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‘Romano e romanista’: a carta de Totti no adeus aos torcedores

Capitão se emocionou em seu discurso de despedida no Estádio Olímpico: “Sou orgulhoso e feliz por ter dado a vocês 28 anos de amor.”

A emotiva despedida do ídolo Francesco Totti da Roma neste domingo terminou com a leitura de uma carta que derramou lágrimas nas arquibancadas do Estádio Olímpico. Aos 40 anos, o capitano se despediu do único clube que defendeu e disse ser um privilégio “ter nascido romano e romanista.” Tentando conter o choro e cercado dos filhos, Totti falou sobre os 28 anos de serviços prestados à Roma – até como gandula, na adolescência – e admitiu estar sentindo “paúra” com a nova realidade. “Estou com medo. Não é o medo que você sente quando está na frente do gol, prestes a bater um pênalti. Desta vez, eu não posso ver como o futuro se parece além dos buracos da rede. Permitam-me ter um pouco medo. Neste momento, sou eu que preciso de vocês e de todo o calor que sempre me ofereceram.”

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Confira, abaixo, o discurso de Totti (a partir dos 30min de vídeo) e a tradução de sua carta:

“Obrigado, Roma.

Obrigado a minha mãe e a meu pai, a meu irmão, a meus parentes e a meus amigos.

Obrigado a minha mulher e aos meus três filhos.

Eu queria começar do final – do adeus – porque eu não sei se serei capaz de ler estas linhas.

É impossível resumir 28 anos em poucas sentenças.

Eu gostaria de fazer isso com uma música ou um poema, mas não consigo escrever nenhum.

Ao longo dos anos, eu tentei me expressar através de meus pés, que tornaram tudo mais simples para mim desde que eu era uma criança.

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Falando em infância, vocês podem adivinhar qual era o meu brinquedo favorito? Uma bola, claro! E continua sendo hoje em dia.

Em certo ponto da vida, você cresce – é o que me disseram e o que o tempo decidiu.

Maldito tempo.

Voltando a 17 de junho de 2001, tudo o que queríamos era o tempo passando um pouco mais rápido.

Não podíamos esperar para ouvir o apito final.

Eu continuo me arrepiando agora quando penso de volta nisso.

Hoje, o tempo chegou para me tocar no ombro e dizer:

‘Nós temos que crescer. Amanhã, você será um adulto. Tire esse calção e essas chuteiras, porque a partir de hoje você se torna um homem. Você não poderá mais aproveitar o cheiro da grama, o sol em sua face enquanto parte para cima do adversário, a adrenalina consumindo você, a alegria de comemorar um gol’.

Durante os últimos meses, eu me perguntei o porquê de estar sendo acordado deste sonho.

Imagine que você é uma criança tendo um sonho bom… e sua mãe te acorda para ir à escola.

Você quer continuar sonhando… você tenta retornar ao sonho, mas nunca poderá.

Esse é o momento, não é um sonho, mas a realidade.

E eu não posso mais retornar.

Eu quero dedicar esta carta a todos vocês – a todas as crianças que me apoiaram.

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Às crianças de ontem, que cresceram e se tornaram pais, e às crianças de hoje, que talvez gritem ‘Tottigol’.

Eu gostaria de pensar que, para vocês, minha carreira é um conto de fadas.

Isso realmente acabou agora.

Vou tirar essa camisa pela última vez.

Vou dobrá-la, apesar de não estar pronto para dizer ‘basta’ e talvez eu nunca esteja.

Perdoem-me por não dar entrevistas e esclarecer meus pensamentos, mas não é fácil apagar a luz.

Eu estou com medo. Não é o medo que você sente quando está na frente do gol, prestes a bater um pênalti.

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Desta vez, eu não posso ver como o futuro se parece além dos buracos da rede.

Permitam-me ter um pouco de medo.

Neste momento, sou eu que preciso de vocês e todo o calor que sempre me ofereceram.

Com o afeto de vocês, eu conseguirei virar a página e me jogar em uma nova aventura.

Agora, é hora de agradecer a todos os companheiros, diretores, presidentes e a todo mundo que trabalhou comigo nestes anos.

Aos torcedores e à Curva Sud, uma luz que guia todos os romanos e romanistas.

Ter nascido romano e romanista é um privilégio.

Ser capitão deste time é uma honra.

Vocês estão – e sempre estarão – na minha vida. Eu não irei mais entretê-los com meus pés, mas meu coração sempre estará com vocês.

Agora, eu descerei as escadas e entrarei nos vestiários que me acolheram quando criança e que agora deixo como um homem.

Sou orgulhoso e feliz por ter dado a vocês 28 anos de amor.

Eu amo vocês.”

 

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