Sorteio dos grupos: a emoção da Copa já começa na sexta
Saiba por que a cerimônia desta semana, na Bahia, será a mais emocionante dos últimos Mundiais – e por que o Brasil vai precisar de sua torcida na festa

A definição das chaves é aguardada com ansiedade por todas as 32 seleções não apenas por causa da revelação dos primeiros oponentes no torneio, mas também pelo caminho a ser percorrido em território brasileiro
Os primeiros lances da Copa do Mundo de 2014 serão disputados nesta semana, longe dos gramados das doze arenas do torneio – e com torcedores dos 32 países participantes ligados em cada jogada. No lugar da bola Brazuca (que, aliás, será revelada ao público na terça-feira), pequenas esferas de plástico vão definir o destino das equipes. E ao invés de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, um time formado por Zidane, Cafu e Matthaus decidirá o jogo. O sorteio oficial dos grupos do Mundial, às 14 horas (de Brasília, 13h locais) de sexta, na Costa do Sauípe, na Bahia, vai definir não só a tabela da primeira fase como também o caminho de cada equipe até o título. A tradicional cerimônia organizada pela Fifa costuma ser o primeiro grande evento na contagem regressiva para a Copa, um aquecimento para os torcedores que aguardam ansiosamente o pontapé inicial do torneio. Neste ano, porém, a expectativa é maior que a de qualquer outra edição. Um novo critério de classificação das equipes participantes pavimentou o caminho para o sorteio mais tenso e emocionante da história recente do torneio. A seleção brasileira vai precisar de muita torcida desde já – afinal, ela corre o risco de receber alguns convidados indesejados logo no início de sua festa, em 12 de junho de 2014. Itália, Inglaterra, França, Holanda e Portugal podem aparecer na chave do Brasil – uma delas pode até mesmo fazer o jogo de abertura contra os donos da casa, que teriam uma rota ainda mais atribulada até o tão sonhado hexacampeonato.
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A grande novidade desta edição do sorteio é o peso que ganhou o ranking de seleções da Fifa na definição dos grupos. Criado em 1992, o ranking foi quase ignorado em sua primeira década de existência. Depois de alguns ajustes nos critérios de pontuação, a lista ganhou mais credibilidade entre os torcedores e especialistas. Ainda assim, a classificação não tinha grande importância, já que poucas vezes dava algum tipo de vantagem aos seus líderes. Como a Fifa sempre adotou critérios geográficos e históricos na hora de separar os times para os sorteios das Copas, pouca gente prestou atenção no ranking no decorrer das Eliminatórias, pensando que a entidade retomaria a tradição de direcionar a definição dos grupos – evitando, assim, que as seleções mais tradicionais se encarassem logo no início. O ranking já tinha sido usado para definir os cabeças-de-chave no passado – na África do Sul-2010, por exemplo, Brasil, Espanha, Holanda, Itália, Alemanha, Argentina e Inglaterra se juntaram ao país-sede no pote principal do sorteio. Os únicos ex-campeões fora dele, França e Uruguai, acabaram caindo na chave dos sul-africanos, evitando confrontos prematuros com outros times de primeiro escalão. Desta vez, porém, a Copa pode começar com até três seleções que já venceram o torneio formando um mesmo grupo. Tudo graças à colocação surpreendente de algumas seleções no ranking – e à disposição da Fifa de não mexer no jogo só para proteger os times tradicionais.
