Italiano fará nesta quinta-feira, 4, diante do Chile, a sua primeira partida no palco histórico; PLACAR levantou as estreias de todos os treinadores desde 1950
O técnico italiano Carlo Ancelotti fez pouco após a vitória por 2 a 0 contra o Paraguai, na última Data Fifa, um pedido específico ao presidente da entidade Samir Xaud: realizar o sonho de dirigir o país pela primeira vez no Maracanã. A seleção brasileira encara o Chile no estádio nesta quinta-feira, 4, a partir das 21h30 (de Brasília), pela penúltima rodada das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026.
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Ovacionado pela exigente torcida paulista em junho, em partida que confirmou a classificação do país à próxima Copa do Mundo, Ancelotti entendia que precisava imediatamente utilizar a última “janela” de partidas válidas por competições para mostrar uma transformação de comportamento ao público carioca e consolidar caminho para uma sonhada retomada da relação que atualmente está arranhada.
Neste século, a seleção brasileira principal atuou no estádio em oito oportunidades, sendo duas das três mais recentes com memórias bastante dolorosas: as derrotas por 1 a 0 para a Argentina em 2021, na final da Copa América, e em 2023, pelas Eliminatórias.
Neymar e Messi juntos na final da Copa América de 2021 – Sebastião Moreira/EFE
Em entrevista à PLACAR três meses depois do último revés, em fevereiro de 2024, o atacante Endrick revelou o incômodo sentido pelos jogadores ao ver brasileiros torcendo pelos arquirrivais.
“Quando eu joguei no Maracanã eu via brasileiros torcendo pela Argentina. É uma coisa triste, cara, porque é um clássico, é uma guerra. É Brasil e Argentina e ver pessoas torcendo para a Argentina entristece. Um brasileiro torcendo contra o Brasil? É difícil entender isso, queremos resgatar [o torcedor], dar uma cara mais feliz para o Brasil e, se Deus quiser, que nos próximos anos o país ser campeão da Copa”, afirmou o jogador à época, hoje ausente na lista de convocados pelo treinador.
Apesar do amargor acumulado na década atual, nem só de momentos ruins viveu o Brasil no histórico estádio desde 2001. Em 2022, já de olho na Copa do Mundo do Catar, a seleção então dirigida por Tite goleou o mesmo Chile por 4 a 0 com o Maracanã em festa – e o primeiro gol de Vinicius Júnior com a camisa amarelinha.
Os jogos do Brasil no Maracanã neste século
17/10/2007 – Brasil 5 x 0 Equador
15/10/2008 – Brasil 0 x 0 Colômbia
2/6/2013 – Brasil 2 x 2 Inglaterra
30/6/2013 – Brasil 3 x 0 Espanha
7/7/2019 – Brasil 3 x 1 Peru
10/7/2021 – Brasil 0 x 1 Argentina
24/3/2022 – Brasil 4 x 0 Chile
21/11/2023 – Brasil 0 x 1 Argentina
Em 2019, também com o mesmo treinador, levantou o último título de sua história: a Copa América daquele ano, conquistada com um triunfo por 3 a 1 diante do Peru. Anos antes, em 2013, o Brasil comandado por Luiz Felipe Scolaria havia ficado com a taça da Copa das Confederações em decisião contra a Espanha.
Outra vitória marcante foi registrada na era Dunga, em 2007, quando o país impôs um 5 a 0 ao Equador, em jogo marcado por gritos de “melhor do mundo” a Kaká, vencedor do prêmio pela Fifa no mesmo ano.
Historicamente, as estreias dos treinadores da seleção no palco costumam ser bem sucedidas. De acordo com o levantamento realizado pelo jornalista e historiador Antônio Carlos Napoleão, ex-gerente de memória e acervo da CBF por quase 20 anos, são 14 vitórias, dois empates e somente duas derrotas – mas com tropeços marcantes. Foram 11 triunfos consecutivos até o primeiro tropeço, sofrido sob o comando de Edu Coimbra, irmão mais velho de Zico.
Encarregado de comandar a seleção em três amistosos em 1984, Edu assinou um contrato de apenas um mês naquela ocasião. Estreou perdendo para a Inglaterra por 2 a 0 em pleno Maracanã, depois empatou sem gols com a Argentina, em São Paulo, e venceu por a 1 a 0 o Uruguai, em Curitiba. Pesou contra ele justamente o tropeço no primeiro jogo, que não permaneceu.
