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Uefa permite que ligas sejam canceladas ou reiniciadas em outro formato

Entidade, no entanto, recomendou que campeonatos sejam finalizados em campo e apresentou normas de elegibilidade para as competições europeias

A Uefa divulgou nesta quinta-feira, 23, as decisões tomadas por seu Comitê Executivo em relação à possibilidade de retomada dos campeonatos nacionais e europeus em meio à pandemia de coronavírus. A entidade que rege o futebol do continente reforçou seu desejo de completar a temporada até o fim de agosto, mas enfatizou a prioridade na saúde dos atletas e no cumprimento dos protocolos de segurança. A Uefa, então, abriu a possibilidade de as ligas mudarem de formato ou serem encerradas, contanto que cumpram determinadas normas.

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Citando especificamente os casos de Bélgica, que já encerrou sua temporada e deu o título ao líder Club Brugge, e da Escócia, que solicitou a mesma medida, a Uefa liberou esta opção sob duas condições: proibição oficial para a realização de eventos esportivos no país que impossibilite a conclusão da atual temporada em uma data que não comprometa o início da próxima; ou justificativas econômicas e financeiras que tornem imprudente a continuidade da temporada, colocando em risco a estabilidade financeira da competição a longo prazo.

O desejo da Uefa de realizar os jogos restantes é compartilhado por todos os clubes, sobretudo por razões econômicas: em meio a uma crise financeira inevitável, ninguém quer ficar sem os valores de direitos de transmissão. A expectativa mais otimista é que os treinos possam ser retomados em maio e os jogos em junho. Mas o objetivo geral esbarra em recomendações das autoridades sanitárias. Conforme PLACAR adiantou com exclusividade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou à Uefa uma medida drástica: que as competições internacionais fiquem suspensas até o final de 2021. A informação foi negada pela entidade a jornais ingleses. 

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“O cenário ideal, se a situação de pandemia permitir, é concluir as competições domésticas atualmente suspensas, permitindo que os clubes de futebol se qualifiquem para as competições de clubes da UEFA por mérito esportivo em seu formato original. Caso esse resultado não seja possível, principalmente devido a problemas de calendário, seria preferível que as competições nacionais suspensas fossem reiniciadas com um formato diferente, de maneira a facilitar ainda os clubes a se qualificarem por mérito esportivo”, informou a entidade em comunicado nesta quinta. 

A Uefa ainda solicitou que, mesmo em caso de mudança do formato ou encerramento das ligas, a classificação para a Liga dos Campeões e Liga Europa da próxima temporada deve obedecer “critérios técnicos, de forma objetiva e transparente”. Caberá às ligas nacionais decidir, com base no mérito esportivo, quem serão seus representantes. A Uefa terá autoridade para vetar a escolha da liga caso julgue conveniente.

O documento ainda reafirma a decisão manter sua próxima competição masculina de seleções com o nome de “Euro 2020”, apesar de o torneio ter sido adiado para 2021. A medida visa evitar o desperdício com materiais promocionais já confeccionados para o evento, que celebrar seu 60º aniversário (1960 – 2020). Também foi confirmado o adiamento da Euro feminina, anteriormente marcada para 2021, para julho de 2022. 

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Ligas podem ficar sem campeões?

Ainda não está claro o que acontecerá em caso de impossibilidade de terminar os campeonatos e, aparentemente, a decisão caberá a cada liga especificamente. A Bélgica tomou a frente e já finalizou sua temporada, com o líder Brugge como campeão. Em recente entrevista, o presidente da Uefa, Alexender Ceferin, deu a entender que o mais sensato seria dar o título à equipe que liderava sua liga, ao tranquilizar publicamente os torcedores do Liverpool, que aguardam há 30 anos por um título da Premier League.

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Com 25 pontos de vantagem sobre o Manchester City faltando nove rodadas, o time estava muito próximo da taça. “Não vejo como o Liverpool poderia ficar sem o título”, disse Ceferin ao EkipaSN , um jornal da Eslovênia, sua terra natal. “Se não pudesse ser jogado, ainda seria necessário anunciar os resultados de alguma forma, e então os campeões deveriam ser determinados”, completou. 

Em outros países em que as diferenças entre líder e vice-líder são mínimas, o debate é mais acalorado. “Na Itália, uns defendem que o scudetto fique com a líder Juventus, outros dizem que não é justo com a Lazio, que está só um ponto atrás… É uma grande confusão, e para evitar decisões de tribunal, recursos, etc, creio que todos tentarão até o último instante recomeçar o campeonato”, afirma o jornalista local Mimmo Ferretti.

O mesmo ocorre em Portugal, onde o Porto lidera com 60 pontos, um a mais que o rival Benfica. “Aqui não se discute o cancelamento da Liga ainda. Vão levar isso até o último segundo possível”, afirma Bruno Andrade, jornalista brasileiro do jornal português A Bola. 

Pedro Proença, presidente da liga portuguesa, afirmou recentemente que “é fundamental que a liga portuguesa termine até 30 de junho” e que, a princípio, trabalha com dois cenários: jogos com portões fechados ou torneio para decidir o que está em jogo. Nos bastidores, o Porto tenta assegurar que seria campeão em caso de cancelamento, enquanto o Benfica usa outra cartada para tentar levar o troféu: considerar apenas o primeiro turno, do qual foi vencedor.

Na Espanha, o Barcelona também pressiona internamente para levar a taça caso não haja datas disponíveis e tem a seu favor o fato de ser o líder e campeão do primeiro turno. O presidente de La Liga, Javier Tebas disse que seu plano é retomar o torneio. “A opção de cancelar e suspender a temporada ainda não está sendo trabalhada. Ao invés disso, estamos analisando várias possibilidades, como jogar com portões fechados, com público, ou até cancelar os jogos (não a temporada). Devemos estudar todos eles, sem caminhar para uma situação em que a temporada fique incompleta”.

Confira como estava a classificação das principais ligas europeias antes da paralisação, no início de março:

Inglaterra: o Liverpool lidera com 82 pontos, 25 a mais que o vice-líder Manchester City, restando nove rodadas (dez, no caso do City). Bournemouth, Aston Villa e Norwich ocupam a zona de rebaixamento.

Espanha: o Barcelona lidera com 58 pontos, dois a mais que o vice-líder Real Madrid, restando 11 rodadas. Mallorca, Leganés e Espanyol ocupam a zona de rebaixamento.

Itália: a Juventus lidera com 63 pontos, um a mais que a vice-líder Lazio, restando 12 rodadas. Lecce, Spal e Brescia ocupam a zona de rebaixamento.

Alemanha: o Bayern de Munique lidera com 55 pontos, quatro a mais que o vice-líder Borussia Dortmund, restando nove rodadas. Fortuna Düsseldorf, Werder Bremem e Padeborn ocupam a zona de rebaixamento

França: o PSG lidera com 68 pontos, 12 a mais que o vice-líder Olympique de Marselha, restando 11 rodadas (12, no caso do PSG). Nîmes, Amiens e Tolouse ocupam a zona de rebaixamento

Portugal: o Porto lidera com 60 pontos, um a mais que o vice-líder Benfica, restando 10 rodadas. Portimonense e Desportivo Aves ocupam a zona de rebaixamento.

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