Técnico do Al Ahly diz que Palmeiras não devia começar na semi. Tem razão?
Critério da Fifa leva em conta superioridade histórica de europeus e sul-americanos, mas resultados do Mundial nos últimos anos têm provocado críticas
O sul-africano Pitso Mosimane, treinador do Al Ahly, clube egípcio que enfrenta o Palmeiras na semifinal do Mundial de Clubes nesta terça-feira, 8, afirmou que é injusto o time sul-americano já começar em um estágio tão avançado da competição. Ele lembrou que o Verdão ficou atrás do próprio Al Ahly na edição passada, quando os africanos venceram nos pênaltis a disputa pelo terceiro lugar.
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“Quantas vezes os africanos têm de se provar? Qual o critério? Por que o Palmeiras joga a semifinal? No ano passado, nós os vencemos. Qual a diferença? Não é o momento de os africanos jogarem a semifinal?”, questionou Mosimane em entrevista coletiva.
O critério da Fifa para colocar os representantes da Europa e da América do Sul direto na semifinal é a histórica superioridade dos times dos dois continentes, considerados tradicionalmente os centros futebolísticos mais fortes do mundo. Antes da criação do Mundial de Clubes em seu formato atual, europeus e sul-americanos decidiam o título apenas entre eles. Além disso, são os dois únicos continentes a terem conquistado a Copa do Mundo, com nove títulos sul-americanos e 12 europeus.
Olhando para o desempenho histórico dos clubes no Mundial da Fifa, o argumento se sustenta. Os europeus dominam o formato, com 13 títulos e três vices em 17 edições; em seguida, aparecem os sul-americanos, com quatro títulos e nove vices. Os asiáticos têm como melhores desempenhos dois vices, assim como os africanos; já os times da Concacaf (Américas do Norte e Central) só fizeram um vice-campeonato, com o Tigres, do México, em 2020.
Em anos recentes, porém, cada vez mais questionamentos têm surgido a respeito desse critério, especialmente em relação à entrada do time sul-americano direto na semifinal. Quando um sul-americano ficou fora da decisão pela primeira vez, graças à derrota do Internacional para o Mazembe, do Congo, no Mundial de 2010, muitos apostaram que seria apenas um acidente histórico. Não é mais o caso.
Das últimas oito edições do Mundial, em quatro delas o campeão da Libertadores foi eliminado na estreia e ficou fora da decisão: Atlético-MG contra o marroquino Raja Casablanca em 2013, Atlético Nacional contra o japonês Kashima Antlers em 2016, River Plate contra o emiradense Al Ain em 2018 e Palmeiras contra o mexicano Tigres em 2020. O Verdão ainda perdeu para o Al Ahly o terceiro lugar, na pior campanha de um sul-americano na história.
Na visão dos críticos ao atual sistema, a distância técnica do time sul-americano para os de continentes como África ou Ásia é muito menor do que em relação ao representante europeu. Os últimos oito campeões do Mundial, aliás, vieram da Europa; o sul-americano mais recente a levantar o troféu foi o Corinthians, que bateu o Chelsea em 2012. E a depender do resultado de Palmeiras x Al Ahly, a partir das 13h30 desta terça, a reclamação de Pitso Mosimane pode ganhar ainda mais força.
Veja as melhores campanhas de cada continente do Mundial de Clubes da Fifa:
Europa – 13 títulos
- 4 do Real Madrid (2014, 2016, 2017 e 2018)
- 3 do Barcelona (2009, 2011 e 2015)
- 2 do Bayern de Munique (2013 e 2020)
- 1 do Milan (2007)
- 1 do Manchester United (2008)
- 1 da Inter de Milão (2010)
- 1 do Liverpool (2019)
América do Sul – 4 títulos
- 2 do Corinthians (2000 e 2012)
- 1 do São Paulo (2005)
- 1 do Internacional (2006)
África – 2 vices
- Mazembe (2010)
- Raja Casablanca (2013)
Ásia – 2 vices
- Kashima Antlers (2016)
- Al Ain (2018)
Américas do Norte e Central – 1 vice
- Tigres (2020)
Oceania – 1 terceiro lugar
- Auckland City (2014)