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Seedorf, o primeiro holandês a virar ídolo no Brasil

Em 2013, Clarence Seedorf, do Botafogo, foi apontado por PLACAR como o "Craque dos Sonhos"; releia o texto na íntegra e relembre sua passagem pelo Glorioso

O torcedor do Corinthians vive hoje a expectativa pela estreia de Memphis Depay, atacante com passagens por grandes clubes da Europa e o primeiro holandês a defender o Timão. Há mais de 10 anos, o futebol brasileiro viveu uma febre semelhante com a chegada de um craque dos Países Baixos ainda mais badalado: Clarence Seedorf, ídolo de Real Madrid e Milan. Rapidamente, o experiente meia ganhou o coração dos fãs do Botafogo e, como comprova reportagem de PLACAR na época, tornou-se o jogador que todos queriam ter em seu time.

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Seedorf, que nasceu no em Paramaribo, no Suriname, antiga colônia holandesa na América do Sul, iniciou sua carreira no Ajax e defendeu a Holanda na Copa de 1998 e em três Eurocopas. Ele chegou ao Glorioso em julho de 2012 e não demorou a se destacar, tanto que recebeu a Bola de Prata da PLACAR com um dos melhores meias daquele ano. Em 2012, conquistou as Taças Rio e Guanabara, e consequentemente o Campeonato Carioca, e caiu de vez nas graças dos botafoguenses.

Cheio de personalidade, disciplinado e bom de bola, o holandês foi tratado como “O Craque dos Sonhos” na edição de 1º de outubro de 2013. A reportagem de Flávia Ribeiro e Felipe Ruiz listou os motivos que faziam de Seedorf, então com 38 anos, o jogador ideal naquele momento.

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O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nossos arquivos, reproduz na íntegra aquela reportagem de capa de 1 de outubro de 2013.

TODOS QUEREM SEEDORF

Flávia Ribeiro e Felipe Ruiz

Capa da revista Placar edição 1383, de Outubro 2013 : “Craque dos Sonhos”.

Quando Neymar trocou o Brasil pela Espanha, deixou um vácuo. Afinal, quem seria o sucessor do ex-santista como o jogador que todos gostariam de ver no seu time? PLACAR perguntou a 28 especialistas qual craque atendia a esse desejo das arquibancadas. A resposta foi arrasadora: metade desse colégio elegeu o meia Seedorf como o cara. E não apenas pelo que o holandês representa dentro de campo. Motivos não faltam. O caráter do botafoguense e uma sucessão de preocupações, como a alimentação oferecida pelo clube e a formação de atletas recém-saídos das categorias de base. Um conjunto de qualidades que PLACAR enumera a partir da próxima página.

ELE AMA O TIME EM QUE JOGA
A chegada de Seedorf ao Botafogo pode ter surpreendido a muitos, mas, para quem conhece o jogador, parece escrita nas estrelas – ou na estrela, a solitária. Quando era criança, no Suriname, Seedorf tinha um pôster do Botafogo colado na parede de seu quarto. Aos 10 anos, chorou com a eliminação do Brasil na Copa do Mundo do México, em 1986 – e uma das principais lembranças que tem da época é justamente a dos dois gols do lateral-direito Josimar, então no Botafogo, na Copa. No fim dos anos 90, casou-se com uma brasileira, Luviana, torcedora alvinegra. O que, junto com sua facilidade para línguas, explica seu português fluente – ele também fala inglês, francês, espanhol, italiano e, claro, holandês. Foi Luviana quem incentivou o craque a vestir a camisa do Botafogo. Por ela Seedorf saiu da Europa, continente adotado havia mais de 20 anos, e voltou à América do Sul. Seedorf vive no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, com a mulher e seus quatro filhos – as meninas Jusy, Darjaene e Jaysyley e o caçula Denzel. Não precisou correr atrás de moradia quando assinou com o Botafogo. O apartamento já era dele havia alguns anos. Era para lá que ele e sua família corriam nas férias e festas de fim de ano. Seedorf se sente tão local que anda pelo bairro de bicicleta e volta da praia de ônibus. Gente como a gente. Mas com grana e uma enorme vontade de resguardar sua imagem. Não é visto na noite. Prefere jantares discretos em família e com amigos íntimos em restaurantes estrelados como o Fasano.

