadores ocupando espaços próximos, o que permitiu muitas vezes Rodrygo de flutuar da direita para a esquerda, juntando-se a Vinicius e Bellingham (exemplo na imagem abaixo).
Defender pode ser um problema
Mesmo com grandes craques no ataque, todo time necessita passar segurança no momento defensivo. Tendo em vista a utilização de tantos destaques ofensivos, esse pode vir a ser um ponto fraco no Real Madrid da temporada 2024/25.
Durante os últimos meses, o time se organizou em um 4-4-2 sem a bola. Passado o momento dos encaixes de pressão alta, os jogadores formavam duas linhas mais recuadas, com dois atletas mais soltos, pressionando os zagueiros adversários e fechando possibilidades de passes mais incisivos (exemplo na imagem abaixo).
Na imagem, retirada da final da Champions League contra o Borussia Dortmund, é possível observar o esquema. Nesse momento, Bellingham assumiu papel defensivo, enquanto Rodrygo foi deslocado para o centro. Em outros momentos, os atletas alternaram, com o brasileiro recompondo pela direita e com o inglês “mais solto”.
Um padrão, porém, foi observado. Vinicius, o principal nome do time, não acumula muitas obrigações na intermediária defensiva, o que o preserva fisicamente e também o transforma em um escape estratégico, com velocidade e habilidade. Essa realidade pode mudar a partir da chegada de Mbappé.
Sem o costume de cumprir papéis mais recuados no PSG e na seleção francesa, o atacante deve seguir assim nos momentos em que o Real Madrid estiver defendendo em bloco médio ou baixo (termo utilizado para descrever a situação em que uma equipe está posicionada para defender mais recuada). Com isso, é possível imaginar que os jogadores precisem passar por uma adaptação e até Vini Júnior pode ter mais obrigações.
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