Em 2011, PLACAR se entusiasmou com o meia formado no São Paulo e que despontava pelo Inter. Na época, jovem se espelhava em Kaká e sonhava em fazer história na seleção
Recentemente voltou-se a discutir uma volta de Oscar para o futebol brasileiro. O São Paulo apareceu como um dos interessados em repatriar o ex-jogador da seleção brasileira que passou oito anos na China.
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Antes de sair para o Chelsea, da Inglaterra, o meio-campista de 33 anos teve sua melhor passagem no futebol brasileiro pelo Internacional. Foi no clube gaúcho que ele recebeu de PLACAR, em outubro de 2011, o audacioso apelido de “Xavi dos Pampas”, por, no início da carreira, lembrar o estilo de jogo do craque espanhol.
Pelo Inter, Oscar jogou de 2010 a 2012. Ele participou de 70 jogos, marcou 19 gols e distribuiu nove assistências. Além disso, foi campeão do Gauchão de 2011 e 2012. Titular do Brasil na Copa de 2014, se mudou em 2017 para Shanghai, onde fez história (mas se escondeu das grandes ligas e da própria seleção).
O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras relembra um tesouro de nossos arquivos, reproduz na íntegra o texto de Frederico Langeloh sobre o prodígio que àquela altura foi comparado a Kaká e Xavi:
Maioridade futebolística
Oscar deixou para trás a imagem do franzino armador das categorias de base do São Paulo para se tornar uma realidade no Inter. Com fama de bom moço e título mundial no currículo, o garoto já desperta o interesse do Barcelona
Frederico Langeloh
Oscar, jogador do Internacional.
Entre as 36000 pessoas que assistiam à final do Mundial sub-20 nas arquibancadas do El Campín, em Bogotá (Colômbia), diversos emissários de grandes clubes europeus tinham olhos fixos no camisa 11 brasileiro. Oscar acabou com o jogo, marcando os três gols na vitória por 3 x 2 sobre Portugal e atiçando a cobiça internacional pelo seu nome. Mas o assédio europeu não é exatamente uma novidade para ele. Desde que foi campeão mundial sub-17 com o São Paulo (batendo o Espanyol, de Barcelona), Oscar é um dos principais nomes nos caderninhos dos observadores internacionais. Entretanto, com a exibição de gala, o camisa 16 do Internacional parece ter alcançado um novo degrau na carreira. Em pouco mais de um ano, ele deixou o São Paulo após um litígio na Justiça do Trabalho (entenda o caso na página ao lado) como promessa e bandeou-se para o Beira-Rio. Agora, aos 20 anos, já é um dos mais importantes jogadores da equipe de Dorival Júnior e é cogitado como uma das possibilidades de venda na janela de transferências de janeiro. Entre os interessados está o Barcelona, que acompanha a evolução do menino há anos.
“Se o Barcelona está de olho em Oscar é porque ele tem o estilo de jogo da equipe. Ele tem um futebol que lembra muito Iniesta e Xavi. São jogadores que atuam por aproximação, donos de um passe muito rápido. Todos eles têm uma transição de jogo muito veloz. A bola anda com eles”, analisa Fernando Carvalho, ex-presidente do Inter e guru da atual direção colorada. Carvalho foi peça importante na contratação do jogador pelo Inter. Foi para ele que o empresário de Oscar, Giuliano Bertolucci, telefonou assim que a Justiça deu ganho de causa no imbróglio com o São Paulo. Bertolucci ofereceu o meia ao então vice de futebol do Colorado, que não pensou duas vezes para contratá-lo. “O Giuliano Bertolucci sabia que eu era um grande admirador do Oscar. Além disso, estava acompanhando nossa excelência na promoção de jovens. Oscar caiu como uma luva no Inter”, diz o dirigente, orgulhoso.
