VTs, home office e BBB: como canais esportivos tentam driblar a Covid-19
Recomendações das autoridades sanitárias e ausência de campeonatos e notícias alteraram programações de TV e testaram a ‘criatividade’ dos comentaristas
A pandemia de coronavírus praticamente parou o esporte mundial. No Brasil e no exterior, clubes buscam alternativas para conseguir fechar suas contas em meio a paralisações, cancelamentos e indefinições sobre os campeonatos. A dificuldade afeta também os profissionais da imprensa esportiva que, além de lidarem com a necessidade de se proteger da Covid-19, também sofrem com a falta de novos assuntos. Os canais de TV, no entanto, precisam preencher suas grades e, por isso, vêm adotando medidas alternativas – algumas bem curiosas.
Seguindo recomendações, as empresas impuseram a quarentena voluntária, em regime de home office (quando o profissional segue trabalhando de casa), reduzindo drasticamente o número de funcionários nas redações. No caso da Globo , alguns setoristas do esporte migraram temporariamente para o noticiário de saúde, como Lívia Laranjeira (que cobriu brilhantemente a queda do avião da Chapecoense, na Colômbia, em 2016), Renato Peters e Anselmo Caparica. Profissionais que pertencem ao chamado grupo de risco, por estarem acima dos 60, anos, como Galvão Bueno, da Globo, e Antero Greco, da ESPN Brasil, foram preservados e afastados totalmente de suas atividades.
O número de programas dos três principais canais esportivos do país foi drasticamente reduzido. O SporTV manteve os programas Redação, Seleção e Tá na Área, além de criar uma nova atração, o Faixa Especial, apresentado por Gustavo Villani, com as novidades relacionadas ao coronavírus. O resto do dia é preenchido por reprises de jogos antigos. Nesta quinta-feira 19, a emissora carioca passou o VT das finais da Libertadores 2019 e Supercopa do Brasil 2020, ambas vencidas pelo Flamengo, e a final da Copa João Havelange de 2000, conquistada pelo Vasco – esta última partida venceu uma enquete no site do SporTV na nova faixa de “jogos clássicos”.
A ESPN Brasil também explorou as reprises de competições que detém os direitos de transmissão, como o Campeonato Inglês, NBA e NFL. Nesta quinta, passou o All Star Game de basquete e uma partida entre Liverpool e Watford. A Fox Sports seguiu a mesma linha e exibiu a recente vitória do São Paulo sobre a LDU, na Libertadores, entre suas mesas-redondas, que estão reduzidas e desfalcadas – o principal nome da casa, Benjamin Back, está afastado de forma voluntária, pois jantou recentemente com Jorge Jesus (o técnico do Flamengo havia testado “positivo fraco” para coronavírus, mas sua contraprova deu negativo.)
Papel higiênico e até BBB – Com o coronavírus monopolizando o noticiário, qualquer acontecimento exclusivamente esportivo vem sendo explorado ao máximo. A saída de Tom Brady do New England Patriots rumo ao Tampa Bay Buccaneers, por exemplo, teve mais espaço no Sportscenter, maior telejornal da ESPN, do que o noticiário de equipes do futebol brasileiro. Até assuntos “rasteiros”, que provavelmente não teriam espaço em condições normais, viram debate. Nenhum programa conseguiu escapar do “desafio de embaixadinhas com papel higiênico”, brincadeira que virou febre mundial entre jogadores de futebol entediados com a quarentena. O volante Felipe Melo, do Palmeiras, ganhou destaque ao adaptar o desafio a seu “estilo”.
Entrevistas com personalidades isoladas em outros países também são recorrentes. Nesta quinta, o técnico Fábio Carille apareceu, via Skype direto da Arábia Saudita, no programa Os Donos da Bola, do apresentador e ex-jogador Neto, na Band, e, minutos depois já estava no ar no SporTV, contando sobre as dificuldades da quarentena.
Diante da falta de assuntos exclusivamente esportivos, os programas têm recorrido ao bom humor. Até mesmo o sucesso do Big Brother Brasil 20 virou pauta para os programas mais “leves”, como o Bate-Bola debate da ESPN Brasil e o de Neto, na Band. No início da semana, os comentaristas opinaram sobre o paredão que acabou eliminando o participante Pyong Lee.