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Valcke contradiz Blatter – e impasse no Itaquerão continua

Horas depois de presidente da Fifa afirmar publicamente que problemas de São Paulo estão resolvidos, o secretário-geral lamenta não ter encontrado solução

“Cada vez que eu abria a boca para dizer algo mais duro eu virava o maior vilão do mundo. Todo mundo já nos odeia. Imagine o que falariam se eu ameaçasse tirar mais cidades da Copa”, disse Valcke

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, desembarcou no país na segunda-feira para tentar resolver um dos principais problemas da reta final dos preparativos para a Copa do Mundo: a contratação da montagem das estruturas provisórias nos doze estádios do torneio. Seu objetivo declarado era ter uma solução já na terça. Nesta quinta-feira, porém, o dirigente francês encerrou sua passagem pelo país com essa questão ainda indefinida – e, apesar de ter dito que está “confiante” em relação a um acerto, acabou desmentindo o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, que horas antes, num discurso no congresso da Uefa, no Cazaquistão, tinha garantido que não havia mais pendências em relação a São Paulo, a sede onde o impasse em torno das instalações temporárias é mais complicado.

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“Eu tinha dito que a gente apresentaria uma solução, mas não temos essa solução ainda. Devemos ter essa solução na sexta”, disse Valcke depois da reunião do Conselho de Administração do Comitê Organizador Local (COL), no Maracanã, no Rio de Janeiro. “Há uma grande construtora por trás da obra em São Paulo, a Odebrecht. Confio na Odebrecht para que ela entregue tudo a tempo lá em São Paulo.” Em seu discurso diante dos cartolas da Uefa, Blatter afirmou, de forma categórica, que “o problema do estádio de São Paulo está resolvido, e a partida de abertura entre Brasil e Croácia já pode ser disputada”. Também presente à reunião no Rio, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou que o governo está tentando colaborar com a cidade, a Fifa, o COL e o Corinthians na negociação do caso. “Estamos ajudando para que encontrem uma saída.”

Desafio – Durante a entrevista coletiva, chamou atenção o fato de Valcke não ter citado o Corinthians ao mencionar a busca por uma solução em São Paulo. Ao ser questionado sobre a corrida para deixar o palco da abertura pronto, ele afirmou: “O prazo que temos, 77 dias, é curto, é claro. Mas o problema não é tanto o tempo para instalar as estruturas, e sim o tempo que sobrará para testá-las Isso é fundamental para garantir que elas funcionarão corretamente. Mas repito: tenho plena confiança na Odebrecht sobre a montagem das instalações necessárias.” Em seguida, ao responder sobre o papel do Corinthians, Valcke disse que só mencionou a Odebrecht porque “é a empresa que conhece o estádio, já está no local e será capaz de cumprir esse desafio”. O dirigente afirmou que se reuniu com Andrés Sanchez, do Corinthians, para discutir o assunto.

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O Corinthians, por ser o proprietário do estádio, tinha assumido a responsabilidade de bancar as estruturas temporárias, que deverão custar cerca de 40 milhões de reais. O clube, no entanto, alega precisar do auxílio do poder público ou de parceiros comerciais para conseguir montar essas instalações. Valcke se diz preocupado com o fato de que faltam só 77 dias para a abertura – e a Fifa costuma recomendar que o trabalho seja feito em no mínimo três meses. Na entrevista desta quinta, o dirigente francês evitou adotar um tom pessimista demais: além de ressaltar que acredita que o caso de São Paulo será resolvido em breve, ele elogiou o ritmo acelerado dos trabalhos na Arena da Baixada, que chegou a ficar ameaçada de exclusão da Copa, e comemorou o fato de Porto Alegre já ter encaminhado uma solução para as estruturas provisórias do Beira-Rio.

‘Vilão’ – Jornalistas estrangeiros que participaram da entrevista coletiva mostraram sua perplexidade com o fato de o país-sede ainda estar discutindo questões que já tinham sido negociadas há anos, como a responsabilidade pelos gastos com estruturas provisórias. “Sim, o acordo foi fechado há muito tempo, tudo está escrito e assinado, não deveria haver surpresas. Bom, aqui foi assim. É uma lição que devemos trabalhar para a Rússia-2018”, disse Valcke, que se mostrou aliviado com o fato de o próximo país-sede ter apenas um estádio privado – no caso das arenas bancadas pelos governos, não houve impasse sobre quem pagaria a conta. Outro correspondente perguntou o motivo de Valcke ter sido tão “diplomático” e não ter cobrado o Brasil de forma mais contundente sobre os atrasos. Ele sorriu e afirmou: “Ora, cada vez que eu abria a boca para dizer algo mais duro eu virava o maior vilão do mundo. Todo mundo já nos odeia. Imagine o que falariam se eu ameaçasse tirar mais cidades da Copa…”

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