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ELE (AINDA) JOGA PORQUE GOSTA
Não é à toa que, aos 38 anos, Clarence Seedorf é um dos grandes protagonistas do Brasileiro 2013. Quando chegou, há pouco mais de um ano, tornou-se o maior nome internacional a jogar no Brasil – quatro vezes campeão da Liga dos Campeões da Europa, além de campeão do mundo de clubes. Surpreendeu ao trocar propostas milionárias da Itália, Inglaterra, China, Catar, Emirados Árabes e Estados Unidos pela do Botafogo. Também milionária, por sinal: são 6 milhões de euros, cerca de 18,3 milhões de reais, por um contrato de dois anos: 250000 euros, ou 758000 reais mensais – ainda assim, muito inferior aos cerca de 1,5 milhão de reais que receberia no Guangzhou Evergrande, da China, time do argentino Conca. Um dos 50 jogadores de futebol mais ricos do mundo, segundo pesquisa do site goal.com, com uma fortuna avaliada em 55 milhões de reais, Seedorf pôde optar por uma oferta menor, mas que agradou mais sua família. Para o Botafogo, no entanto, o salário é uma fortuna. O clube foi apontado em maio, por um estudo da Pluri Consultoria, como o mais endividado do país, com uma dívida de 566 milhões de reais. O salário de Seedorf – pago parte pelo clube, parte pela fornecedora de material esportivo, a Puma – representa ainda 25% de uma folha salarial de cerca de 3 milhões de reais. Vale o gasto. Além de liderar a bela campanha do time no Campeonato Brasileiro, Seedorf impulsionou o número de sócios-torcedores do clube de 4000 para 12000 associados só nos primeiros três meses do craque no Brasil. Depois, com o fechamento do Engenhão, houve uma queda. Mas o sucesso do time e a campanha ancorada no holandês fazem com que a expectativa da diretoria seja chegar a 20000 até o fim deste ano. Sem ele, essa meta seria irreal. Com ele, parece totalmente possível.

ELE NÃO BATE DE FRENTE COM O TREINADOR
Líder, questionador, observador, perfeccionista, rígido. Parece a receita certa para jogador que bate de frente com treinador, certo? Errado. Seedorf pode até discordar de Oswaldo de Oliveira, e sempre que isso acontece ele fala, de forma direta. No entanto, sabe muito bem que a última palavra é a do técnico. “Ele tem opinião forte. Mas é obediente, disciplinado e observador”, diz Oswaldo, afirmando que aprendeu muito com o holandês. “Aprendi principalmente a lidar com a questão de ter um ponto de vista diferenciado.”
A mudança da posição de volante, na qual jogava no Milan, para a de segundo atacante, como tem atuado no Botafogo, não foi um dos pontos de discórdia. Seedorf abraçou a ideia de Oswaldo assim que a ouviu. “Volante corre mais durante o jogo. Na antiga função, ele percorria espaços maiores. Pelo clima quente do Rio e a idade dele, acredito que poderia ser sacrificante. Pela facilidade que ele tem no drible e pelo chute forte, resolvi que deveria aproximá-lo do ataque. Hoje percorre espaços menores e é muito mais produtivo. A prova de que deu certo é o número de gols e assistências que ele faz”, afirma o treinador.

ELE É UM CARA DE GRUPO
Nos hotéis e concentrações, Seedorf gosta da resenha. Costuma trocar ideias sobre as partidas e os adversários com jogadores como o também experiente zagueiro Bolívar, 33 anos e duas Libertadores pelo Internacional no currículo. Em seu primeiro dia no Botafogo, em janeiro, durante a pré-temporada da equipe, Bolívar participou de um churrasco com o grupo. Nele, Seedorf comentou com Bolívar que costuma se informar sobre o perfil de cada companheiro. “O seu é o de um cara vencedor”, comentou, antes de dizer que sabia que Bolívar poderia contribuir num papel de liderança. “Ele disse que sentia falta de mais lideranças para dividir a responsabilidade em 2012, porque o grupo era muito jovem, e com a minha chegada e a de Júlio César, ele, Jefferson e outros não ficariam tão sobrecarregados”, lembra Bolívar. Seedorf é do tipo que cobra. “Ele gosta das coisas certinhas”, diz o atacante Rafael Marques. Mas também incentiva. O atacante passou por uma má fase no ano passado e virou o principal alvo da insatisfação da torcida. O holandês então se uniu a Jefferson, Andrezinho e Fellype Gabriel para conversar com Rafael no início deste ano. “Foi na véspera da partida contra o Boavista pelo Estadual, em fevereiro. Eles foram me dizer que confiavam em mim e que já era hora de ajudá-los”, lembra. O Botafogo só empatou aquele jogo em 2 x 2, mas o centroavante participou dos dois gols alvinegros. Cresceu em campo e hoje, no Brasileiro, é o artilheiro do time com oito gols (até a 23ª rodada). No ano, marcou 17, além de ter dado nove passes para gols dos companheiros ” atrás apenas do próprio Seedorf, que já deu 15 assistências.

