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Técnico alertou sobre risco antes de acidente, diz sindicato

Odebrecht e Corinthians dizem que não houve qualquer tipo de aviso

“O técnico havia detectado o risco na base de sustentação e comunicou o engenheiro de segurança”, disse chefe de sindicato

Na manhã em que peritos iniciaram as análises das causas do acidente que matou dois operários no Itaquerão, em São Paulo, na quarta-feira, um sindicato de trabalhadores do setor denunciou uma falha humana no episódio. De acordo com Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), os engenheiros do canteiro de obras instalado na Zona Leste foram avisados sobre os riscos da operação que culminou no desabamento de um guindaste sobre parte do estádio. Os envolvidos na perícia, que contou com a presença de representantes da Defesa Civil e Ministério do Trabalho, não fizeram nenhum comentário sobre as possíveis causas – eles só devem falar publicamente sobre o acidente no Itaquerão depois da conclusão dos trabalhos. À tarde, a Odebrecht e o Corinthians divulgaram nota dizendo que “não houve nenhum alerta” e negaram a ocorrência dos eventos relatados por Ramalho. Na mesma nota, dizem que o Sintracon-SP “não representa os trabalhadores que realizavam as operações de movimentação de guindaste e colocação de estrutura metálica na obra”. “Esses trabalhadores são representados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do estado de São Paulo (Sintrapav SP)”, dizem Odebrecht e Corinthians.

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Conforme a versão apresentada pelo Sintracon-SP, um técnico de segurança alertou, por volta das 8 horas de quarta, sobre um risco de acidente nos trabalhos na cobertura, onde ocorreu o desabamento no início da tarde, pouco antes das 13 horas. “O técnico havia detectado o risco na base de sustentação e comunicou o engenheiro de segurança. O engenheiro de segurança comunicou o engenheiro de produção, que falou: ‘Isso não é questão de segurança do trabalho, é de engenharia civil, faço obra há 30 anos, sei que segura’. Mas não segurou”, afirmou Ramalho. O representante do sindicato diz ter ouvido essa versão do próprio técnico. Ramalho ameaçou convocar uma greve caso o técnico seja demitido. Ele não detalhou qual teria sido o problema de segurança detectado por ele. “Pode ter sido alguma rachadura ou trinca, porque a gente sabe que é uma área de aterro.”

O guindaste envolvido no acidente era considerado o maior da América Latina, com capacidade para 1.500 toneladas. O equipamento já havia erguido 37 treliças semelhantes da cobertura. O acidente ocorreu na instalação da última peça. O Sintracon diz aguardar as conclusões da investigação e pede que a polícia e o Ministério Público acompanhem a apuração das responsabilidades. Também nesta quinta, outros sindicatos também cobraram respostas em relação ao acidente – entidades internacionais de operários pediram uma reunião com a cúpula da Fifa para pedir padrões de segurança mais rigorosos nas obras ligadas às Copas do Mundo. “A Fifa não pode lavar as mãos”, disse Alexandre Marietto, do sindicato suíço Solidar, em Zurique. A Fifa lamentou a morte dos operários e disse que a segurança deve ser prioridade nas obras, mas não cogitou fazer uma investigação própria e descartou assumir qualquer tipo de responsabilidade, já que a obra não tem nenhum envolvimento direto da entidade.

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Na quarta, a Defesa Civil já havia realizado uma vistoria preliminar no Itaquerão. Naquela ocasião, Jair Paca de Lima, da Defesa Civil, adiantou que a estrutura do estádio corintiano não foi afetada com a queda do guindaste no setor, assim como já havia confirmado a construtora Odebrecht, responsável pela obra. Por causa dos estragos provocados pelo acidente que matou os operários Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44, um setor correspondente a cerca de 30% da área leste das obras do Itaquerão foi interditado. Depois dos trabalhos desta quinta, essa interdição foi confirmada. A vistoria ocorreu entre as 10 horas e as 13h30. Com a assinatura do auto de interdição, o próximo passo no caso é o pedido da Odebrecht à Prefeitura de São Paulo para a realização das obras emergenciais na área afetada. A Defesa Civil confirmou sua impressão inicial de que não houve dano estrutural no estádio – a arquibancada não chegou a ser atingida, já que o guindaste parou na fachada com painéis de led que cobre a parte externa.

(Com agência Gazeta Press e Estadão Conteúdo)

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