Técnico do PSG nega racismo e se diz chocado com acusações
Christophe Galtier foi acusado por ex-diretor do Nice de ter reclamado de excesso de negros e muçulmanos no elenco, relacionando má fase com idas à mesquita
Christophe Galtier, atual treinador do Paris Saint-Germain, respondeu as acusações de racismo feitas por Julien Fournier, ex-diretor de futebol do Nice, em um e-mail antigo ao qual a imprensa local teve acesso esta semana. O técnico francês afirmou estar profundamente chocado com a denúncia de seu antigo colega de trabalho e afirmou ser uma pessoa que se preocupa com o “bem-estar dos outros”.
“Estou profundamente chocado com os comentários que estão sendo atribuídos a mim, que foram repassados de forma irresponsável e que me feriram no âmago da minha natureza humana. Sou um filho dos bairros pobres da cidade, cresci em um ambiente multicultural e respeitando os outros, seja qual for sua origem, cor de pele ou religião. Toda a minha vida adulta foi ditada por um sentimento de partilha e preocupação com o bem-estar dos outros, não posso aceitar que o meu nome e o da minha família sejam manchados desta forma”, disse Galtier.
A resposta do técnico do PSG veio dois dias após uma denúncia bombástica, revelada pela TV RMC Sport. De acordo com a emissora, Fournier enviou um e-mail aos proprietários do clube em 2021 dizendo que Galtier reclamou do excesso de “negros e muçulmanos” no time que dirigia na época.
A emissora diz ter tido acesso às mensagens enviadas por Fournier a Dave Brailsford, diretor da Ineos, empresa dona do Nice, e confirmado sua autenticidade. No e-mail, Galtier é acusado de ter relacionado o mau momento da equipe com o fato de a direção ter montado um elenco de “escória” em que “só há negros e metade da equipe está na mesquita às sextas-feiras à tarde.”
O treinador teria dito ainda que o elenco “não correspondia à realidade existente na cidade” e que teria sido abordado em um restaurante por pessoas que reclamavam do número de negros no time. No e-mail, Fournier relatou que Galtier não apresentou “nenhum argumento esportivo, mas apenas religiosos ou de cor de pele.”
Em setembro de 2022, Fournier já havia dito que, caso explicasse as verdadeiras razões que levaram à demissão do treinador, “Galtier nunca mais entraria em um vestiário, nem na França, nem em lugar nenhum da Europa.” A acusação sobre racismo religiosa vem à tona justamente num momento em que o jejum do Ramadã de atletas muçulmanos vem causando controvérsia no futebol europeu.
Nesta sexta-feira, 14, a Promotoria de Nice confirmou o início da investigação policial sobre o caso. Porém, o treinador já adiantou que apresentará uma queixa por difamação contra o acusador. “Não posso aceitar que meu nome e de minha família sejam manchados dessa maneira e por isso apresentei uma denúncia e tenho confiança na Justiça. Para manter a serenidade, não responderei mais perguntas sobre este tema”, afirmou Galtier nesta sexta.
Galtier assumiu o Nice em 2021 embalado pela surpreendente conquista da Ligue 1 pelo Lille, na temporada anterior. Apesar de não ter se destacado no novo clube, foi contratado pelo PSG em 2022 e desde então soma 29 vitórias, cinco empates e oito derrotas. O time vive em constante crise: foi eliminado pelo Bayern de Munique nas oitavas da Champions, e para o rival Olympique de Marselha na Copa da França. Na Ligue 1, mantém seis pontos de vantagem sobre o Lens, na liderança.