ELE CUIDA DA GAROTADA
Quando subiu dos juniores para os profissionais, Gabriel, hoje com 21 anos, passou por um momento de incerteza e insegurança. Treinava separado do grupo. Seedorf chegou ao clube e também passou a treinar à parte, enquanto recuperava a forma. Nesse período, os dois se aproximaram e o holandês passou a servir de exemplo para Gabriel. “Outro dia ele me disse: `Lembra que eu cheguei e via você sempre trabalhando? Desde o primeiro momento gostei do seu jeito de trabalhar e de se comportar”. Ele é muito observador. Na primeira vez dele na concentração, ficou de papo no refeitório até tarde. Quando foi dormir, todo mundo comentou: `O negão é gente boa””, diz Gabriel. Seedorf às vezes pega pesado. O atacante Vitinho, por quem era chamado de pai e que hoje joga no CSKA-RUS, foi alvo de várias duras. Seedorf chegou a retirá-lo de uma entrevista. O lateral-direito Gilberto, por sua vez, recebeu até um safanão no braço durante uma discussão na vitória do Botafogo por 3 x 1 sobre a Portuguesa, em São Paulo. “O garoto tem que aprender que há momentos que tem que escutar e basta. Não tem tempo para ficar discutindo, porque o juiz, no primeiro tempo, estava para dar cartão e eu queria protegê-lo. Para ele não ficar falando com o juiz. Ele não entendeu. Então, tive que dar uma bronca nele. Rapidinho. Para a gente se concentrar no jogo”, disse Seedorf após a partida. Uma reportagem do jornal Extra afirmou ainda que Seedorf age quase como um empresário, tentando recrutar outros jogadores para a Think Ball, empresa que gerencia a sua carreira. O atacante Fellype Gabriel, por exemplo, mudou para a Think Ball e logo depois se transferiu para o Al Sharjah, dos Emirados Árabes. “Ele já conversou comigo para saber se estou contente com meu empresário, mas só isso. O cara tem tanta coisa para fazer que se ainda fosse agir como empresário ficaria louco”, defende o volante Gabriel.

Seedorf, durante o jogo entre Botafogo x Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro de 2012, realizado no estádio do Engenhão – Fotonauta

ELE É GENTE BOA
O Brasil também mudou um pouco o jeito do holandês de ser. “Ele chegou com uma visão mais formal, pouco flexível, das nossas coisas. Um exemplo são as refeições. Ele achava que jogador brasileiro comia demais. Hoje em dia está se deliciando nas refeições”, diz Oswaldo. Relaxou tanto que já até cantou no vestiário, após uma vitória, e para a torcida, em General Severiano, após a conquista do Campeonato Estadual deste ano, exibindo o vozeirão já gravado em disco. Em 2007, gravou duas músicas para o CD Percorsi di Vita, para ajudar a reestruturação do departamento de oncologia do Hospital de Melegnano, na Itália: “Sittin” on the Dock of the Bay”, de Otis Redding, e “Redemption Song”, de Bob Marley. Acostumado com o assédio, distribui autógrafos sorrindo quando é abordado na rua. Nas viagens, no entanto, às vezes os jogadores precisam ser protegidos pelos seguranças das manifestações mais empolgadas de amor de multidões que vão receber o time. Nessas horas, tem sempre alguém tentando roubar o boné de Seedorf, que precisa segurá-lo firmemente na cabeça. Numa ocasião, em Brasília, pediu para Ivan Joaquim de Souza Júnior, segurança do Botafogo há 20 anos, segurar o boné para ele. Na confusão, um fã mais ousado levou o boné e Ivan nem percebeu na hora. “Quando vi o que tinha acontecido, entrei logo numa loja de material esportivo e comprei um novo para ele. O anterior era branco, com o escudo do Botafogo. Na loja não tinha branco, levei preto, com o mesmo escudo. Ele reclamou: `Mas não é a mesma coisa…”. Acho que aquele ele tinha ganhado da filha. Mas eu falei: `Pô, Seedorf, boné é boné!”. Ele riu e usou aquele mesmo. Logo depois, o boné já estava na internet, numa foto dos torcedores que foram receber o time, na cabeça de um garotinho”, lembra Ivan, rindo.