Um dos principais nomes da nova safra brasileira, Oscar vendeu 40% de seus direitos econômicos para o Inter, por 3 milhões de euros, e passou a ocupar uma faixa intermediária na folha do clube. Oscar agora tem salário superior a 100000 reais e contrato até agosto de 2016. O Inter ficou com 50% dos direitos sobre o meia (o restante segue com Oscar e Bertolucci) e catapultou a multa rescisória para o exterior para incríveis 40 milhões de euros.
Representante do bom comportamento, Oscar é casado há dois anos com Ludmila, 22 anos, sua paixão de adolescência em Americana, no interior paulista. Em Porto Alegre, os dois levam uma vida calma, com idas a shoppings, restaurantes e cinemas. Oscar jamais foi manchete por baladas ou polêmicas (a não ser a bronca judicial com o São Paulo). “Passei cinco anos da minha vida no São Paulo. Lembro que congelava ao ver ídolos… O Kaká é um espelho para mim, quero sempre seguir o estilo dele, dentro e fora de campo”, diz. Em um mundo no qual jogadores jovens apresentam um discurso pronto, orientado por assessorias de imprensa, Oscar foge um pouco do padrão. Dono de um português correto, ele lembra o jogador do Real Madrid – com exceção do fervor religioso.
“Tudo na minha vida está ocorrendo de maneira rápida. Às vezes, fico meio assustado. Por exemplo: sabia que um dia seria chamado para a seleção brasileira, mas não esperava que isso acontecesse agora”, afirma Oscar, lembrando o chamado de Mano Menezes para os amistosos contra a Argentina. “Outra coisa é a Europa. Meu sonho é jogar lá, mas digo de coração: eu me sinto realizado no Brasil. Não tenho pressa de sair.” Até agora, os gringos acompanham o futebol de Oscar por meio da seleção. Em julho, enquanto o Inter jogava na Alemanha contra Barcelona e Milan, Oscar estava na Colômbia com a equipe brasileira sub-20. “Sei do interesse do Barcelona e sou um grande admirador do estilo de jogo deles, aquela coisa de toque rápido e objetividade. Acho que me encaixaria bem na equipe deles, tenho o estilo do Barcelona. Queria muito ter jogado contra eles na Copa Audi”, afirma o meia.
A seleção sub-20 rendeu a Oscar a admiração de Ney Franco, treinador da base da CBF, e de Mano Menezes, técnico da seleção principal. Acostumado a trabalhar com jovens talentos, Ney é todo elogios ao armador: “Oscar é um jogador maduro. É claro que ainda precisa ser trabalhado, mas tem uma cabeça ótima e ainda fará muito sucesso. Ele foi nosso principal jogador no Mundial, ainda que o Henrique [companheiro de Oscar na base do São Paulo] tenha sido eleito o melhor jogador do Mundial. Para mim, o Oscar foi o grande nome do torneio”.
Apesar dos elogios do treinador da seleção de base, Oscar não era uma unanimidade no Inter de Paulo Roberto Falcão. O ex-treinador colorado entendia que ele era franzino demais para suportar o choque com os defensores. Ainda que nenhum trabalho especial tenha sido feito, Oscar acabou se impondo na equipe de Dorival Júnior. O atual técnico do Inter é um entusiasta do jogador, mas a experiência com estrelas teen desde os tempos de Santos (e do incidente com Neymar) faz com que ele trate o entusiasmo com cautela.
“Não gosto quando as pessoas começam a jogar uma responsabilidade excessiva no garoto. O Oscar vem crescendo, mas é preciso tranquilidade, porque ainda é um menino. Vamos deixar que as coisas aconteçam naturalmente e que ele se consolide como um grande jogador”, diz o técnico do Inter, escolado. Apesar da proteção de Dorival, a maioridade futebolística parece ter chegado para Oscar em 2011, e os colorados (e os olheiros do Barça) pretendem acompanhar o amadurecimento do craque de perto.
Oscar do Internacional durante jogo entre Internacional 1 x 2 Peñarol, partida válida pela Copa Libertadores da América, no estádio Beira Rio.