Graças ao peso reforçado dos jogos das Eliminatórias na composição do ranking, três intrusos ganharam um lugar no pelotão de elite do sorteio: Suíça, Bélgica e Colômbia, equipes com ótimas campanhas na qualificação para o Mundial, estão lado a lado com Brasil, Argentina, Alemanha, Uruguai e Espanha. Se dependesse do ranking, aliás, o Brasil não estaria no primeiro pote de bolinhas do sorteio, já que na lista de outubro (mês usado como referência para a distribuição dos 32 times) aparecia apenas em 11o lugar. Muitos achavam que a Fifa arrumaria uma forma de remanejar os potes, citando, por exemplo, o retrospecto histórico nas Copas. Antes mesmo do fim das Eliminatórias, contudo, a entidade avisou que o ranking era mesmo para valer, e que, portanto, equipes como Itália, quatro vezes campeã, Holanda, atual vice-campeã, e Inglaterra, vencedora em 1966, fossem empurradas para outro pote, o das seleções da Europa. Elas entram no sorteio com o mesmo peso que a estreante Bósnia-Herzegovina. Pior ainda é a situação da França. Como há nove seleções europeias fora dos cabeças-de-chave e só oito lugares no pote do continente, a campeã da 1998 sobrou – e provavelmente completará o pote dos africanos e sul-americanos. Muitos acham que a Fifa não resistirá à tentação de dar uma forcinha aos franceses, que subiram no ranking de novembro e agora aparecem na frente de Bósnia e Rússia. Seria uma injustiça, pois bósnios e russos já estavam de férias, classificados de forma antecipada.




Os últimos detalhes sobre as regras para o sorteio só serão revelados pela Fifa na terça, depois de uma reunião a portas fechadas na Costa do Sauípe. A não ser que os cartolas decidam por uma inesperada mudança de critérios, os quatro potes com as 32 bolinhas que decidirão a formação dos grupos devem preservar a já tradicional distribuição geográfica. Nenhum grupo poderá ter mais de um sul-americano nem mais de dois europeus – o que aumenta a chance de a França, o maior algoz da seleção brasileira nas Copas, aparecer no grupo A, o dos donos da casa. O Brasil, aliás, pode cair tanto numa chave relativamente fraca como num dos temidos “grupos da morte”. Além de uma seleção europeia, ele enfrentará um representante da Ásia ou da Concacaf e um africano ou a França. Um cenário positivo: Brasil, Irã, Argélia e Grécia. Mais um: Brasil, Honduras, Camarões e Bósnia. Se der tudo errado, porém, a seleção de Luiz Felipe Scolari poderá ter de encarar uma chave com Itália, França e México. Ou Holanda, França e Estados Unidos. Além dos holandeses, responsáveis pela eliminação do Brasil na última Copa, a seleção pode reencontrar dois integrantes do grupo brasileiro na África do Sul: Portugal e Costa do Marfim. Além da formação do grupo A, é bom o Brasil ficar de olho também na montagem do B. Nas oitavas, é dessa chave que sai o adversário do Brasil, seja ele o primeiro ou o segundo classificado do seu grupo. Avançar em segundo, aliás, é uma possibilidade real num “grupo da morte”.
A definição das chaves é aguardada com ansiedade por todas as 32 seleções não apenas por causa da revelação dos primeiros oponentes no torneio, mas também pelo caminho a ser percorrido em território brasileiro. Significa descobrir se a aventura de um time na Copa o levará ao calor de Manaus, Cuiabá e Fortaleza ou a Porto Alegre ou Curitiba em pleno inverno. A equipe que cair na posição E4, por exemplo, viajará do Paraná ao Amazonas antes de sua última partida da fase de grupos. Por outro lado, o cabeça-de-chave H1 terá um percurso bastante confortável nessa primeira etapa: Belo Horizonte-Rio de Janeiro-São Paulo. É momento de torcida, ainda, para os brasileiros e estrangeiros que decidiram comprar ingressos no escuro, sem saber quais times estarão nos jogos da primeira fase (uma nova fase de venda de bilhetes começa depois da definição das chaves). Quem mirou nas partidas com cabeças-de-chave, que aparecem na posição 1 dos grupos, pode acabar vendo jogos como Bélgica x Gana, Colômbia x Coreia do Sul ou Suíça x Austrália. Por outro lado, quem se arriscou em partidas menos concorridas – como B3 x B4 em Cuiabá, G4 x G2 em Manaus ou C4 x C2 em Natal, pode muito bem acabar vendo um duelo como Itália x França. Seleções como a Inglaterra de Rooney, a Holanda de Robben e Portugal de Cristiano Ronaldo podem aparecer no caminho da Argentina de Messi, da Espanha de Xavi e da Alemanha de Ozil logo na primeira rodada. A sorte está lançada.











































