Entenda a polêmica sobre salas de imprensa de São Paulo e Palmeiras
Tricolor alegou mecanismo de ‘reciprocidade’ para barrar Verdão no MorumBis; visitantes citam regulamento e cobram punição
A rivalidade crescente entre São Paulo e Palmeiras ganhou um novo capítulo no último domingo, 3, no MorumBis. Nem tanto pelo empate na penúltima rodada da fase de grupos do Campeonato Paulista, mas pela confusão causada nos bastidores por conta da entrevista coletiva do técnico Abel Ferreira, que não aconteceu.
Os são-paulinos impediram que a entrevista do técnico visitante fosse realizada na sala de imprensa principal do estádio mesmo com o banner dos patrocinadores palmeirenses já instalados. A justificativa oficial foi a adoção de um mecanismo de reciprocidade que recebe no Allianz Parque.
“O São Paulo Futebol Clube esclarece que, por reciprocidade, disponibilizou a zona mista do MorumBis para a realização de entrevistas da Sociedade Esportiva Palmeiras. A utilização ou não do espaço fica a cargo do clube visitante”, escreveu o São Paulo em sua conta no X, antigo Twitter.
Esclarecimento:
O São Paulo Futebol Clube esclarece que, por reciprocidade, disponibilizou a zona mista do MorumBIS para a realização das entrevistas da Sociedade Esportiva Palmeiras. A utilização ou não do espaço fica a cargo do clube visitante.
Vale ressaltar que, na última…
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) March 4, 2024
O Palmeiras disse inicialmente que não havia sido informado do uso da zona mista e, depois, não deixaria o seu técnico em pé por cerca de 30 a 40 minutos para responder às perguntas, em meio à saída dos jogadores. Quando passou pela zona mista, Abel foi perguntado pelos jornalistas se não falaria ali mesmo:
“Não nos deixaram falar”, respondeu o treinador palmeirense.
Desde cedo o clima não era dos mais amistosos no estádio, segundo integrantes da comissão técnica do Palmeiras. Assim que o clube chegou no palco da partida, foi colocado um som alto ao lado do vestiário. O clima pegou a todos de surpresa, já que os presidentes Julio Casares e Leila Pereira têm boa relação.
Fomos informados pelo São Paulo, somente após o jogo deste domingo, que não haveria sala para a realização da entrevista do técnico Abel Ferreira – o backdrop com os patrocinadores do clube já estava, inclusive, instalado na sala de coletivas do Morumbi.
Como o mandante não nos… pic.twitter.com/0mGwLd60Su
— SE Palmeiras (@Palmeiras) March 4, 2024
O Palmeiras mostrou fotos para os repórteres presentes alegando que o São Paulo usa, sim, uma sala de entrevistas quando joga no Allianz Parque. Por outro lado, em outra foto mostrada à imprensa, os são-paulinos alegam que o lugar é pequeno, sem tratamento acústico e que jornalistas precisam ficar no chão durante a entrevista.
“O argumento usado pelo São Paulo (“reciprocidade”) não condiz com a verdade, já que o Palmeiras, quando mandante, sempre oferece um espaço para a entrevista do treinador adversário”, respondeu o Palmeiras, também nas redes sociais.
O que diz o regulamento?
O Palmeiras informou que notificou a Federação Paulista de Futebol sobre o ocorrido, que pode causar punição ao São Paulo. O regulamento FPF estabelece que os clubes mandantes disponibilizem “espaço e estrutura para organização e realização das entrevistas.”
Ainda de acordo com o item 48 do regulamento geral do Paulistão, caso o estádio tenha apenas uma sala de imprensa, como é o caso do Morumbi, o visitante tem a prerrogativa de conceder a entrevista primeiro. Caso não deseje conceder espaço para coletivas, o mandante deve avisar a federação com 24 horas de antecedência, o que não aconteceu.
O São Paulo entende que não pode ser punido por não ter impedido o Palmeiras de utilizar outros espaços do MorumBis. A FPF ainda não se pronunciou sobre o caso.
Art. 48 – Os Clubes têm o dever de atender às janelas de entrevistas oficiais de cada partida,
conforme Protocolo de Marketing, da seguinte forma:
a) Antes do início de cada partida, os treinadores deverão atender às demandas da
transmissão oficial da partida, em local a ser definido de maneira prévia com os Clubes;
b) No intervalo e após o término de cada partida, um atleta de cada agremiação deverá
atender a equipe de transmissão oficial da partida, em frente ao backdrop oficial da
competição, posicionado no campo de jogo, para ser o local das entrevistas;
c) Após o término de cada partida, os clubes deverão atender à imprensa, por meio de
entrevistas coletivas presenciais, das quais necessariamente participará o treinador da
equipe.
§ 1º – Além das entrevistas coletivas, os Clubes poderão organizar zona mista para
realização das entrevistas com atletas, desde que a estrutura do estádio assim permita.
§ 2º – É obrigação do Clube mandante oferecer espaço e estrutura para organização e
realização das entrevistas.
§ 3º – Havendo apenas uma sala ou espaço de imprensa disponível no estádio, será
realizada a entrevista da equipe visitante e, posteriormente, a entrevista da equipe
mandante, salvo acordo prévio realizado entre os Clubes, que deverá ser informado à FPF
com pelo menos 24 (vinte e quatro) horas de antecedência da realização das partidas.
Xingamentos xenófobos
Não bastasse a confusão por conta das salas de imprensa, o Palmeiras também estuda tomar medidas legais por conta de um xingamento xenófobo por parte de Carlos Belmonte, diretor de futebol do São Paulo, contra Abel.
“Não há justificativa para as palavras baixas e preconceituosas escolhidas pelo dirigente são-paulino com o intuito de depreciar um profissional íntegro e vitorioso, que vive no Brasil há mais de três anos”, disse o Palmeiras por meio de nota oficial.
Belmonte foi flagrado por câmeras dirigindo palavras ofensivas à arbitragem da partida, quando também falou de Abel.
“Safado do c… O Abel apitou o jogo para vocês. Este português de m…”, disse Belmonte.
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