Torcida do Santos invade a Vila e causa tumulto com agressões em eleição
Presidente do Conselho Deliberativo do clube era o alvo dos invasores; confusão foi controlada e pleito paralisado por 20 minutos
SANTOS – Torcedores do Santos arrombaram um dos portões da Vila Belmiro e invadiram o ginásio Athiê Jorge Coury protagonizando enorme confusão na eleição que define o novo presidente do clube pelos próximos três anos. Sob tensão, o pleito foi interrompido por 20 minutos. Um dos envolvidos foi detido na confusão. Não há registro de feridos.
A ação ocorreu por volta das 14h. Ao chegar no local, o grupo iniciou imediatamente um conflito com trocas de agressões com seguranças contratados pelo clube. Eles impediram o acesso que tinha como principal alvo Celso Jatene, presidente do Conselho Deliberativo.
O problema foi controlado com reforço de segurança. Posteriormente, houve ainda o acionamento da Tropa de Choque da Polícia Militar.
Enorme confusão na eleição do Santos. Integrantes de uma torcida organizada tentaram invadir o ginásio Athié Jorge Cury para cobrar o presidente do Conselho Deliberativo Celso Jatene e entraram em conflito com seguranças contratados pelo clube @placar pic.twitter.com/Ocp3TTUnws
— Klaus Richmond (@KlausRichmond) December 9, 2023
“Eles dispersaram rapidamente. Infelizmente era uma confusão até aguardada no nosso planejamento de segurança”, explicou o delegado seccional de Santos, Rubens Eduardo Barazal.
O delegado ainda ainda explicou que a logística dos votantes será mantida normalmente. A Polícia Civil tentará identificar os autores com o auxílio de imagens de segurança.
Com 5 candidatos, Santos define presidente que enfrentará crise histórica
Cinco nomes concorrem a sucessão de Andres Rueda, com mandato até dezembro de 2026: Ricardo Agostinho (Resolve), Wladimir Mattos (Juntos pelo Santos FC), Rodrigo Marino (Renova Santos), Maurício Maruca (Inova Santos) e Marcelo Teixeira (Santos grande de novo).
A eleição acontece simultaneamente no Salão de Mármore e no ginásio da Vila Belmiro. Desta vez, o clube não conta com urnas em São Paulo, como habitualmente faz nas disputas, utilizando a FPF (Federação Paulista de Futebol) como sede na capital.
A apuração iniciará ao término imediato do fechamento das urnas, com o resultado divulgado no começo da noite. O novo presidente inicia oficialmente o mandato a partir de 2 de janeiro, mas deve antecipar os trabalhos.
Ao todo, 16.602 sócios estão aptos a voto – sendo 7.662 no formato online. A expectativa é de um colégio eleitoral recorde, superando os 8.154 votantes de 2020, quando Rueda saiu vencedor com 3.936 votos.
Histórico de polêmicas
Os pleitos presidenciais do Santos neste século são marcados por um longo histórico de problemas. Em 2009, durante a apuração da quinta de dez urnas, uma enorme confusão entre torcedores e membros da oposição, da chapa de Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, interrompeu o pleito.
Ribeiro liderava a contagem de votos com larga vantagem sobre Marcelo Teixeira, então presidente, quando integrantes de uma das torcidas organizadas partiram para cima de integrantes de alguns de seus apoiadores. A confusão desencadeou o episódio conhecido como “guerra das cadeiras” entre os presentes, com intervenção de gás lacrimogênio pela Polícia Militar.
Na ocasião, Laor venceu Teixeira com 1.882 votos a 1.129, interrompendo a sequência de cinco mandatos consecutivos do rival político.
Em 2014, a eleição precisou ser interrompida por problemas logo no início envolvendo o uso de urnas eletrônicas. O clube tentou insistir com a prática, mas precisou em meio ao pleito trocar para cédulas de papel. A eleição chegou a ser suspensa por um dos mesários ter sido flagrado depositando duas cédulas na urna de uma só vez.
Três anos depois, uma série de acusações contra o então presidente Modesto Roma Júnior marcaram o pleito que elegeu José Carlos Peres. Oposicionistas acusaram o rival político de uma susposta tentativa de fraude nas urnas se valendo de uma manobra para aumentar artificialmente o número de sócios.
Na mesma eleição, Roma sofreu uma denúncia pitoresca: a criação de sócios fantasmas com nomes como Augusto Pinochet, Al Capone e Don Corleone. O episódio levou conselheiros a vetarem a primeira votação online, que ocorreria somente em 2020.
Pelas redes sociais, também no mesmo ano, circulou um vídeo com um grupo de asiáticos supostamente irregulares na fila na sede da FPF, que atendia eleitores da capital: “vou votar no amarelo, meu patrão mandou”, diziam.
No final da gestão de Peres, em 2020, o clube teve o primeiro presidente da história a sofrer um impedimento.
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