Edu Coimbra na beira do campo comandando a seleção brasileira – Reprodução
Em 2000, Vanderlei Luxenburgo precisou encarar um Uruguai no Maracanã em partida difícil pela lembrança dos 50 anos do Marcanazo, modo como ficou conhecida a história virada uruguaia na final da Copa de 1950.
O time jogou mal, empatou por 1 a 1 só no fim, de pênalti, e saiu vaiado do estádio. Luxa teve sua demissão pedida pelos cariocas.
Treze anos depois, foi a vez de Felipão frustrar mais de 66 mil presentes no reencontro com o Maracanã, após longo tempo fechado para reformas. O time perdia por 2 a 1 para a Inglaterra até os 36 do segundo tempo, quando Paulinho empatou. Mesmo assim vaiado.
Em 2023, a derota do país para a Argentina pelas Eliminatórias sob o comando de Diniz selou de vez a antipatia e desconfiança.
As estreias dos técnicos da seleção no Maracanã*
Flávio Costa
24/6/1950 – Brasil 4 x 0 México
Zezé Moreira
14/3/1954 – Brasil 1 x 0 Chile
Oswaldo Brandão
21/4/1957 – Brasil 1 x 0 Peru
Sylvio Pirillo
11/6/1957 – Brasil 2 x 1 Portugal
Vicente Feola
4/5/1958 – Brasil 5 x 1 Paraguai
Aymoré Moreira
29/6/1961 – Brasil 3 x 2 Paraguai
Zagallo
7/8/1968 – Brasil 4 x 1 Argentina
João Saldanha
9/4/1969 – Brasil 3 x 2 Peru
Cláudio Coutinho
3/3/1977 – Brasil 6 x 1 Combinado Botafogo-Vasco
Telê Santana
2/4/1980 – Brasil 7 x 1 Seleção brasileira de novos
Carlos Alberto Parreira
28/4/1983 – Brasil 3 x 2 Chile
Edu Coimbra
10/6/1984 – Brasil 0 x 2 Inglaterra
Sebastião Lazaroni
8/6/1989 – Brasil 4 x 0 Portugal
Vanderlei Luxemburgo
28/6/2000 – Brasil 1 x 1 Uruguai
Dunga
17/10/2007 – Brasil 5 x 0 Equador
Luiz Felipe Scolari
2/6/2013 – Brasil 2 x 2 Inglaterra
Tite
7/7/2019 – Brasil 3 x 1 Peru
Fernando Diniz
21/11/2023 – Brasil 0 x 1 Argentina
*Levantamento realizado por Antônio Carlos Napoleão
Diante do Chile, dono da pior campanha entre todas as dez seleções que compõem as Eliminatórias da Américado Sul, Ancelotti deve arriscar tudo pela missão conseguir uma estreia de gala.
Logo no primeiro treino tático na Granja Comary, o treinador deixou claro que deseja ver no Maracanã o mesmo ímpeto ofensivo alcançado diante do Paraguai, quando com intensa movimentação e troca de posições entre os jogadores sufocou o adversário durante quase toda a partida e venceu com elogios da crítica e da torcida.
A formação com quatro atacantes móveis deve ser mantida, desta vez com as entradas de Estêvão e de João Pedro na equipe por conta das ausências de Vinicius Júnior, não convocado, e Matheus Cunha, cortado por lesão. Com isso, a linha ofensiva contaria com Raphinha, Estêvão, João Pedro e Martinelli.
Raphinha foi um dos destaques da vitória na Neo Química Arena – Kaio Lakaio/Placar
Outra tendência tática é a de ampliar a pressão no campo adversário com a presença de pelo menos um dos laterais atuando como um “quinto atacante”, desta vez com Wesley ou Douglas Santos na função – no jogo anterior Vanderson foi quem ocupou esse posto, com Alex Sandro atuando mais recuado, quase como um terceiro zagueiro.
Contra os paraguaios, enquanto tinha a bola nos pés o time abandonou o convencional 4-3-3, com um losango no meio-campo, para um 3-2-5. Só Bruno Guimarães e Casemiro ficavam a frente da defesa para que a linha final de cinco jogadores a frente tivesse liberdade para se movimentar.
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