Rooney e outros craques que retornaram ao time do coração
Assim como reforço do Everton, grandes jogadores já optaram pela volta à casa depois de construírem uma carreira vitoriosa
Wayne Rooney se uniu nesta semana ao time de craques fiéis às suas origens. Depois de 13 anos no Manchester United, – nos quais conquistou todos os títulos possíveis e se tornou o maior artilheiro da história do clube (253 gols) – , o atacante inglês de 31 anos retornou ao Everton, clube da cidade de Liverpool pelo qual iniciou sua carreira, ainda menor de idade. Rooney certamente teria outras opções mais rentáveis, como clubes chineses ou americanos, mas preferiu voltar ao time do coração. “Usei pijamas do Everton nos últimos 13 anos”, revelou. Assim como ele, outros atletas que brilharam por grandes clubes da Europa decidiram voltar para casa nos últimos anos de carreira. Relembre:
Dirk Kuyt (Feyenoord)
Em 2017, o atacante holandês Dirk Kuyt teve a aposentadoria dos sonhos. Depois de anos brilhando pelo Liverpool e pelo Fenerbahce, além da seleção holandesa, o atacante decidiu encerrar a carreira no Feyenoord, clube que o projetou. E o fez da maneira mais gloriosa possível: marcando três gols na partida que deu ao time o título nacional, encerrando um jejum de 18 anos sem troféus. A histórica conquista foi celebrada por milhares de torcedores nas ruas de Roterdã, o que fez Kuyt antecipar seu adeus, aos 36 anos. “Sinto que esse é momento certo para me retirar. (…) Todos os meus sonhos se realizaram.”
Carlos Tevez (Boca Juniors)
Um dos casos recentes de amor à camisa que mais chamaram a atenção foi o do argentino Carlitos Tevez. Logo após uma das melhores temporadas de sua carreira, na qual foi campeão italiano e levou a Juventus à final da Liga dos Campeões, o atacante decidiu retornar ao Boca Juniors, seu grande amor, aos 31 anos. “Dinheiro não traz felicidade. Eu me levantava e ia dormir pensando em que dia voltaria ao Boca. O povo do Boca se identifica comigo, e eu, com o povo do Boca”, disse, em seu retorno após 11 anos, com a Bombonera lotada. Tevez voltou a ser campeão, mas foi contestado por parte da torcida e da imprensa. Desmotivado, deixou o clube em 2017 para ganhar uma fortuna na China.
Alex (Coritiba)
O meia canhoto de rara categoria foi formado no clube paranaense, mas deixou o Couto Pereira aos 20 anos para ganhar o mundo. Primeiro, brilhou em outros Estados, por Palmeiras e Cruzeiro. Depois, se tornou um mito na Turquia, em oito anos no Fenerbahce. Em 2012, Alex decidiu retornar a onde tudo começou. Aos 35 anos, voltou a vestir a 10 do Coritiba e pôde celebrar a conquista do Campeonato Paranaense do ano seguinte. No fim de 2014, pendurou as chuteiras sem arrependimentos: “Estou muito satisfeito por tudo que fiz e só tenho a agradecer ao futebol e a todos os clubes pelos quais passei, mesmo aqueles em que não tive tanto sucesso. A bola me deu todas as oportunidades. Eu saí da maneira como imaginava: jogando pelo meu clube, com uma bela festa da torcida, que está de parabéns.” Entre 1995 (ano de sua estreia pelo Coritiba) e 2014, Alex disputou 1034 jogos, fez 422 gols (média altíssima para um meio-campista) e deu 356 assistências.
Juan Sebástian Verón (Estudiantes)
Outro caso bastante recordado de amor à camisa é o de Juan Sebastián Verón. Depois de passar dez anos na Europa, por clubes como Parma, Lazio, Inter de Milão, Manchester United e Chelsea, ele decidiu retornar ao clube de seu coração, o Estudiantes, em 2006. Em 2009, foi o líder do clube de La Plata em um grande feito: assim como seu pai “La Bruja” (A Bruxa, em espanhol) Juan Ramón Verón, “La Brujita” conquistou o título da Libertadores pelo Estudiantes, com vitória sobre o Cruzeiro no Mineirão. O meio-campista se aposentou pela primeira vez em 2014. Passou a ser presidente do clube e, neste ano, voltou a atuar pelo Estudiantes por alguns minutos, aos 42 anos, na Libertadores.
Diego Milito (Racing)
Também vem da Argentina outro caso raro de identificação com uma camisa. Em 2001, Diego Milito era um jovem promissor quando foi campeão argentino pelo Racing. Ele se tornaria mundialmente conhecido na Itália, especialmente no mágico ano de 2010, quando venceu a Liga dos Campeões pela Inter de Milão com dois gols na final contra o Bayern de Munique. Já veterano, Milito recusou propostas milionárias para retornar ao clube do coração por um salário praticamente simbólico. O “Príncipe”, como é chamado pela fanática torcida, entrou de vez para a história do Racing ao conquistar o título argentino de 2014, o primeiro desde aquele de 13 anos antes, com Milito como coadjuvante. “Quando decidi voltar não imaginava que o sonho seria tão perfeito. Ver nossa gente chorar e agradecer é algo incrível”, disse, na ocasião. Ele se aposentou em 2016 pelo clube do bairro de Avellaneda.