ELE ESTÁ DE OLHO EM TUDO
“Qual a temperatura da água?”, questiona Clarence Seedorf ao fisiologista Altamiro Bottino antes de entrar na banheira quente. “O que tem nesse suplemento?”, indaga o holandês ao nutricionista Rodrigo Vilhena. Seedorf pergunta tudo, o tempo todo. E conhece seu corpo como ninguém. Não come nada sem saber que alimentos serão servidos, não toma remédio sem ter detalhes sobre a composição, não entra na banheira sem saber o porquê. Faz tratamento fisioterápico todo santo dia, porque não acredita que a atividade é para curar lesões, e sim para evitá-las. Não bebe, não fuma. Agora está contaminando o Botafogo com sua `perguntação” obsessiva e seus cuidados constantes. Todos passaram a querer saber o que há nos suplementos, se a água está na temperatura correta e até o que devem comer depois de um jogo para se recuperar mais rapidamente. Nos dias de treino, chegar cedo para fazer a fisioterapia antes de entrar em campo deixou de ser uma exclusividade do craque holandês. “Ele faz tantas perguntas porque parte do pressuposto de que nem todos são tão rigorosos como ele. E acho que ele está certo, gostaria que todos os jogadores fossem assim, interessados no que fazemos com eles. Sinto isso acontecendo cada vez mais. Os mais jovens, como Doria, Gabriel e Otávio, claramente se espelham nele. Jogadores que não eram muito de questionar começam a ter dúvidas, a se cuidar melhor”, comenta Altamiro Bottino.

ELE DÁ UM JEITO DE AJUDAR O LUGAR DE ONDE VEIO
A preocupação em dar sua contribuição social é outra faceta do holandês, que já visitou hospitais e escolas públicas brasileiras pelo Botafogo. Mais que isso, ele tem uma fundação, a Champions for Children, instituição sem fins lucrativos que desde 2005 desenvolve projetos sociais em países como Suriname, Brasil, Holanda, Camboja e Quênia. No Brasil, a fundação investiu 130000 reais na construção de um centro de recreação e esportes no bairro de Alagados, um dos mais pobres de Salvador. O Parque Clarence Seedorf, em Stedenwijk, na Holanda, recebeu um investimento de 200000 reais. No Suriname, são dois projetos: a construção de uma unidade neonatal em um hospital público de Paramaribo, capital do país, por 230000 reais; e o Clarence Seedorf Sport Complex, que já consumiu cerca de 750000 reais. A unidade neonatal recebeu o nome de seu avô, Frederik Seedorf, filho de escravos. Chegou a ser condecorado como membro do “Champions Legacy”, que ajuda a manter o legado do líder sul-africano Nelson Mandela. É, Gabriel está certo. O cara é gente boa.

seedorf, jogador do botafogo, em jogo contra a Lusa no Canindé – Renato Pizzutto

Exemplo holandês
Perguntamos a 28 especialistas quem eles queriam nos seus times. Deu Seedorf – e não apenas pelo que faz em campo

Maurício Barros – Placar
“É um professor de técnica, leitura de jogo e postura. Um garoto que o vê, aos 38 anos, pensa: `Se ele, com a carreira que tem, trabalha assim, não sou eu que vou me acomodar””

Rogério Andrade – Placar
“Não só pelo que ele apresenta em campo mas também pela influência que exerce sobre os outros jogadores. Consagrado e aplicado, serve de exemplo aos mais jovens”

