Tifanny: ‘Fui cortada de um time masculino por ser homossexual’
A oposta do Sesi Bauru, primeira atleta transexual na Superliga, falou sobre a primeira vez que sofreu preconceito no vôlei
A oposta Tifanny Abreu, do Sesi Bauru, revelou a primeira vez em que sofreu preconceito no vôlei, em 2003, no Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo. Em entrevista ao programa Bola da Vez, da Espn, que vai ao ar no próximo domingo, a primeira jogadora trans da Superliga contou que impressionou um técnico em um teste no clube, mas, por homofobia, o diretor da equipe vetou sua contratação.
“No meu primeiro teste, tive uma decepção. O técnico ficou encantado com meu voleibol. Como eu era magra, mas era muito explosiva, pulava muito, tinha muita força. Era um talento nato. Mas o diretor não queria nenhum homossexual no time. No segundo teste, nem participei da peneira, já fui riscada”, revelou a jogadora de 34 anos.
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Tifanny tentou buscar justificativas para o corte, mas só descobriu quando um jogador da equipe lhe disse que o diretor não aprovava homossexuais. “Eu chorei muito. Perguntei para o técnico como poderia ser cortada sem nem fazer o teste. Ele me pediu para voltar no outro dia, mas o mesmo aconteceu. Quando fui para o alojamento, o melhor jogador do time me disse: ‘É difícil para o técnico, ele me falou que não quer cortar você, porque você é um dos melhores talentos que apareceu, mas o diretor não permite atletas gays na equipe.”
Segundo ela, o então diretor do Pinheiros agora trabalha em outra equipe da Superliga. Depois de não conseguir realizar seu sonho de jogar na liga masculina, Tifanny se assumiu transexual e conseguiu uma vaga na Superliga feminina de vôlei, onde se destacou atuando pelo Bauru, mas também esbarrou em alguns problemas por causa de seu gênero.
No final do mês passado, o técnico Bernardinho, do Sesc RJ, demonstrou sua frustração após um ataque de Tifanny, durante o confronto de quartas de final contra o Sesi Bauru. “Um homem, é f***”, disse. A declaração foi flagrada pelas câmeras e criticada nas redes sociais. O treinador se desculpou publicamente e ganhou o apoio da oposta.
O Bauru eliminou o Rio de Janeiro de Bernardinho por 2 a 1, mas parou nas semifinais, quando foi eliminado pelo Praia Clube, de Uberlândia, por 2 a 0. Tifanny foi a maior pontuadora do Sesi Bauru, mas não aparece entre as cinco melhores da Superliga.