Seleção faz operação especial contra histórico ruim na altitude da Bolívia
Preparador físico chegou a falar em 'doping ambiental', e comissão providenciou balões de oxigênio para o jogo; veja números do duelo
Para finalizar a agenda de compromissos do mês de março, a seleção brasileira enfrenta a Bolívia, nesta terça-feira, 29, às 20h30 (de Brasília), no Estádio Hernando Siles, em La Paz. A 3.600 metros acima do nível do mar, a cidade resgata um dos algozes históricos da pentacampeã mundial: a altitude boliviana. Na condição que diminui a pressão parcial de oxigênio no ar e resulta em maior cansaço, outros sintomas físicos e alterações na forma em que a bola viaja, o Brasil ganhou apenas duas vezes e não sai vitorioso desde 1997.
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Em boa fase, o time de Tite não perde desde julho, quando foi derrotado pela Argentina, na final da Copa América. Porém, já classificado para a Copa do Mundo de 2022, o Brasil chega à partida contra a Bolívia com desfalques, escalação mista e a milhares de metros acima do nível do mar, aumentando o risco à invencibilidade.
Ao todo, na altitude boliviana – contando as cidades de La Paz e Cochabamba -, o Brasil enfrentou nove vezes a dona da casa e só saiu vencedor em duas ocasiões, empatando duas e perdendo outras cinco. Contra outros adversários, na Copa América de 1967, a seleção levou a melhor duas vezes e a pior outras duas, além de um jogo em 2 a 2. Partidas em Santa Cruz de La Sierra, cidade a 400 metros do nível do mar (mais baixo do que a própria cidade de São Paulo) não foram levadas em conta, tendo em vista que não existem impactos fisiológicos.
Para o compromisso desta terça-feira, a CBF montou uma operação especial. Hospedada em Santa Cruz de La Sierra, a delegação chegará a La Paz, local do jogo, três horas antes do apito inicial. Vale ressaltar que os efeitos do ar rarefeito começam a aparecer no corpo após um tempo variável entre organismos. Além disso, a entidade alugará de 16 a 18 balões de oxigênio para atender os atletas, em caso de necessidade.
Fábio Mahseredjian, preparador físico da seleção brasileira, responsável por coordenar o lado fisiológico dos atletas nesta partida na altitude, falou ao ‘ge’ em tom de condenação: “Quem está acostumado não sente. Eles (Bolívia) usam isso como arma. Eu relato isso como doping ambiental, porque eles têm vantagem nisso, claramente têm vantagem”. O profissional ainda disse que o problema não está no sprint, mas logo após essa ação mais intensa, na hora de retornar defensivamente.
Confirmando uma integração entre áreas da comissão técnica, Fábio confirmou que o Brasil deve, sim, adaptar o plano de jogo para a altitude. “Temos que tomar cuidado, sim, nós passamos isso ao Tite. Ele mesmo estabelece estratégias. Porque quanto mais tiver jogo de transição, mais vamos ficar com dificuldades no final”.
Em coletiva na véspera da partida, o próprio Tite confirmou: “Não vai ser um time tão vertical como temos sido nos últimos jogos porque não permite, é desumano, não há essa condição”. Em resposta, o ex-jogador boliviano Marco Etcheverry atacou o brasileiro. “Tomara que façam quatro gols, pelas desculpas que estão colocando. Não quero dizer outras palavras porque pensarão que são discriminatórias, mas me parece que Tite é um covarde”.