La Popular Por Enrico Benevenutti
Aqui contamos histórias do futebol sudaca, aquele que catimba y baila milongas com a bola no pé
Millonarios vence final histórica contra Atlético Nacional, nos pênaltis
Maiores campeões da Colômbia decidiram uma final de campeonato pela primeira vez; clássico já envolveu Higuita e bruxaria, e movimenta o confronto Medellín x Bogotá
De certo que o Brasil não está acostumado a acompanhar o futebol sul-americano. À exceção do futebol argentino, os demais países do continente aparecem vez ou outra na mídia, geralmente quando algum gigante brasileiro anuncia a contratação de um atleta ou é confronto certo pela Libertadores. O fato é que poucos clássicos sul-americanos são tão intensos como Atlético Nacional e Millonarios, da Colômbia. Os dois maiores campeões nacionais contam uma história de rivalidade que movimenta Medellín e Bogotá, as duas maiores cidades do país. Neste sábado, 24, o blog La Popular destaca a final mais histórica e inédita do futebol colombiano, que terminou com o título conquistado por los millos, nos pênaltis, contra os rivais verdolagas.
A rivalidade entre as equipes colombianas já tinha se estabelecido nos anos 70, quando o campeonato nacional era disputado ponto a ponto por Atlético Nacional e Millonarios – cada equipe conquistou o título duas vezes. Pela Copa Libertadores, em 1974, houve o primeiro encontro e a superioridade dos alviazuis foi implacável ao vencer duas vezes o rival na fase de grupos.
No entanto, foi nos anos 80 que o Superclásico colombiano se estabeleceu de fato. Época de altos investimentos no futebol cafetero, resultado do narcotráfico que imperava no país e, não apenas injetava dinheiro, mas também controlava grande parte das equipes. As disputas se intensificaram não somente dentro de campo, mas também nos bastidores por contratações. Em 1986, o atleta Chicho Pérez havia se destacado pelo Once Caldas e já estava fechado com Millonarios. O jogador chegou a vestir a camisa da equipe e, mais tarde, recebeu uma oferta maior do Nacional. O volante mudou de cidade e de clube sem grandes problemas.
Três anos mais tarde, o Atlético Nacional venceu uma nova disputa contra os rivais, dessa vez dentro de campo, e se tornou o primeiro time colombiano campeão da Libertadores. O Superclásico aconteceu nas quartas de final, com a equipe de verde triunfando por no primeiro jogo, por 1 a 0, e segurando o empate por 1 a 1 na partida seguinte.
À época, o time de Medellín tinha a estrela René Higuita na equipe. O sucesso no encontro decisivo, segundo revelou o goleiro, foi resultado de uma bruxaria praticada pelo Atlético Nacional anos antes.
“Ela fez um círculo de fogo e colocou todo o time no centro, e pediu para eu usar uma cueca azul e uma corrente. Deu resultado! Tivemos uma sequência boa e decidi que sempre usaria a cueca e a corrente contra eles”, disse à revista Bocas.
Atlético Nacional e Millonarios lideram a Colômbia como os maiores campeões nacionais, junto com América de Cali. Ainda assim, é a primeira vez que as equipes rivais se encontram em uma decisão de campeonato. Os rivais decidiram a aposentada Copa Merconorte no ano 2000 – em duas finais, após o empate sem gols no primeiro confronto, os verdolagas venceram por 2 a 1 na volta e ficaram com a taça.
Os millos esperaram por 13 anos para dar o troco no rival e, em 2013, decidiram o título da Copa da Colômbia. No entanto, o cenário se repetiu e o time de Medellín ficou novamente com o título. Atlético Nacional venceu a finalíssima por 1 a 0, após o empate por 2 a 2 no primeiro encontro da decisão.
Maiores campeões do Campeonato Colombiano:
1) Atlético Nacional (17x)
2) Millonarios (15x)
3) América de Cali (15x)
4) Deportivo Cali (10x)
5) Junior Barranquilla (9x)
5) Santa Fé (9x)
Bogotá x Medellín
A rivalidade Atlético Nacional e Millonarios vai além dos títulos e extrapola os gramados. Há um contexto cultural e histórico que mexe com a Colômbia, desde a origem do país. Capital até os dias atuais, Bogotá foi fundada pelos espanhóis e representou a elite do desenvolvimento e dos privilégios.
Do lado oposto, Medellín foi ignorada pelos colonizadores e viveu épocas de miséria e pobreza, vítima de uma exploração incessante de prata e ouro na região. Ao longo da fundação da Colômbia, a região de Antioquia, onde se localiza a cidade, se tornou um Estado independente, mas sucumbiu em seguida.
O Superclásico colombiano carrega até hoje o estereotipo cultural das cidades e isso se reflete nos discursos das torcidas, clubes e manifestações dentro dos estádios, nas arquibancadas.
Recebimento com fumaça, pirotecnia e mosaico de Los del Sur e demais torcedores do Atlético Nacional no jogo de ida da final da liga colombiana, ontem, vs Millonarios. No sábado tem o jogo de volta, em Bogotá.
(📹 @juandl84) pic.twitter.com/TmBvRlpi6E
— O Canto das Torcidas (@OCantoOficial) June 22, 2023
Final histórica
O Campeonato Colombiano foi decidido pela primeira vez entre Atlético Nacional e Millonarios, a maior rivalidade do país. O time de Medellín, comandado pelo brasileiro Paulo Autuori, teve campanha sólida na primeira fase do torneio apertura – com 35 pontos em 20 jogos – e classificou para a fase seguinte em terceiro colocado. Os verdolagas lideraram o grupo A de maneira invicta para alcançar a final.
A campanha do Millonarios é bem semelhante. O time de Bogotá classificou em segundo colocado na primeira fase – com 38 pontos conquistados ao longo de 20 rodadas -. No grupo B, foi líder apesar da derrota para o Boyacá Chicó na penúltima rodada.
No primeiro clássico, em Medellín, no Atanasio Girardot, a torcida do Nacional foi a protagonista de um empate sem gols. O resultado se repetiu na finalíssima, porém com um placar distinto. Desta vez no El Campín, em Bogotá, a torcida alviazul viu a rede balançar. Para a tensão do estádio, Jefferson Duque marcou no primeiro tempo para os verdolagas. A segunda etapa foi completamente dominada pelo time da casa, mas os Millonarios empataram com Llinás e pararam por aí.
A decisão caminhou para os pênaltis: Pabón e Valência isolaram as primeiras cobranças. Na quarta conversão, os dois times pararam nos goleiros adversários. No entanto, o goleiro Montero, de los millos, voltaria a aparecer para segurar o pênalti de Barrera. Na última cobrança, Vásquez carimbou o título histórico dos Millonarios.
