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Richarlyson declara ser bissexual em entrevista sobre machismo e homofobia

Ex-jogador e hoje comentarista dos canais Globo afirmou que já se relacionou com homens e mulheres e que gostaria que isso fosse visto com naturalidade

O ex-jogador Richarlyson declarou ser bissexual em entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, série jornalística da Globo sobre machismo e homofobia no futebol. No primeiro episódio, o hoje comentarista dos canais da emissora falou abertamente sobre sua sexualidade pela primeira vez e disse não acreditar que isso vá contribuir no combate à discriminação contra pessoas LGBTQIA+.

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“A vida inteira me perguntaram se sou gay. Eu já me relacionei com homem e já me relacionei com mulher também. Só que aí eu falo hoje aqui e daqui a pouco estará estampada a notícia: ‘Richarlyson é bissexual’. E o meme já vem pronto. Dirão: ‘Nossa, mas jura? Eu nem imaginava’. Cara, eu sou normal, eu tenho vontades e desejos. Já namorei homem, já namorei mulher, mas e aí? Vai fazer o quê? Nada. Vai pintar uma manchete que o Richarlyson falou em um podcast que é bissexual. Legal. E aí vai chover de reportagens, e o mais importante, que é pauta, não vai mudar, que é a questão da homofobia. Infelizmente, o mundo não está preparado para ter essa discussão e lidar com naturalidade com isso”, disse ele.

Richarlyson se tornou o primeiro jogador com passagem pela Série A do Campeonato Brasileiro e pela seleção brasileira a declarar que não é heterossexual. Aos 39 anos, o ex-volante se aposentou no ano passado após uma carreira vitoriosa – com destaque para as passagens pelo São Paulo, entre 2005 e 2010, onde foi tricampeão brasileiro e campeão mundial, e pelo Atlético Mineiro, entre 2011 e 2014, em que conquistou a Libertadores.

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Pelo São Paulo, Richarlyson foi tricampeão brasileiro e campeão mundial -
Pelo São Paulo, Richarlyson foi tricampeão brasileiro e campeão mundial –

“Pelo tanto de pessoas que falam que é importante meu posicionamento, hoje eu resolvi falar: sou bissexual. Se era isso que faltava, ok. Pronto. Agora eu quero ver se realmente vai melhorar, porque é esse o meu questionamento”, disse o ex-atleta.

“Você me entende por que eu acho que é desnecessário às vezes você se rotular? Tem uma questão mais importante, tem gente morrendo, o Brasil é o país que mais mata homossexuais. E a gente está aqui falando de futebol, ok, mas o futebol é um negocinho pequeno. ‘Ah, mas sua fala pode ajudar’. Não, não vai ajudar. Quem é Richarlyson, pelo amor de Deus? Sou um mero cidadão comum, que teve uma história bacana no futebol, mas eu não vou poder mover montanhas para que acabem esses crimes, para que acabe a homofobia no futebol”, continuou.

Richarlyson disse ainda que percebia um peso diferente nas críticas quando ele jogava mal ou cometia um erro. O jogador afirmou que sempre conviveu com preconceito na carreira. Em 2007, por exemplo, ano em que foi eleito o melhor volante do Campeonato Brasileiro, ele chegou a ver até mesmo parte da torcida do São Paulo não cantar seu nome antes dos jogos.

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“Todo dia eu tinha que mostrar algo diferente, e isso sempre falei. Um erro meu era peso cinco. Me atacavam mesmo, parecia uma matilha de lobos. E eu sabia, nunca fui craque, nunca fui tecnicamente incrível, mas era inteligente de saber o que eu poderia fazer para sempre estar à frente dos demais. Eu voltava uma semana antes das férias, porque eu corria na ladeira por uma vaga no time, enquanto os outros estavam no plano. Eu chegava voando na pré-temporada”.

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