Se houver cancelamentos, quem serão os campeões das ligas europeias?
Uefa, ligas e clubes querem encerrar campeonatos, mas, caso não seja possível, questões como título e rebaixamentos geram impasse
Os campeonatos nacionais da Europa podem terminar sem campeões em 2020? Resposta para essa dúvida deve ser dada pela Uefa, que prometeu se posicionar oficialmente na quinta-feira 23, sobre as novas diretrizes relacionadas à suspensão dos campeonatos em razão da pandemia de coronavírus. Em seu último comunicado, a entidade que rege o futebol europeu reiterou seu desejo de finalizar todos os torneios nacionais – provavelmente com portões fechados –, mas abriu margem para cancelamentos em “casos especiais”. A Bélgica é o único país a já ter anunciado o fim de sua liga, decretando o Club Brugge, então líder, como campeão. Não se sabe, porém, se o mesmo critério seria adotado em todos os vizinhos (confira abaixo, quais clubes lideravam cada campeonato antes da paralisação).
O desejo da Uefa de realizar os jogos restantes é compartilhado por todos os clubes, sobretudo por razões econômicas: em meio a uma crise financeira inevitável, ninguém quer ficar sem os valores de direitos de transmissão. A expectativa mais otimista é que os treinos possam ser retomados em maio e os jogos em junho. Mas o objetivo geral esbarra em recomendações das autoridades sanitárias.
Conforme PLACAR adiantou com exclusividade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou à Uefa uma medida drástica: que as competições internacionais fiquem suspensas até o final de 2021. A informação foi negada pela entidade a jornais ingleses. Na última terça-feira 21, o primeiro ministro da Holanda, Mark Rutte, anunciou a extensão da proibição de grandes eventos no país até o dia 1º de setembro, o que fez com que a Eredivisie, liga responsável pela primeira divisão, comunicasse que pedirá o fim do torneio. O Ajax é o líder, com os mesmos 56 pontos do AZ Alkmaar, mas com vantagem nos critérios de desempate.
O presidente da Uefa, Alexender Ceferin, deu a entender que, em caso de cancelamento, o mais sensato seria dar o título à equipe que liderava sua liga, ao tranquilizar publicamente os torcedores do Liverpool, que aguardam há 30 anos por um título da Premier League. Com 25 pontos de vantagem sobre o Manchester City faltando nove rodadas, o time estava muito próximo da taça. “Não vejo como o Liverpool poderia ficar sem o título”, disse Ceferin ao EkipaSN , um jornal da Eslovênia, sua terra natal. “Se não pudesse ser jogado, ainda seria necessário anunciar os resultados de alguma forma, e então os campeões deveriam ser determinados”, completou.
Em outros países em que as diferenças entre líder e vice-líder são mínimas, o debate é mais acalorado. “Na Itália, uns defendem que o scudetto fique com a líder Juventus, outros dizem que não é justo com a Lazio, que está só um ponto atrás… É uma grande confusão, e para evitar decisões de tribunal, recursos, etc, creio que todos tentarão até o último instante recomeçar o campeonato”, afirma o jornalista local Mimmo Ferretti.
O mesmo ocorre em Portugal, onde o Porto lidera com 60 pontos, um a mais que o rival Benfica. “Aqui não se discute o cancelamento da Liga ainda. Vão levar isso até o último segundo possível”, afirma Bruno Andrade, jornalista brasileiro do jornal português A Bola. Pedro Proença, presidente da liga portuguesa, afirmou recentemente que “é fundamental que a liga portuguesa termine até 30 de junho” e que, a princípio, trabalha com dois cenários: jogos com portões fechados ou torneio para decidir o que está em jogo. Nos bastidores, o Porto tenta assegurar que seria campeão em caso de cancelamento, enquanto o Benfica usa outra cartada para tentar levar o troféu: considerar apenas o primeiro turno, do qual foi vencedor.
Na Espanha, o Barcelona também pressiona internamente para levar a taça caso não haja datas disponíveis e tem a seu favor o fato de ser o líder e campeão do primeiro turno. Há, no entanto, outros pontos importantes a serem acertados além dos eventuais campeões: a definição de vagas em competições europeias (a Uefa já havia ameaçado excluir equipes dos países cujos campeonatos não terminassem), além de rebaixamentos e acessos. Boa parte destas dúvidas devem ser respondidas nesta quinta-feira.
Veja como está a situação das grandes ligas europeias:
Inglaterra: o Liverpool lidera com 82 pontos, 25 a mais que o vice-líder Manchester City, restando nove rodadas (dez, no caso do City). Bournemouth, Aston Villa e Norwich ocupam a zona de rebaixamento.
Espanha: o Barcelona lidera com 58 pontos, dois a mais que o vice-líder Real Madrid, restando 11 rodadas. Mallorca, Leganés e Espanyol ocupam a zona de rebaixamento.
Itália: a Juventus lidera com 63 pontos, um a mais que a vice-líder Lazio, restando 12 rodadas. Lecce, Spal e Brescia ocupam a zona de rebaixamento.
Alemanha: o Bayern de Munique lidera com 55 pontos, quatro a mais que o vice-líder Borussia Dortmund, restando nove rodadas. Fortuna Düsseldorf, Werder Bremem e Padeborn ocupam a zona de rebaixamento
França: o PSG lidera com 68 pontos, 12 a mais que o vice-líder Olympique de Marselha, restando 11 rodadas (12, no caso do PSG). Nîmes, Amiens e Tolouse ocupam a zona de rebaixamento
Portugal: o Porto lidera com 60 pontos, um a mais que o vice-líder Benfica, restando 10 rodadas. Portimonense e Desportivo Aves ocupam a zona de rebaixamento.