Juninho Pernambucano (Vasco)
O meia especialista em cobranças de falta iniciou a carreira no Sport, em sua cidade natal, Recife. A partir de 1995, porém, Juninho se consagrou com a camisa do Vasco, pelo qual conquistou dois Brasileiros, uma Libertadores e uma Mercosul, entre outros títulos. Depois, se tornou rei na França, jogando de 2001 a 2009 no Lyon. Após passar pelo Catar, ele decidiu retornar ao Vasco em 2011. Detalhe: cobrando um salário mínimo, de menos de 545 reais na época (receberia bônus em caso de conquistas ou boas campanhas, o que aconteceu, com o vice-campeonato brasileiro naquele ano. Juninho ainda passaria pelo New York Red Bulls, antes de retornar ao Vasco em 2013 para encerrar sua carreira.
Andriy Shevchenko (Dínamo de Kiev)
Maior símbolo da história do futebol ucraniano, o artilheiro Shevchenko também encerrou a carreira onde tudo começou. Antes de se tornar uma estrela mundial no Milan, ele conquistou o pentacampeonato nacional com o Dínamo de Kiev e chamou a atenção do gigante italiano depois de uma épica campanha na Liga dos Campeões de 1999 (só parou nas semifinais, diante do Bayern de Munique). Em 2009, aos 33 anos, insatisfeitos com as poucas chances no Chelsea, “Sheva” decidiu retornar ao clube de Kiev. Sofrendo com lesões, não conseguiu brilhar como na primeira passagem, mas brindou a torcida com alguns gols antes de pendurar as chuteiras em 2012.
Júnior (Flamengo)
Júnior vestiu a camisa rubro-negra entre 1974 e 1984 e foi um dos principais jogadores da equipe campeã brasileira, sul-americana e mundial na década de 80. Consagrado no Flamengo e na seleção brasileira, se destacou também no futebol italiano, no Pescara e no Torino, entre 1984 e 1989. A pedido do filho, que sonhava em vê-lo com a camisa rubro-negra, o “Maestro” decidiu retornar ao Flamengo em 1989, aos 35 anos. Já atuando como meia e não mais na lateral, Júnior participiu da conquista da Copa do Brasil do ano seguinte e, em 1992, foi o grande herói da conquista do Brasileirão, aos 38 anos.
Diego Maradona (Boca Juniors)
Diego Armando Maradona é um torcedor fanático do Boca Juniors e nunca escondeu. Ele iniciou sua carreira pelo Argentinos Juniors e teve uma curta passagem pelo Boca entre 1981 e 1982, antes de se tornar um dos maiores de todos os tempos na Europa. Ídolo máximo do Napoli e da seleção argentina, Maradona caiu em desgraça na década de 90 por problemas com o doping. Mas antes de encerrar a carreira, já acima do peso, decidiu retornar à Bombonera. Entre 1995 e 1997, atuou pelo Boca (conviveu com lesões e não conseguiu conquistar títulos) até ceder sua camisa 10 a um meia que faria história no clube: Juan Román Riquelme.
Diego Forlán (Peñarol)
O histórico craque uruguaio demorou mais de 35 anos para realizar seu sonho: atuar profissionalmente pelo Peñarol, seu clube do coração, pelo qual seu pai, Pablo, fez história antes de ir para o São Paulo. Diego atuou nas categorias de base do tradicional clube de Montevidéu, mas foi ainda jovem atuar pelo Independiente, da Argentina. Passou depois por Manchester United, Villarreal, Atlético de Madri, Inter de Milão, Inter de Porto Alegre e Cerezo Osaka antes de, enfim, vestir a camisa do amado Peñarol, em 2015. No ano seguinte, Forlán conseguiu dois grandes feitos: marcou o primeiro gol da história do estádio Campeón del Siglo e foi campeão uruguaio, antes de deixar o clube aos 37 anos.
Raí (São Paulo)
Ídolo do esquadrão do São Paulo no início da década de 90 , Raí se transferiu ao Paris Saint-Germain, em 1993, logo após conquistar o bicampeonato da Libertadores. Passou cinco anos na França, deixando saudades na torcida do Morumbi. Em 1998, o camisa 10 surpreendeu ao deixar o clube francês e retornar ao São Paulo às vésperas do segundo jogo da decisão do Campeonato Paulista diante do Corinthians, que havia vencido o jogo de ida. O técnico Nelsinho Baptista não teve dúvidas e sacou o atacante Dodô para colocar o ídolo Raí, que respondeu da melhor maneira possível: marcou um gol de cabeça na vitória por 3 a 1 que deu o título ao time tricolor. No São Paulo, Raí ainda conquistaria o Paulistão de 2000 antes de se aposentar.
Valdívia (Colo Colo)
O chileno Jorge Valdivia, ídolo do Palmeiras, iniciou a carreira no Colo Colo, mas rodou o mundo (passou por Espanha, Suíça, Brasil, Emirados Árabes) até retornar, em 2017, ao clube de seu coração, aos 33 anos. “Era um sonho da minha família. Estamos todos muito contentes e esperamos que esta felicidade dure muito tempo e que eu possa corresponder à confiança das pessoas”, disse o “Mago” em sua chegada.