Gian Oddi – ESPN
“Além da indiscutível qualidade técnica, tem mostrado a liderança necessária em seu time, capacidade de atrair torcida e até influenciar decisões fora do campo”

Arnaldo Ribeiro – ESPN
“Experiente, técnico, cerebral, interessado, profissional, líder, envolvido e, além de tudo, bom cantor para a roda de cerveja após o jogo”

Paulo Vinícius Coelho – ESPN
“Ele transfere uma experiência para o clube, não para o time. Que é o que ele está fazendo. De como vencer, ter ambição e auxiliar demais os outros jogadores”

André Rizek – SporTV
“Benefício dentro e fora do campo. Não tem jogador que traz retorno de mídia como ele. Expõe a marca lá fora, ajuda com a garotada e tem um grande conhecimento nas mais diversas áreas”

Carlos Cereto – SporTV
“Pela experiência, qualidade técnica e liderança. É fora de série, e mesmo veterano está sobrando no campeonato”

Cléber Machado – Globo
“No cenário atual, o jogador escolhido, pela soma de tudo, seria Seedorf. O botafoguense é a união em um mesmo jogador de talento, ritmo, liderança e poder de decisão”

Casagrande – Globo
“Ele é um jogador que exerce uma influência positiva no grupo”

Caio Ribeiro – Globo
“Ele faz mais de uma função em campo. Tem experiência e liderança pra comandar um time. Mas, principalmente, porque ele é um craque, um jogador completo”

Carlos Eduardo Éboli – CBN
“Tem uma qualidade técnica indiscutível. Uma liderança nata. Condição física impressionante. Pode ser o braço direito do treinador”

Vítor Birner TV – Cultura
“Dono da melhor leitura de jogo entre todos os atletas que atuam no Brasil. Com o holandês no elenco, a turma do chinelinho não encontra espaço para encostar o burro na sombra”

Leandro Behs – Zero Hora
“Seedorf colocou o Botafogo em um novo patamar. Ele trouxe para o Brasil a cultura de campo e de vestiário do europeu. Foi a grande contratação dos últimos anos no Brasil”

Erich Beting – Máquina do Esporte
“Liderança, inteligência, dentro e fora de campo, além de trazer uma bagagem de experiência que nunca houve no futebol brasileiro”

Samba e amor
A ex-passista que trouxe o holandês na bagagem para o Botafogo

Foi pela alvinegra Luviana que Seedorf assinou com o Botafogo. Criada em Realengo, a brasileira de 37 anos teve a oportunidade de viajar para a Europa quando ainda era uma menina de 17. Passista de um grupo de samba e pagode, participou de uma turnê com o grupo em 1993. Seedorf, então no Ajax, assistiu a um show do grupo em Nápoles. Trocaram contatos e se encontraram em Roma. Um ano depois, novo encontro. O romance, então, desabrochou.

É o que conta Jorginho Estrela Negra, líder do grupo Estrela Negra, do qual Luviana fazia parte com outras duas passistas. A moça era um furacão no palco. Fora dele, era discreta, reservada. Perfeita para Seedorf, um sujeito que prefere manter sua vida pessoal e sua família fora dos holofotes.
“O negócio com eles foi amor à primeira vista. E o Seedorf é o que é 80% por causa dela. É uma mulher muito centrada, que se dedica a cuidar dele e das crianças. Participa de tudo na vida dele, a cumplicidade é muito grande. É uma mulher também muito emotiva. E Seedorf é romântico, canta para ela”, revela Jorginho, garantindo que a moça “samba pra caramba”.

Luviana saiu de Realengo, conheceu o mundo. Sua família também saiu, hoje mora na Barra da Tijuca ou no Recreio. Mas o samba não saiu de Luviana. Seedorf pode gostar de reggae e Bob Marley. Mas Luviana, quando pode, vai à quadra do Salgueiro, sua escola de coração. Também tem carinho pela Mocidade Independente de Padre Miguel. É fã de Neguinho da Beija-Flor, que foi até contratado por Seedorf para cantar para sua mulher numa festa-surpresa, na Itália.

“Era aniversário deles, de casamento, acho. Não lembro se em 2004 ou 2005. Cantei `Negra Ângela”, a música favorita dela. E o Seedorf também soltou a voz, cheio de sotaque, cantando: `Sou Beija-Flor e o meu tambor/Tem energia e vibração/Vai ressoar em São Luiz do Maranhão””, conta Neguinho, referindo-se ao samba-enredo de 2001 da escola de samba de Nilópolis, “A Saga de Agotime, Maria Mineira Naê”.

