O patrocínio da Betano ao Flamengo não é apenas mais um contrato milionário no futebol brasileiro. Ele representa um divisor de águas no mercado, mostrando que clubes nacionais bem administrados podem negociar acordos em patamares próximos aos da Europa e estabelecer novas referências de valorização comercial. Mais do que estampar a camisa rubro-negra, a Betano assumiu uma estratégia clara de consolidação de marca em clubes de massa. No caso do Flamengo, o investimento se explica pelo seu alcance internacional: além de ser a maior torcida do Brasil, o clube tem audiência global, forte presença digital e fãs espalhados em diferentes continentes. Para uma marca multinacional, poucos ativos entregam tanta visibilidade. Hoje, o Flamengo é referência não apenas no país, mas em toda a América do Sul, consolidando-se como um dos clubes mais atraentes para patrocinadores da região.

E o diferencial do Flamengo vai além da torcida e do alcance. Ele entrega segurança de resultados, fruto de boa governança, fair play financeiro e gestores competentes. Para patrocinadores, especialmente casas de apostas cujo negócio se baseia em probabilidades e gestão de risco, investir em um clube assim significa reduzir a chance de surpresas indesejadas, seja problemas administrativos, financeiros ou desempenho esportivo muito abaixo do esperado. Em termos simples, é um investimento de risco calculado, com alta probabilidade de retorno e baixa probabilidade de erro.

O patrocínio da Betano ao Flamengo é também um dos maiores da história de uma casa de apostas no futebol mundial, com valor anual de aproximadamente R$ 268,5 milhões. Além disso, coloca o Flamengo no ranking mundial de patrocínios máster, na 10ª posição, com valor anual equivalente a 43 milhões de euros. Para efeito de comparação, o top 5 é formado por: Real Madrid (Emirates), €70 milhões; Paris Saint-Germain (Qatar Airways), €65 milhões; Barcelona (Spotify), €57,5 milhões; Manchester City (Etihad Airways), €55 milhões; e Manchester United (TeamViewer), €55 milhões.

O vazio dos naming rights no Brasil: uma oportunidade esquecida

Esse cenário cria um efeito interessante no mercado. A grande parte dos outros clubes sul-americanos encontrará dificuldades para se equiparar a esse tipo de contrato, porque não conseguem oferecer o mesmo nível de estabilidade e previsibilidade, e isso deve provocar questionamentos internos e aumentar a pressão sobre suas diretorias por parte dos torcedores. Ao mesmo tempo, o acordo reforça o papel das casas de apostas como protagonistas na injeção de recursos no futebol brasileiro, deixando clara a necessidade de debates sérios sobre regulação, responsabilidade e sustentabilidade, de forma objetiva, voltadas ao combate do mercado ilegal e sem que essas discussões sejam contaminadas por narrativas políticas.