“Se o Barça está de olho, é porque Oscar tem o estilo da equipe.”
Fernando Carvalho, ex-presidente do Inter
“Oscar é um jogador maduro. Foi nosso principal nome no mundial, ainda que Henrique tenha sido eleito o melhor do torneio.”
Ney Franco, treinador da seleção sub-20, campeão mundial da categoria
“SOU RESPONSÁVEL PELA RENOVAÇÃO NO SÃO PAULO”
Um erro na composição do segundo contrato de Oscar com o São Paulo fez com que o agente do jogador, Giuliano Bertolucci, e o advogado André Ribeiro buscassem na Justiça do Trabalho a desvinculação do meia com o clube. O São Paulo firmou com o garoto (então com menos de 18 anos) um vínculo de cinco anos, o que é proibido por lei. Mas o erro que gerou o “passe livre” foi a redução salarial. No primeiro contrato, Oscar recebia uma determinada quantia. Na renovação, o valor foi reduzido – mas o jogador foi recompensado com luvas. O problema é que os valores apresentados no contracheque eram menores que os dos holerites anteriores, caracterizando a redução salarial.
Oscar já obteve duas vitórias sobre o São Paulo na Justiça do Trabalho. O clube ainda pode recorrer. No Beira-Rio, o caso é tratado da seguinte forma: se um dia o Tricolor tiver ganho de causa, Oscar já terá sido vendido para a Europa e, caso haja a necessidade de uma indenização, é o jogador quem deve pagar, não o Inter. “Já ganhei em duas instâncias, seria quase impossível uma reversão”, diz Oscar, tranquilo. Para João Paulo Jesus Lopes, vice de futebol do São Paulo, a coisa não é tão simples. “Temos razões suficientes para acreditar na reversão. Acreditamos que cumprimos tudo o que estava acordado. O São Paulo quer o retorno do Oscar. Ele é um craque, formado em nossa base. No CT de Cotia, temos as melhores instalações do mundo para formar jogadores. Oscar é fruto desse trabalho, assim como Lucas, Casemiro, Henrique e tantos outros. Queremos ele de volta.”
O litígio com o Morumbi parece ser algo bem resolvido na cabeça do armador colorado. No time de cima, chegou a ter chances com Muricy Ramalho e Ricardo Gomes. Mas pegou o clube em alta e alega ter recebido poucas oportunidades. “Acho que fiz a coisa certa. O São Paulo ganhava o Brasileirão todos os anos e não havia espaço para a garotada. Essa renovação hoje no clube ocorreu após a minha saída. Tenho certeza de que contribuí para uma valorização dos meninos. Sou responsável pela renovação no São Paulo.”
1. Gabriel
O goleiro ainda espera uma chance no grupo principal do Cruzeiro.
2. Willian José
Vem recebendo chances no segundo tempo nos jogos do São Paulo no Brasileirão.
3. Juan
Com Bolívar e Índio em baixa, Juan se tornou titular da zaga colorada.
4. Danilo
O lateral-direito, titular do Santos, apresenta-se em 2012 no Porto. Foi convocado por Mano Menezes para a seleção principal.
5. Bruno Uvini
O zagueiro da seleção sub-20 ainda é reserva no São Paulo.
6. Casemiro
Titularíssimo do São Paulo. Foi convocado por Mano Menezes.
7. Fernando
Com a chegada de Celso Roth, ganhou a vaga de Gilberto Silva no Grêmio.
8. Philippe Coutinho
O jovem meia-atacante frequenta o banco de reservas da Inter de Milão.
9. Gabriel Silva
O lateral-esquerdo é titular do Palmeiras de Felipão.
10. Oscar
É xodó da torcida colorada e também já ganhou sua chance na seleção principal, com Mano.
11. Henrique
Quase virou um novo Oscar no São Paulo – curiosamente, também é representado por Giuliano Bertolucci: ameaçou sair por suposta falha contratual, mas acabou renovando por cinco anos. Espera a vez no time de Adílson Batista.
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