Na casa de Seedorf havia todos os instrumentos de percussão imagináveis. Neguinho ficou para o almoço do dia seguinte. “Eles são gente do povo, pessoas que vieram do nada, que sabem o que é ter dificuldade na vida”, comenta o puxador de samba da Beija-Flor.

Em sua página do Facebook, na qual usa o sobrenome de solteira, Luviana mostra mais uma vez que está totalmente em sintonia com o marido. Seedorf é altamente preocupado com o que come e bebe – tem impressionantes 5% de gordura corporal, o menor percentual de todo o elenco do Botafogo, além de ser o atleta com a maior massa muscular da equipe. Já sua mulher faz parte de uma única comunidade na rede social: Siamo Ciò Che Mangiamo (Somos o que comemos), em que se discute alimentação saudável.

Na foto de perfil, está abraçada a dois dos filhos. Além dessa, as outras únicas duas fotos acessíveis para quem não faz parte da rede de amigos da moça no Facebook são uma dela com Seedorf e outra com Malika El Hazzazzi, mulher de Adriano Galliani, vice-presidente e diretor-executivo do Milan. Em ambas, Luviana está elegante e decotada em edições do Milan Fashion Week, mostrando que engravidar de quatro filhos não a fez perder a forma.

Eles querem outros
Os caras que Seedorf deixou para trás: Alex, Elias, Zé Roberto, D¿Alessandro, Ralf, Everton Ribeiro…

ALEX – Coritiba
Marcos Sergio Silva – Placar
“É aplicado nos jogos com a bola nos pés e também sem ela. Exerce uma liderança que poucos jogadores na história souberam exercer”

Lédio Carmona – SporTV
“Tem pelo menos dois anos de carreira pela frente, técnica refinada, poder de liderança e se entrega de cabeça aos projetos. É um jogador raro, como Seedorf”

Tostão – Folha de S.Paulo
“É um craque organizador e pensador. É o jogador ideal”

André Henning – Esporte Interativo
“É um cara muito diferenciado, sabe ajudar os outros jogadores e a comissão técnica com sua bagagem profissional”

ELIAS – Flamengo
Maurício Noriega – SporTV
“Um jogador capaz de atuar em todo o campo é imprescindível. Ele é o jogador de duas áreas, tanto salva uma bola na defesa como invade a área adversária”

Diogo Olivier – Zero Hora
“Todo o time precisa de um motor estilo Paulinho, que marque e saiba jogar com a mesma qualidade no meio-campo”

Zé Roberto – Grêmio
Eduardo Elias – Fox Sports
“Aos 38, tem um vigor impressionante, aparece em várias partes do campo. E tem inteligência no passe e na finalização. É um cara que pode transformar um time”

Milton Neves – Band
“Tem quase 40 anos, mas se você analisar cientificamente parece que está com 20. O Zé Roberto conserta qualquer time”

D”Alessandro – Internacional
Neto – Band
“Fazedor de gols, líder, argentino e um baita jogador”

Ralf – Corinthians
Luciano do Valle – Band
“Marcador ao máximo, ajuda a todos os setores do time e é constante”

Pato – Corinthians
Mauro Beting Band
“Tem potencial e, longe das lesões, tem tudo para se adaptar ao futebol brasileiro e voltar a jogar um grande futebol. Pode jogar de centroavante e como atacante pelos lados”

Gil – Corinthians
Mauro Cezar Pereira – ESPN
“É o melhor zagueiro em atividade no Brasil”

Montillo – Santos
Renato Maurício Prado – Fox Sports
“Um dos poucos meias de verdade que não é veterano. Os outros – Alex, Zé Roberto e Ronaldinho ” enfrentam problemas físicos ou de comportamento”

Everton Ribeiro Cruzeiro
Sérgio Xavier Filho – Placar
“Não seria nada mau ter o meia do Cruzeiro no meu time. Não o Éverton dos anos passados, mas a versão 2013. Velocidade, marcação e precisão na hora de definir”

Torcedores do Botafogo com bandeira do jogador Seedorf – Fotonauta
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