Quantas vezes o Fluminense já foi rebaixado?
Com histórico de descenso para a Série C, Tricolor pode ser primeiro campeão da Libertadores a cair no ano seguinte
O Fluminense corre sérios riscos de ser rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, neste domingo, 8. Caso o Tricolor seja derrotado pelo Palmeiras, e Athletico Paranaense ou Red Bull Bragantino vençam seus compromissos, o time de Laranjeiras amargará o terceiro rebaixamento concreto de sua história.
A equipe carioca foi rebaixado da primeira divisão em 1997 e da segunda divisão em 1998. Além disso, em 1996, o Fluminense chegou a cair, mas após acusações de suposto esquema de arbitragem a CBF cancelou os descensos da edição.
Da mesma forma, em 2013, uma decisão judicial impediu o Tricolor de cair mais uma vez. Na ocasião, a queda foi cancelada após a Portuguesa ser punida com a perda de quatro pontos pela escalação de Heverton, suspenso, o que tirou os cariocas do Z4.
O descenso em 2024, porém, também representaria uma outra marca negativa. Fluminense seria o primeiro campeão da Copa Libertadores a amargar tamanho revés no ano posterior ao título.
A virada de mesa de 1999
Um longo calvário marcou o fim dos anos 90 do Flu. Rebaixado para a Série B em 1997 e para a Série C em 1998, o Tricolor retornou à elite nacional após vencer a terceira divisão de 1999.
O drama do Tricolor das Laranjeiras foi contado nas páginas de PLACAR. Convém lembrar que naquela época o Brasileirão tinha outro formato, mais curto.
Desta forma, o Fluminense mal teve tempo de assimilar a presença na Série B de 1998 e já estava condenado novamente. Na edição de 1º de agosto de 1998, a revista publicou os “10 mandamentos do Fluminense”, que acabariam não se concretizando; confira:
Não será fácil a vida do técnico Delei, do Fluminense, na Segunda Divisão. Craque campeão brasileiro pelo clube, em 1984, Delei foi chamado para ajudar o Flu a recuperar a auto-estima. Longe de contar com um grande time, o novo treinador criou um manual de sobrevivência na Segundona:
1. Nenhum jogador deve se deixar levar pelo complexo de Segunda Divisão. O importante é jogar de cabeça erguida.
2. Devemos evitar jogadas de choque. Choque é para o time da Light.
3. Conhecer os adversários é fundamental.
4. Nossa maior arma deve ser a velocidade de nossos jogadores.
5. A diretoria precisa nos dar segurança fora de campo.
6. Devemos jogar no Maracanã, e não em Laranjeiras.
7. Vamos valorizar a técnica de um Donato, de um Roni, de um Magno Alves.
8. Ter um conjunto forte é prioridade.
9. O Fluminense vai dar espetáculo, e não entrar no clima de violência dos adversários.
10. Respeitar a camisa tricolor acima de tudo
Como se sabe, o plano naufragou e não só o Fluminense não obteve o acesso como ainda foi rebaixado para a Série C após empate em 1 a 1 com o ABC, em 6 de outubro de 1990, no estádio Machadão, em Natal (RN). Pelo regulamento, caiam os últimos de cada um dos quatro grupos com seis equipes em cada, e mais os dois piores entre os times restantes.
Com duas vitórias, cinco empates e três derrotas, o Fluminense fez companhia a Náutico, Atlético Goianiense, Juventus, Americano e Volta Redonda, os outros rebaixados. Parecia o fim da linha e até mesmo tricolores ilustres pareciam ter perdido a fé; João Havelange, ex-mandatário da Fifa e então presidente de honra do Tricolor, chegou a dizer: “Desse jeito, o Fluminense vai acabar”.
Não acabou, é claro, mas passou por maus bocados. Para a disputa da Série C, o clube repatriou um velho ídolo: o técnico Carlos Alberto Parreira, campeão brasileiro com o Flu em 1984 e tetracampeão mundial com a seleção em 1994 – portanto, apenas cinco anos antes de rodar o Brasil profundo na disputa da Série C.
Em agosto de 1999, Parreira concedeu entrevista a PLACAR (relembre no #TBT PLACAR), na qual foi apresentado como o “Messias do Flu”. Na época, o treinador prometia levar o time de volta à elite em 2001.
Acabaria sendo mais rápido: liderado pelo meia Roger Flores, que chegou a ser comparado com Diego Armando Maradona, o Fluminense venceria a Série C em 1999 e entraria já no Módulo Azul, ao lado de outros grandes na Taça João Havelange, o remodelado Campeonato Brasileiro de 2000, disputado por 116 times. Desde então, nunca mais voltou às divisões inferiores.