A “dança dos técnicos” é um termo antigo no futebol brasileiro. Define um hábito que se mantém: a troca constante de treinadores ao longo do Campeonato Brasileiro.
A pressão por resultados imediatos tornou o cargo de técnico um dos mais instáveis do esporte. Conhecer os números ajuda a dimensionar o problema.
Desde a adoção do formato de pontos corridos, em 2003, a instabilidade se repete ano após ano. O recorde histórico ocorreu justamente naquele ano, com 40 mudanças de comando, em um torneio que ainda contava com 24 clubes.
Entre as edições com 20 equipes, o maior número foi registrado em 2015, com 32 trocas. Outras temporadas também chamam atenção:
2004 teve 38 mudanças; 2005, teve 37; 2013, teve 24; 2017, teve 23; e 2021 e 2024 registraram 21 cada.

Ceni tem um dos trabalhos mais longevos do Brasil – Rafael Rodrigues / Bahia
Em 2025, o Brasileirão já havia igualado o número do ano anterior — 21 trocas até o fim de outubro. A média segue alta: pouco mais de uma troca por clube por temporada.
Por que se troca tanto
O futebol brasileiro ainda é movido pelo imediatismo. Três ou quatro resultados ruins costumam bastar para encerrar um trabalho, independentemente do contexto ou do histórico do treinador.
A figura do técnico, vista como a face mais visível de uma campanha, concentra boa parte da responsabilidade pelos fracassos. A ausência de projetos esportivos de longo prazo agrava o quadro.
O levantamento ainda mostra que boa parte das equipes que mais mudaram de técnico na era dos pontos corridos acabou caindo de divisão ao menos uma vez. O recorde de 40 trocas em 2003 segue como o retrato mais claro dessa lógica: o campeonato muda de técnico quase toda semana, e o futebol brasileiro continua incapaz de sustentar um projeto por mais de alguns meses.





